26/JAN./2016
O que diz a ciência sobre o risco de transmissão sexual do vírus da zika?
BBC Brasil
OMS admite que ainda pouco se sabe sobre outras formas de transmissão do vírus da zika
A possível transmissão sexual do vírus da zika ainda não foi comprovada cientificamente, mas também não pode ser descartada, com base em dois casos citados pela literatura científica.
Apesar de destacar a transmissão pelo mosquito como a via principal de contágio, a Organização Mundial da Saúde (OMS) admite que a compreensão a respeito de outras vias é limitada.
"O zika foi isolado no sêmen humano, e um caso de possível transmissão sexual foi descrito. No entanto, mais provas são necessárias para confirmar se o contato sexual é um meio de contágio", disse a organização em um documento divulgado nesta segunda-feira.
Médicos ouvidos pela BBC Brasil dizem que, diante desta dúvida a respeito da transmissão sexual, o melhor caminho é a proteção.
"Essa não seria uma forma principal de infecção, mas é importante se prevenir", diz o microbiólogo Davis Ferreira. O uso de preservativo durante a relação sexual é recomendado para grávidas para impedir o contágio de doenças que também podem afetar o feto, como a sífilis e a herpes genital.
Os dois casos a que a OMS se refere não são conclusivos, mas geram cautela.
Em 2013, durante um surto de zika na Polinésia Francesa, o vírus foi detectado no sêmen de um homem de 44 anos. Ele havia apresentado sintomas típicos da infecção por zika: febre, dores de cabeça e nas articulações. Após alguns dias, o paciente notou vestígios de sangue no sêmen e procurou atendimento médico. Exames detectaram o vírus no material coletado.
Neste caso, não houve a comprovação de infecção de uma segunda pessoa pela via sexual, mas, sim, da contaminação do sêmen pelo chamado vírus replicante, ou seja, capaz de gerar a propagação da doença. "Nossas descobertas apoiam a hipótese de que o Zika pode ser transmitido por via sexual", conclui artigo de fevereiro de 2015, disponível no site do Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês).
No segundo caso abordado pela literatura científica, o sêmen do paciente com zika não foi examinado. No entanto, a esposa deste paciente teve a zika diagnosticada e a única explicação plausível seria o contágio sexual.
Foi o caso do cientista americano Brian Foy, em 2008. Ele havia visitado uma região do Senegal afetada por zika e, ao retornar para casa, no Colorado, Estados Unidos, teria infectado sua esposa durante uma relação sexual um dia após seu retorno.
"Vivemos no Colorado, um Estado americano onde não há mosquitos na época do ano em que minha mulher contraiu o vírus. E onde não há ocorrência do Aedes aegypti (o mosquito transmissor do vírus). O mais provável é que minha mulher tenha sido infectada quanto tivemos relações, antes de eu me sentir doente, mas a ciência ainda não está nem perto de provar a possibilidade desse tipo de contágio", conta Foy, em entrevista por telefone à BBC Brasil.
O professor-assistente da Universidade Estadual do Colorado é um dos autores de um estudo que sugere a possibilidade de transmissão do zika por contato sexual. Inicialmente, Foy foi diagnosticado com dengue e médicos não conseguiram descobrir o que tinha se passado com sua esposa. Passou-se um ano até que eles descobrissem que se tratava de zika.
O americano acredita que a repercussão causada pela epidemia no Brasil incentive o financiamento de pesquisas buscando investigar o assunto. Foy afirma não haver dúvidas de que a picada do Aedes aegypti é a forma principal pela qual se pode contrair o vírus, mas defende a importância de que ao menos se descubra mais sobre a via sexual.
"Para atingir uma área de contágio tão extensa de forma tão rápida, o mosquito é a grande explicação. Pode ser até que o contágio sexual represente uma ocorrência rara e, diante dos problemas enfrentados pelas autoridades de saúde dos países afetados, como o Brasil, não esteja no alto da lista de prioridades. Como cientista, porém, sempre acredito na importância de se investigar outras possibilidades", completa.
Em uma entrevista a uma rede de TV americana, Foy relatou ter sido constantemente picado por mosquitos enquanto fazia seu trabalho de campo no vilarejo senegalês de Bandafassi. Voltou para os EUA no final de agosto de 2008 e, dias depois, começou a se sentir mal, com sintomas que variavam de fadiga a dores no momento de urinar, além de inflamações na pele – a esposa teria notado o que parecia ser sangue no sêmen do marido.
Foy pediu ajuda a colegas do CDC, a principal agência voltada para a proteção da saúde pública dos EUA, para identificar a patologia com que tinha sido infectado. O diagnóstico de dengue não o deixou convencido, e muito menos a indefinição sobre o que teria acontecido com a mulher.
Um ano depois, um dos auxiliares do cientista na viagem à África, Kevin Kobylinski, que também ficou doente, estava conversando em um jantar com o entomologista Andrew Haddon, da Universidade do Texas, quando tocou no assunto.
Haddow, por uma grande ironia do destino, é neto de Alexander Haddow, um dos três cientistas que isolaram o zika pela primeira vez, em 1947, quando o extraíram de um macaco na Floresta de Zika, em Uganda. Quando soube que amostras de sangue de Kobylinski e dos Foy ainda estavam preservadas em um laboratório, o entomologista sugeriu que elas fossem enviadas para o virologista Robert Tesh. As três amostras testaram positivo para zika.
Em seu estudo, Foy apresenta outros argumentos para defender a hipótese de contato sexual. Joy, sua mulher, jamais visitou a África ou a Ásia e, na época da publicação do documento, já fazia quatro anos que não deixava os EUA. Antes da epidemia no Brasil e que começa a chegar a outros países da América do Sul, o zika jamais tinha sido reportado no hemisfério Ocidental.
Outros estudos envolvendo doenças transmissíveis por mosquitos há haviam sugerido a possibilidade de contágio sexual. Haddow, por exemplo, aponta para o fato de que a epidemia de zika na Micronésia (Oceania), em 2007, deu margem para especulações sobre este tipo de contágio.
Isso porque a proporção de mulheres infectadas foi 50% maior que a de homens – na maioria das doenças sexualmente transmissíveis, o sexo vaginal oferece riscos de contágio muito maior para as mulheres.
"É a explicação mais lógica. Outra possibilidade é que tivesse sido passado pela saliva ou outros fluidos corporais, mas temos quatro filhos, e eles não ficaram doentes."
Excesso de álcool no carnaval pode provocar arritmias cardíacas, alerta médico
Agência Brasil
A Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio de Janeiro (Socerj) divulgou (25) um alerta sobre os riscos do consumo excessivo de bebidas alcoólicas para o coração. Segundo o diretor de Qualidade Assistencial da Socerj, Luiz Eduardo Camanho, o consumo de bebidas aumenta não só no carnaval, mas também durante outras datas festivas, e isso pode provocar a chamada Holiday Hearth Syndrome, ou síndrome cardíaca de feriado, descrita em 1978.
De acordo com o cardiologista, há uma relação comprovada entre o consumo excessivo de álcool e a ocorrência de arritmia cardíaca, em especial a fibrilação atrial. O médico ressaltou, porém, que esse excesso de álcool é individual, não há uma dose padronizada ou um volume estabelecido de álcool ingerido que provoque a arritmia cardíaca.
“O uso abusivo de álcool, respeitando os limites de cada indivíduo, representa um gatilho para a ocorrência de arritmias cardíacas, principalmente a fibrilação atrial, que é a arritmia mais comum encontrada na prática clínica, no dia a dia”, explicou Camanho.
Tais arritmias podem surgir tanto entre pessoas que não estão acostumadas a beber quanto entre as que bebem regularmente. “Independentemente do hábito etílico, a arritmia pode ocorrer, sempre que houver excesso na ingestão de álcool.”
A Sociedade de Cardiologia recomenda bom senso e consumo moderado de bebidas alcoólicas no carnaval e que, ao sentir desconforto, como coração acelerado, sudorese, mal-estar intenso e fraqueza, as pessoas procurem assistência médica imediatamente. É necessário fazer eletrocardiograma e verificar a pressão e a frequência cardíaca, para confirmar o diagnóstico da arritmia.
Camanho acrescentou que também é preciso evitar a mistura de bebidas alcoólicas com energéticos convencionais, que têm grande quantidade de cafeína. Ele explicou que, embora não haja relação direta entre consumo de café e arritmia cardíaca, quando a pessoa ingere uma quantidade excessiva de cafeína e de álcool, acaba tendo dois estimulantes que são deflagradores.
"O energético entraria aí como mais um fator para a ocorrência de arritmia cardíaca, mas o álcool é a principal causa”, afirmou.
Durante o carnaval, o médico aconselha os foliões a beber muita água. “[É importante] beber muito líquido, porque o principal efeito do álcool é que ele causa desidratação celular”. Para cada copo de álcool ingerido, deve-se tomar, em média, o dobro de líquido, como água ou mate. “Que [o folião] se hidrate bastante. É fundamental para evitar sintomas em geral.”
SEM INTERNAÇÃO
Informe do dia
As 29 UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) administradas pelo governo do Rio são alvo do corte de R$ 700 milhões na Saúde. Além de serem divididas por especialidade médica, as UPAs não aceitarão mais internar pacientes doentes. "Não vai ter mais doente internado em UPA. Vai direto para o hospital" afirma o governador Pezão.
No total, a redução de gastos na área de saúde do estado alcançará R$ 1,2 bilhão - outros R$ 500 milhões serão economizados este ano com a transferência dos hospitais Rocha Faria, em Campo Grande, e Albert Schweitzer, em Realengo, para a Prefeitura do Rio. O governo também vai rediscutir o valor de todos os contratos das organizações sociais (OSs).
Transplantes - Um outro programa que sofrerá cortes é o de transplantes. "Vamos continuar fazendo transplantes, só que nós vamos adequar ao tamanho da nossa arrecadação" diz Pezão.
Ameaça de morte - A diminuição do repasse de recursos para a central de transplantes já é uma realidade desde o fim do ano passado. Médicos que trabalham no atendimento de pacientes à espera das cirurgias têm sofrido até ameaças de morte.
Declarações atrapalhadas podem tirar ministro da Saúde dos holofotes
Jornal do Brasil
O Palácio do Planalto decidiu afastar o ministro da Saúde, Marcelo Castro, dos holofotes e das comunicações sobre os esforços do governo para o combate ao vírus Zika. A informação foi dada pela coluna de Lauro Jardim, no jornal "O Globo".
A estratégia é evitar ruídos diante das recentes declarações do ministro. Nos últimos dias, repercutiu mal o comentário de Castro diante dos jornalistas de que o governo e o país estão perdendo a batalha para o Aedes aegypti.
Na avaliação do Planalto, diante de um microfone o ministro mais atrapalha do que ajuda, conforme a coluna.
Deputado federal, Marcelo Castro pertence à cota do PMDB na reforma administrativa e ministerial que o Palácio do Planalto fez em outubro de 2015, com a finalidade de contemplar ainda mais o maior partido da base aliada e que vinha impondo derrotas às votações do Executivo na Câmara.
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