Quinta-Feira, 18 de Fevereiro de 2010 | Versão Impressa
PSDB vai carimbar de ''herança maldita'' contas externas do governo
Documento aponta deterioração na balança comercial e prevê que novo presidente receberá País com déficit recorde
Julia Duailibi
Intitulada Com PT, País torna-se mais dependente do exterior, a publicação quinzenal do instituto, chamada Brasil Real, ataca o atual déficit em conta corrente, "em franca deterioração", prevendo um rombo de US$ 60 bilhões até dezembro - o mercado fala em US$ 50 bilhões. "O saldo da balança comercial só faz minguar. Tudo somado, parece certo que a gestão petista legará ao próximo presidente uma situação de déficit externo recorde, verdadeira "herança maldita" para o futuro do País", diz a carta, enviada semana passada para a bancada do partido no Congresso como subsídio ao discurso político do PSDB.
O déficit em conta corrente, somado à política fiscal do governo federal, já ocupa o lugar de principal alvo da política econômica atual e é, portanto, tema obrigatório da agenda da oposição. Ganhou força nos últimos dias com o aumento do debate em torno do crescimento da dívida de países europeus, principalmente a da Grécia. "Com as crescentes suspeitas sobre a solvência de vários países europeus, a instabilidade econômica mundial dá sinais de não ter sido definitivamente superada", afirma a carta.
Mas, apesar do diagnóstico consensual de fragilidade das contas externas, há no PSDB discussões sobre a conveniência de criticar a política econômica de Lula. Os ataques, avalia-se, dariam munição ao governo, que já propaga que haverá mudanças na condução da economia caso os tucanos vençam. A tese baseia-se, especialmente, em declaração feita pelo presidente do partido, Sérgio Guerra, à revista Veja, quando falou de alterações na economia.
PATERNIDADE
O texto publicado pelo ITV fala no "mais alto déficit externo da história", ultrapassando os 4,3% do PIB, durante a gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. "A gestão Lula está rifando o futuro e transferindo empregos para o exterior. Esta será mais uma das "heranças malditas" que o governo do PT legará ao próximo presidente", diz o texto.
Especialistas apontam uma combinação entre as políticas fiscal e monetária promovidas pelo governo como responsável pelo déficit - entre 2003 e 2007 houve superávit nas contas externas, que medem a capacidade do País se financiar e honrar seus compromissos externos.
"Há uma mistura inadequada política fiscal com a política monetária que acaba terminando em déficit", disse Simão Silber, professor do departamento de economia da Faculdade de Economia e Administração da USP. "Há gastos em demasia e poupança baixa. Com excesso de gastos, alguém de fora tem de trazer recursos para fechar a conta", completou Silber. O governo aponta o alto nível das reservas internacionais - mais de US$ 240 bilhões - para dizer que a situação não é de risco.
Para os economistas, a política fiscal expansionista é responsável pelo déficit. Mais gastos levam a pressão inflacionária. O Banco Central aumenta os juros para conter a inflação, o que aprecia o câmbio e, portanto, causa queda nas exportações.
Tucanos e petistas trocam acusações sobre a "herança maldita". FHC disse, em recente artigo no Estado, que o País pagou um custo graças a "anos de bravata" do PT. Petistas rebatem e dizem que arrumaram a casa deixada pelos tucanos.
Fonte:www.estadão.com.br
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