Alguns lubrificantes podem aumentar o risco de transmissão de DSTs e HIV durante o sexo anal, alertam estudos americanos
26/05/2010
Pesquisadora Charlene Dezzutti recomenda procurar nas embalagens a mensagem de que são isosmolar ou isotônicos
Em relações anais sem preservativo, alguns tipos de lubrificantes podem aumentar o risco de infecção do HIV e de outras DSTs, indicam dois estudos norte-americanos apresentados hoje na conferência “Microbicides 2010” (M2010) em Pittsburgh. Apesar de nenhuma pesquisa ser conclusiva, o recado principal dos especialistas é procurar por produtos isotônicos que contenham quantidades iguais de partículas encontradas no tecido retal, além do uso de camisinhas.
Um estudo conduzido pela pesquisadora Charlene Dezzutti, da Universidade de Pittsburgh, para a Microbicides Trials Newtork avaliou seis géis lubrificantes. Os resultados mostraram que alguns deles podem ferir o colo retal e aumentar a probabilidade de transmissão do vírus da aids. Os produtos são: Astroglide, Elbow Grease, ID Glide, KY Jelly, PRÉ e Wet Platinum. Este último é a base de silicone; o restante de água.
Os géis escolhidos são os mais usados nos Estados Unidos de acordo com pesquisa feita pela IRMA (International Rectal Microbicides Advocates) em mais de seis mil pessoas. No Brasil, o governo federal distribui o lubrificante LubriGel Intimus, fabricado pela Carbogel Industria e Comercio Ltda.
Os testes americanos detectaram que o PRÉ e o Wet Platinum foram os mais seguros, enquanto o Astroglide foi o mais tóxico para as células e tecidos. O KY Jelly teve a pior eficácia em bactérias necessárias para a manutenção do tecido epitelial, eliminando uma colônia inteira em testes de laboratório. O PRÉ foi o único a base de água que não rompeu o tecido anal.
“Espero que este seja o primeiro de diversos estudos sobre o tema. Temos que fazer mais investigações para chegarmos a uma conclusão definitiva porque essa pesquisa é pequena”, disse Charlene.
A dica, segundo ela, é procurar nas embalagens dos lubrificantes a mensagem de que são isosmolar ou isotônicos (que contenham a mesma quantidade de sais e açúcares das células do tecido retal ou cervical), além do uso de preservativos.
Risco acrescido de DSTs
Outro estudo apresentado na M2010 mostrou uma pesquisa do uso de lubrificantes em quase 900 homens e mulheres das cidades de Baltimore e Los Angeles, Estados Unidos. De acordo com Pamina Gorbach da Escola de Medicina da Universidade da Califórnia, o uso das substâncias relacionadas com o sexo anal mostrou que a prevalência de DST foi alta. Participantes que fizeram uso de lubrificantes em relação receptiva anal tiveram três vezes mais chances de contrair alguma DST. A pesquisa não considerou produtos específicos, mas grupos de classes.
O trabalho foi conduzido entre 2006 e 2008, analisando a saúde retal de 879 homens e mulheres. Eles foram testados para gonorréia e clamídia, além de serem questionados sobre higiene e práticas sexuais. Do total, 421 tiveram intercurso anal receptivo. Destes, 302 deram mais detalhes aos pesquisadores. Um pouco mais da metade, 52% (147), usou lubrificantes na última relação anal.
clipping Bem Fam (26/05/010)
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