Preocupações globais (Jairo Bouer)

Folha de S.Paulo

11/01/2010

Voltando de uma viagem pela Espanha e pelo Reino Unido, foi interessante perceber que muitas das questões de comportamento jovem que hoje preocupam as autoridades por lá são bem parecidas com as que a gente enfrenta aqui no Brasil.

A taxa de gravidez na adolescência em elevação, por exemplo, é vista como um grande problema em Londres. Segundo especialistas, nas regiões mais pobres da capital a taxa de gestação é de quase uma em cada 60 garotas, considerada uma das mais altas da Europa.

No Brasil, essa também é uma fonte de preocupação. Só que, aqui, o índice é cerca de dez vezes maior (uma em cada seis garotas, em média, engravida antes dos 18).

A proibição ao cigarro em locais fechados era pauta de discussão nos primeiros dias do ano na Espanha. A ministra da Saúde quer aprovar no Congresso a lei que proíbe cigarro em ambientes fechados em todo o país.

É curioso notar que, diferentemente do Brasil (onde a taxa de fumantes caiu quase 50% nos últimos 20 anos), na Espanha houve um aumento do número de fumantes entre 2006 e 2009.

Hoje, 37% dos homens e 26% das mulheres consomem cigarros no país. As leis espanholas, que já foram consideradas de vanguarda no combate ao cigarro, hoje ficaram para trás das de outros países da Europa.

Voltando a Londres, o consumo de álcool também estava sendo discutido nessas últimas semanas. Lá, segundo dados do NHS (Serviço Nacional de Saúde), em 2009, 73% dos homens e 57% das mulheres beberam pelo menos uma vez por semana. Entre os jovens de 11 a 15 anos, 20% beberam na semana anterior à pesquisa.

Esses dados são bem parecidos com os números encontrados no Brasil, que apontam um contato mais precoce com o álcool e também uma quantidade maior de jovens que bebem com frequência. Se, por lá, o beber-e-não-dirigir foi incorporado por boa parte das pessoas (o que ainda não acontece por aqui), as consequências do beber de maneira mais pesada (como acidentes, vômitos, perda de consciência, cirrose, câncer de fígado) ainda estão longe de serem entendidas pela população.

O que fazer para mudar tudo isso é uma das grandes questões para esta década, tanto por lá como por aqui!

Fonte Clipping Bem Fam.