Luz, câmera e educação na Ciatech
Empresa de ensino a distância contrata roteiristas de cinema para aumentar a criatividade de seus treinamentos
Por Viviane MaiaAdotar ensino à distância para capacitar funcionários é uma alternativa para empresas que buscam treinar seus colaboradores sem inflar os custos com deslocamentos de pessoas e aluguel de espaço. Em função disso, a procura por esta modalidade de curso cresce 40% ao ano e deve movimentar R$ 3 bilhões nesse ano, segundo estudo da Associação e-Learning Brasil.
Mesmo com custos melhores, os cursos à distância podem não ser tão eficazes, se os alunos não estiverem totalmente envolvidos na aula. Mas como garantir a atenção num treinamento pelo computador ou celular? Alex Augusto, dono da Ciatech, encontrou a solução no cinema. Há 13 anos no mercado de e-learning, em vez de simples apresentações e exercícios, o empresário optou por criar histórias com personagens e jogos que despertem a atenção do aluno. Augusto contratou roteiristas de cinema e diretores de arte, responsáveis pela parte lúdica. “Curso à distância não pode ser chato. Se começar com o beabá o aluno perde o interesse rápido”, afirma.
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O processo começa com reuniões para discutir a história que será abordada no treinamento, a criação do roteiro e a execução do storyboard, uma espécie de filme contado em quadros. O processo pode durar meses, mas o esforço tem trazido bons resultados. A Ciatech cresceu mais de 25% em 2009, com faturamento próximo a R$ 13 milhões. Para esse ano, a meta é crescer 40% e chegar aos R$ 25 milhões em 2012. Nada mal para uma empresa que tem 150 funcionários e conta com mais de dois milhões de treinamentos online concluídos por funcionários de empresas como a Claro, Magazine Luiza, Banco Votorantim, Oi e Bridgestone Firestone.
Orelhão do açougue
Mas, como quase toda a trajetória de muitos empreendedores, o começo exigiu mais transpiração do que inspiração. O então estudante de engenharia eletrônica na FEI, em São Bernardo do Campo, desenvolveu um treinamento para empresas por CD-ROM em seu projeto de conclusão de curso. O trabalho em pouco tempo transformou-se em uma oportunidade de negócio. “Em 1996, era o auge do multimídia”, relembra Augusto, hoje com 35 anos.
Com o treinamento em CDs e uma garagem como escritório, Augusto usava o telefone público de um açougue para prospectar clientes. Era um não após o outro. "Não desanimava para não transparecer a decepção para o pessoal do açougue que costumava acompanhar o crescimento da empresa”. Para incrementar o portfólio, Augusto começou a desenvolver sites para empresas.
Até que uma dessas ligações teve resposta positiva. O primeiro grande contrato da Ciatech foi com a filial brasileira da Bosch em 1998. A entrada da marca alemã no portifólio se deu com um catálogo eletrônico em CD e depois abriu caminho para a empresa especializada em treinamento de funcionários a distância deslanchar.
Com a evolução da internet, Augusto desenvolveu uma plataforma operacional própria, batizada de Learning Management Sistems (LMS), que permite o aprendizado em ambiente virtual e facilita a gestão dos cursos a distância. Com esse programa, é possível identificar quantos alunos assistiram às aulas, quais temas foram mais interessantes, quanto tempo eles demoraram para resolver os jogos e o que mais as empresas desejarem. O sistema pode ser utilizado nos modelos de licença de uso ou no formato de aluguel. E os preços variam entre R$ 2.600 e R$ 6.400, dependendo do tipo de desenvolvimento necessário.
Outro ponto de destaque de planos da empresa está no investimento em tecnologia e novas formas de entrega. Atualmente a empresa já trabalha nos conceitos de learning 2.0, ou seja, na aprendizagem colaborativa e informal.
Para as empresas que não desejam um curso específico, a Ciatech também conta com produtos padronizados, chamado de Sapiência. São cursos prontos, de curta duração, para aplicação imediata e com supervisão pedagógica. Esses cursos custam em torno de R$ 500 por usuário.
Treinamento no celular
A Ciatech também criou o treinamento via celular. Chamado de mobile learning, essa ferramenta surge como uma solução para treinar quem não fica o dia inteiro na frente do computador, como os vendedores e representantes comerciais. “São pílulas de conhecimento via torpedos”, afirma Augusto. “As informações podem fazer a diferença para quem está na área de atendimento ao cliente.”
Como a tecnologia é nova, os custos também são altos. Segundo ele, o desenvolvimento de um curso sob medida pode custar R$ 20 mil. “A tendência é que o preço caia bastante ainda neste ano, principalmente com o uso de smartphones e da tecnologia 3G”, diz Augusto. “Nesse mercado, não dá para deixar de inovar”.
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