Postos não fornecem camisinha
O Dia
10/03/2010
Maioria ainda exige que cidadão assista palestra para obter o produto, mesmo após secretário determinar livre acesso
POR CLARISSA MELLO
Rio - Um mês após O DIA ter denunciado, às vésperas do Carnaval, que os postos municipais de saúde não estavam distribuindo camisinhas aos cidadãos, a situação ainda não foi regularizada. Na segunda-feira, repórter foi a oito unidades básicas de saúde no Centro e nas zonas Sul, Oeste e Norte. Em quatro, não conseguiu os preservativos. A orientação era esperar até o fim do mês para assistir palestras e, somente depois, ter acesso ao preservativo. Num quinto posto, foi preciso aguardar cerca de duas horas em três filas diferentes até conseguir.
Dia 12 do mês passado, após a primeira denúncia publicada em O DIA, o secretário municipal de Saúde, Hans Dohmann, enviou ofício a todas as unidades básicas de saúde determinando “a necessidade de facilitar o acesso da população aos preservativos”. Mas a orientação não foi seguida pela maioria dos postos até agora.
Somente em três das unidades visitadas desta vez a repórter obteve preservativos como determina Dohmann e recomenda o Ministério da Saúde: sem precisar apresentar documentos ou se consultar. Um deles foi o Centro de Saúde João Barros Barreto, em Copacabana, visitado pelo secretário dia 12, um dia após a primeira matéria de O DIA ser publicada.
Na ocasião, Dohmann disse: “Fiquei surpreso e reforcei a recomendação de que a pessoa que for buscar preservativo tem que receber na hora.”
SEM FISCALIZAÇÃO
Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde informou ontem que “nas unidades onde a reportagem identificou problemas, a Gerência dos Programas de DST/Aids promoverá, obrigatoriamente, treinamento para os funcionários de todos os setores envolvidos na distribuição de camisinhas, desde a direção, até enfermagem e serviço social”. O orgão, porém, não explicou se fará (e como) fiscalização nas unidades não visitadas pelas repórteres de O DIA.
Correto seria colocar caixas com preservativo na recepção
Segundo a assessora de DST/Aids do Ministério da Saúde, Dulce Ferraz, alguns municípios adotaram a prática de colocar os preservativos em caixas nas portas das unidades. “A pessoa pega a quantidade que quiser, sem precisar pedir ou falar com ninguém. Isso é acesso livre. É preciso combater a questão cultural, a dificuldade de lidar com o sexo”, diz.
Ela reitera que acesso livre significa não ter que apresentar documentos, assistir palestras ou preencher cadastros. A quantidade de camisinhas também não pode ser definida. Cada pessoa deve pegar quantas achar que precisa. Nas poucas unidades visitadas por O DIA que deram os preservativos, o número foi limitado a 15 camisinhas. Só no posto Oswaldo Cruz, no Centro, foram dadas 27.
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