Hepatite C terá novas regras de tratamento
Correio Braziliense - 14/07/2011
A partir de segunda, o fornecimento de remédios, antes restrito a 48 semanas, poderá ser feito por até um ano e meio sem o aval de um comitê técnico
Portadores de hepatite C atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) poderão ter o tratamento prolongado por indicação médica a partir da próxima segunda-feira. A possibilidade está prevista em um novo protocolo da doença, apresentado pelo Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde. A partir do documento, o médico poderá ampliar a continuidade do tratamento de 48 semanas para até 72 semanas — até então, essa medida dependia de uma autorização do Comitê Estadual de Hepatites Virais. Ainda de acordo com o protocolo, o remédio usado contra a doença, o interferon peguilado, será ampliado para o tratamento de quatro tipos da enfermidade — a permissão era restrita a apenas um genótipo do vírus. Para alguns casos, o tratamento também não precisará mais de biópsia prévia. Segundo estimativa do ministério, as mudanças devem beneficiar mais 500 pacientes ainda neste ano.
Atualmente, existem 11.882 pessoas em tratamento. No entanto, segundo o diretor do Departamento de DST, Aids e Hepatites virais do MS, Dirceu Graco, é possível que existam 1,4 milhão de pessoas infectadas pelas hepatites B e C. O diretor afirma que um dos motivos da discrepância entre a estimativa de infecções e o tratamento deve-se à demora no diagnóstico da doença. “Da infecção à doença crônica, pode existir um intervalo de 20 anos.
Uma das orientações do protocolo é o incentivo ao diagnóstico precoce. Quanto antes o paciente tiver acesso ao exame, mais fácil é o tratamento para eliminar as patologias”, observa. Segundo Graco, a hepatite C é 10 vezes mais “infectante” do que o HIV, vírus causador da Aids. “O modo mais eficaz de se infectar é o contato com o sangue. E esse sangue pode estar em instrumentos ligados a atividades de manicure e pedicure, de tatuagem, de piercing, instrumentos que não estão bem esterilizados”, explicou.
Estimativas do departamento apontam que a mudança trará cerca de 3,5% de impacto sobre os gastos atuais da pasta, que estão em torno de R$ 17,7 milhões, destinados ao insumo produzido por dois laboratórios privados. Atualmente, um tratamento com duração de 48 semanas com o interferon peguilado pode custar R$ 23 mil ao SUS. A hepatite C é uma doença que acomete o fígado e pode ser transmitida por transfusão de sangue ocorrida antes de 1993 (ano em que os testes para detecção de anticorpos da enfermidade em bancos de sangue foram implantados) e por via sexual.
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