Coordenadora
Hepatchê Vida
Porto Alegre/RS
(51) 9121 1756 Claro (Institucional)
E-mails: hepatche@yahoo.com.br e hepatchevida@yahoo.com.br
Blog: http://hepatchevida.wordpress.
"Por um PNHV - Programa Nacional de Hepatites Virais forte e independente"
Informe Lista ONGs e Geral
Obrigado,
Jeová
Gostaria de, como contribuição, propôr com minhas considerações, a reflexão que julgo procedente para o momento atual no enfrentamento das Hepatites Virais.
Como portador do HCV não-respondedor, cirrótico F-4, ativista do movimento das HV desde 1999, sinto-me a vontade para endereçar essa mensagem à todos os atores que como eu, vislumbram para a resolutividade das ações e estratégias, para cada vez menos nos deparar com o sofrimento da população quando envolvem-se com as Hepatites Virais, o que também estende aos seus familiares e amigos.
No ultimo dia 08/02 assisti a transmissão da 106ª reunião da CNAIDS - Comissão Nacional de Aids na parte da manhã. Infelizmente eu só pude acompanhar depois da s apresentações do Dr Dirceu e do Dr Jarbas, mas já trouxeram para mim um importante material informativo, que deu origem à essa iniciativa, pois da mesma forma que considerei observar a questão da reativação do PNHV por outros ângulos até agora congelados, senti a necessidade de compartilhar, e obviamente sem a pretensão que todos os que lerem concordarem comigo.
Acredito que a do Dr Dirceu teve base no que já socializou na rede sobre a nova estrutura do Departamento, onde coloca-se as Hepatites Virais na mesma matriz de atenção, sub-dividida em quatro eixos temáticos.
A fala do Ministro Padilha, que acompanhamos, podemos citar bem satisfatória, pois trouxe 3 pontos aos que julga prioridade e que com os quais nos alinhamos inteiramente, além de, EM PRIMEIRO LUGAR, ENFATIZAR A IMPORTÂNCIA DO MOVIMENTO SOCIAL NA (GESTÃO) DA SAÚDE.
1- Reavaliação das campanhas: - A idéia é favorecer o diálogo com a população que não viveu a época incisiva da infecção pelo HIV. Traçar uma melhor estratégia desse dialogo e informação para os grupos mais vulneráveis. Entende que esse diálogo de gestão para a população não está adequado. Como formulador das políticas, o gestor tem que preocupar-se em avaliar como a população está absorvendo as informações dessa doenças infecto-contagiosas, seja para prevenção, diagnóstico ou tratamento.
Citou de forma individualizada que isso também se aplica às Hepatites. Disse inclusive, que ao contrário do passado em relação à Aids, hoje estamos com faltas de referência que atinjam de uma forma mais incisiva a informação para a população.
2- Diagnóstico precoce: - Reconheceu a baixa eficiência atual para a testagem e a necessidade da qualificação na assistencia primária, e que ainda nesse p at amar não medirá es forços para inserir a testagem rápida para sífilis.
3- Medicamentos : - Referendou a sustentabilidade, que ao nosso ver, retrata o modelo do SUS, dando destaque ao Brasil nesse benefício.
A fala do ministro está em versão similar com acesso em http://www.aids.gov.br/
Assunto: PNHV - Programa Nacional de Controle e Prevenção das Hepatites Virais
Importante ressaltar que as falas (ao menos parciais a que pude assistir), dos gestores ou do movimento social presentes, que obviamente delineiam as atenções mais focadamente na Aids, que o enfrentamento ao HIV continua e deverá continuar a demandar inumeras e intensas ações capitaneadas pelo Departamento.
Isso não nos deixa convencidos, ao menos nesse momento, e pelo tempo que já implementada a integração, de que a pulverização das ações, e que essas sejam tomadas transversalmente com a Aids conforme a estrutura apresentada, será a melhor opção do que termos uma coordenação e equipe específica para o enfrentamento das HV.
Mas a partir de hoje mediante surpreendentes considerações feita s por alguns dos presentes, resolvemos olhar essa questão sob um novo prisma. A representação da SBI e da SBH naquela reunião e o próprio presidente da frente parlamentar de Hepatites Virais, Deputado Geraldo Thadeu, não se mostraram totalmente desconfortáveis pela integração e como também não demonstraram preocupação pela não recriação do cargo de coordenação do PNHV, isso então nos torna (OS PACIENTES!!!!) a "minoria" nessa postulação, pois nossa representante, a Regina, foi a única que citou em meio a sua fala o PNHV extinto. Em resposta o Dr.Dirceu alegou enfaticamente que o PNHV não acabou, pelo contrário, estará no mesmo rol de prioridades das ações do Departamento...(colocamos adiante nosso ponto de vista sobre as prioridades e as elencamos).
Estar no organograma do Departamento nunca teve a desaprovação veemente do movimento das HV, ao contrário, foi uma esperança emergida para que com a experiencia da Aids, seu orçamento e visibilidade, o enfrentamento às HV poderiam agregar avanços relevantes, aliás sempre foi o que externei publicamente, e que está registrado em diversos meios de comunicação, incluindo oficiais do próprio Departamento, e que inclusive por esse conceito, recebi criticas de alguns pares das OSCs HV.
No entanto, passaram-se quase dois anos dessa integração, e na verdade os esperados avanços foram muito lentos ou inexistentes, e foi no dia-a-dia de nossa interação com os colegas infectados, que vimos a contínua perda da qualidade de vida e até a perda da própria vida. Dizem que as Hepatites ao contrário da Aids, são mais amenas, que não são "uma sentença de morte"... Obviamente que é um têrmo que devemos dispensar tanto para uma como para outra patologia, mas sem dúvidas valerá para as duas ( e as HV com quantitativo de infectados muito superior), caso não haja condições favoráveis para acesso ao diagnóstico precoce e tratamento! Assim, as HV podem gerar, sim, hoje no Brasil, o risco de uma sentença de morte!
A questão é que se precisa dar conta do tamanho e da complexidade das Hepatites Virais! Tudo o que se falou nessa reunião referente ao HIV/Aids, multiplica-se várias vezes para a incidência e as dificuldades desde o diagnóstico até o tratamento para as Hepatites B e C!!. Tem que se considerar os infectados que cronificam ou fulminam, além de se observar as importantes diferenças existentes entre as duas patologias!
Que sejam então delineadas as ações para o enfrentamento das Hepatites sem nominalmente termos um programa ou coordenação, mas perguntamos, não seria ao menos relevante e imprescindível termos um coordenador e equipe específica para tratar das HV? Ao menos ter um quadrado no organograma do Depto que propiciasse a independencia necessária, e que estaria a cargo de uma equipe experiente no manejo das HV? Por que grandes estados da nação adotam essa estratégia e o Ministério da Saúde caminha em direção oposta? Quem está certo? E mesmo a interlocução com as demais esferas, a exemplo do que ocorre com a insatisfação do PEHV SP, não deve ser considerada?
Por favor Ministro Padilha , Dr Jarbas, Parlamentares, Sociedades Médicas, entre outros atores...reflitam sobre isso.
Até podemos flexibilizar nossa propositura, aceitando e passando a acreditar no fluxograma administrativo apresentado pelo Departamento, mas isso obviamente desde que o mesmo tenha em sua composição uma COORDENAÇÃO ESPECÍFICA para as HV, ou seja, que o MS/Departamento, por sua vez, também reveja sua posição. Até que isso aconteça (e que para tal fato ocorra acreditamos na sensibilidade e entendimento dos gestores do MS/Depto), continuaremos a ter nosso slogan como bandeira, e certamente em prol dos milhões de portadores de Hepatites Virais de nosso país. Por isso, a seguir fazemos uma dissertação sobre o porque de querermos um "Programa (Coordenação?!) Nacional de Hepatites (PNHV) forte e independente".
Inicialmente gostaríamos de nos apresentar. Quem são os que querem o PNHV (Coordenação?!) (que "não" foi extinto) forte e autônomo, com coordenação e equipe específica?
Somos mulheres, homens, pais e mães, chefes de família, profissionais (inclusive da saúde!), enfim, pessoas sérias, cidadãos que lutam pelos direitos coletivos e individuais para uma assistência digna nos casos de hepatites virais e suas conseqüências.
Participamos de várias lutas, além da briga pela criação dos Programas. Lutamos pela ribavirina, pelo interferon peguilado, pelos medicamentos de suporte aos efeitos colaterais, pela oferta dos exames de Biologia Molecular, pelas atualizações dos Protocolos Terapêuticos, pela criação da Lei 11.255/05, que obriga a existência de Programas e políticas oficiais para as hepatites.
Muitas vezes pusemos (e ainda pomos!!) nosso próprio dinheiro para enviar cartas, gerar materiais informativos, subsidiar nossas reuniões (acabei de comprar minha passagem aérea para a reunião em Brasilia dia 15)...Lançamos as bases e organizamos campanhas locais para educação, detecção e divulgação sobre HV.
Fomentamos iniciativas e leis locais que criaram os Dias e Semanas de Prevenção às Hepatites...Criamos leis locais que auxiliam na prevenção, como por exemplo em Santos SP, a que deu emenda ao código de conduta “Tá na Lei, tá Beleza” voltado aos profissionais da estética e beleza que lidam com instrumentos pérfuro-cor tantes, incentivamos a vacinação contra HV, coletamos assinaturas para modificar a legislação de forma a ampliar o acesso e aos gestores para garantir de melhores formas de remuneração pelos exames prestados no SUS - Portaria MS 968/02. Estivemos na mídia, estamos representados no Brasil e no exterior e até na OMS fomos ouvidos...E, por fim, nos reunimos em 07/03/2002 no Primeiro Encontro Nacional de ONGs, em Santos, que deu origem aos ENONG HV que já vai para a 10ª edição, e desde então, nos reunimos periodicamente a nivel regional, nacional e também pela internet, onde temos grande interação.
Portanto temos legitimidade e, antes que um fardo, como já nos rotularam, talvez pudéssemos ser um bônus para o gestor, porque sempre atuamos em linha com a gestão, de forma pró-ativa, parceira, propositiva e ordeira.
O fato é que isso gerou a incerteza e motivou a postulação pelo movimento social para termos recriado um PNHV forte e independente, ou, em ultima hipótese, uma coordenação e equipe experiente para cuidar das HV e todas as suas nuances e especificidades.
Atenciosamente,
Saudações,Jeová Pessin Fragoso
Diretor Presidente
Nenhum comentário:
Postar um comentário