Quase nada sobrou de pé em Porto Príncipe. Nesta foto, tirada na segunda-feira (18), as pessoas nos escombros de um mercado
Faz exatamente uma semana que Porto Príncipe foi atingida pelo terremoto de 7 graus na escala Richter, mas a impressão é que, em vários pontos da capital do Haiti, faz uma hora. Acompanhamos um comboio de militares brasileiros da missão de paz das Nações Unidas (Minustah) na manhã desta terça-feira (19) e ainda há um grande rastro de destruição pela cidade. O ponto de partida foi o aeroporto Toussaint Louverture, e dali é possível ter uma ideia do desespero dos haitianos. Na saída do terminal, centenas de pessoas tentam encontrar uma forma de entrar e pegar carona em algum voo para fora do país. A fila de carros com gente na mesma situação chega a quase 1 quilômetro.
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O bairro de Bel Air foi praticamente devastado. Não há construção que tenha escapado incólume. Algumas estão visivelmente inclinadas, a um passo de ruir. Dá para perceber que muitas casas e estabelecimentos comerciais destruídos estão intocados – um homem escavava com as mãos o resto de uma casa, talvez na esperança de encontrar alguém soterrado ou mesmo recuperar um objeto de valor. Há pessoas que, na presença do comboio, fazem sinal de querer água, mostrando que o sistema de distribuição de mantimentos para os desabrigados está longe do ideal, mesmo a poucas quadras do centro. Há tanto entulho e pedras no meio da rua que o trânsito de carros se torna uma aventura. O ônibus em que estávamos foi obrigado a parar em um certo trecho da Boulevard J. J. Dessalines, uma das principais avenidas de Bel Air, porque parte da fiação elétrica enroscou no veículo. Do lado, no meio da rua, havia uma placa com os dizeres “No parking” (Não estacione). Dizer que é possível já falar em reconstrução diante da situação de Bel Air parece prematuro demais. Dessalines, o nome da avenida, foi o maior herói da independência haitiana. Hoje, a rua que o homenageia é a imagem da dependência do Haiti de ajuda, não importa de quem.
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