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“O médico daqui não desconfiou de nada. Disseram que era diabetes”, lembra.
A filha Cirleide Caixeta foi quem desconfiou do erro médico. “O médico passava o remédio dizendo que era diabetes, ela tomava, media a glicemia e não dava nada alterado. Ela cortava o açúcar e nada. E diabetes não tem vômito, não tem diarreia. Pelo pouco conhecimento que tenho de internet, fui lá e pesquisei todas as doenças. Foquei no HIV. Mesmo porque, ela é uma pessoa de idade e nunca foi orientada”, conta a moça.
Cirleide diz que foi ela que pediu o exame ao médico: “Cheguei lá no hospital e perguntei se tinha como ele pedir um exame de HIV. Ele questionou se eu estava suspeitando disso e eu disse que sim. Foi quando ele passou um teste rápido de HIV”, acrescenta a filha.
Mesmo com o pedido do médico, elas tiveram dificuldade de fazer o exame no Centro de Testagem e Acompanhamento da cidade. “Lá no centro, disseram que não estavam fazendo o teste. Falaram que fariam o dela porque era emergência, mas que no dia seguinte já estariam em greve”, fala a filha.
Com o resultado do exame, de acordo com mãe e filha, veio também a mudança no tratamento por parte dos médicos e enfermeiros do Hospital de Luziânia. “Eles têm preconceito”, afirma a paciente.
“Acho que as pessoas deviam se ajudar para prevenir que a doença se espalhe e para que possam tratar bem quem já tem a doença. Essa doença é normal hoje em dia. Não tem cura, mas tem tratamento”, destaca Cirleide Caixeta.
O irmão do agente de saúde Paulo dos Santos também teve dificuldade. Renato era soroposivo e estava preso numa penitenciária de Luziânia. Ele foi levado com vômito e diarreia para o hospital da cidade. Depois de ser transferido para vários hospitais, acabou morrendo em uma UTI em Samambaia.
“Eu sei que o tratamento para ele demorou muito. Foi um empurra-empurra de um lado para o outro, joga para um lado, joga para o outro, e espera um infectologista. Há poucos infectologistas”, lembra Paulo.
No Hospital de Luziânia não há infectologistas que tratem pacientes com Aids. A estudante de enfermagem Herleni Farias trabalha com pessoas carentes que contraíram o vírus HIV. Ela também tem a doença e conhece bem as dificuldades no Entorno. Todos os meses, os soropositivos têm que enfrentar quatro horas de viagem até Goiânia para receber o tratamento.
“Na Regional de Luziânia, quando o médico sabe que é portador do vírus HIV, eles não entram nem na porta. Lá não tem infectologista”, denuncia a estudante.
“Essa médica, a partir do mês que vem, que é na semana que vem, já vai estar voltada a atender aos pacientes em nossa clínica de especialidade e acompanhá-los quando for preciso realizar internação hospitalar”, promete.
O secretário de Saúde de Luziânia se comprometeu a verificar as condições técnicas da rede para que os portadores do vírus da Aids possam receber a medicação antiretroviral no próprio município. Assim, eles não terão mais que viajar quatro horas até Goiânia para conseguir os remédios.
Albert Steinberger / Lázaro Aluizio
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