A SRA. ANDREA GOUVÊA VIEIRA – Bem, meu colega Eliomar Coelho resumiu, de forma bastante contundente, o que eu me dispus também a falar nesse momento sobre o Projeto. Realmente, eu acho que é um Projeto que não merece progredir e não merece ser aprovado por essa Casa. Eu quero acrescentar dando um exemplo na prática do que é que o Projeto ao ser aprovado impediria. A Prefeitura do Rio distribui e esse aqui não é um panfleto fascista, pelo contrario, a Prefeitura do Rio distribui nas escolas, coloca nas escolas esse aviso do Programa Rio Sem Preconceito. É expressamente proibida a pratica de discriminação, constrangimentos ou atendimento diferenciado motivado pela orientação sexual ou identidade de gênero, conforme Lei Municipal Nº 2474/96.
Esse Projeto aprovado, nem isso aqui poderia estar colocado na parede de uma escola municipal. E, além do mais, o que isso significa, mesmo que isso estivesse lá na parede, também não poderia ser entendido e explicado para os alunos dessa escola, porque não se poderia estar falando sobre orientação sexual ou identidade de gênero.
Então, meu caro colega Bolsonaro, a quem eu respeito muito e acho que é uma pessoa firme e muito corajosa. Ele sempre defende suas posições com muita veemência. Eu acho que nesse caso, realmente, isso vai ser um retrocesso. A sociedade está lutando pra gente acabar com o ódio, com o ódio entre as pessoas, para que as pessoas sejam aceitas como elas são, para que as pessoas aprendam a conviver com as diferenças. Ninguém está dizendo, ninguém quer esse movimento pela diversidade sexual, pelo entendimento de que as pessoas têm o direito de escolher a sua orientação sexual. Da mesma maneira que os movimentos que nós fizemos para impedir que os negros fossem discriminados.
Você imagina se hoje a gente tivesse aqui alguém com coragem de chegar e dizer que um negro não podia estudar em escola de branco. Antigamente havia isso, séculos passados. Isso já foi superado. Quer dizer, nós estamos vivendo hoje um momento na sociedade, não só brasileira, mas no mundo todo, é uma virada de posição, é mais uma conquista das garantias das individualidades. E se nós não começarmos a ensinar isso, e não é ensinar para querer levar a criança a ser, a optar por uma ou outra orientação sexual. Não é isso. É obvio que isso não se permitirá fazer dentro de uma escola. É obvio que para isso nas escolas existem os psicólogos, as pedagogas, as educadoras que sabem como lidar com esses assuntos e esses temas, e o que primordialmente se quer evitar é a questão do bullying quando se trata de escola publica, porque as crianças que são diferentes, e assim são percebidas pelas outras crianças, normalmente a maioria, são alvo do bullying, são perseguidas, são maltratadas.
Temos casos de crianças que tentam se matar, que não querem mais ir à escola, que ficam deprimidas, que crescem com um sentimento de rejeição horrível. Nós criamos adultos muito ruins quando a gente não consegue, na infância e na adolescência, introduzir essa questão, que é o direito a sermos diferentes. É disso que estamos tratando, é do direito de cada um de ser diferente, e optar pela maneira como ele quer ser.
Então, a minha opinião é essa, e eu peço ao meu colega Bolsonaro que abra mão desse projeto.
Um comentário:
Andrea Cassa disse...
Nilo, adorei seu blog.
Porém, o Vereador Eliomar, de quem me orgulho de ter votado nas últimas eleições municipais, na verdade fez um discurso contra o homofóbico PL 1082 e não "favoravelmente ao PL" como vc colocou no título da matéria. Acho que seria legal vc reescrever o título. Alguém pode entender que o Eliomar é favorável ao PL.
Aliás, a vereadora Andréa tb discursou contrária (que bom) contra a matéria em questão.
abraços,
Andréa Cassa
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