Ministério da Saúde deve lançar suplemento sobre paternidade e maternidade envolvendo o HIV até o fim do semestre
26/04/2010
Com o advento dos antirretrovirais, estudos mostram que a expectativa de vida de pessoas com HIV é quase a mesma do restante da sociedade. Por isso, elas também manifestam o desejo de ter filhos. Mas, no Brasil os serviços de saúde ainda não estão preparados para fornecer informações sobre métodos de reprodução assistida para soropositivos terem crianças livres do vírus. Por isso, baseado em estudo, o Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais deve lançar até o fim deste semestre um suplemento sobre o assunto. A informação é da psicóloga Andrea Silveira Marques que explicou o tema e participou do II Simpósio Internacional de Saúde Mental e Aids.
“O HIV não é motivo para ninguém deixar de viver, querer ter filhos.” A citação é um homossexual soropositivo que participou do estudo do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. As pesquisas envolveram entrevistas com 64 gestores de saúde, 63 da área de DST/aids, mais de 40 usuários dos serviços de saúde, entre outros.
De acordo com a psicóloga que participa da iniciativa, a maioria dos serviços de atendimento especializados em DST/aids disseram que há uma “demanda rara” de pessoas perguntando sobre métodos de reprodução assistida. “Os profissionais de saúde descreveram isso com um sentimento de alívio, não se sentem à vontade para abordar esse tema. Muitas vezes, incentivam as pessoas a desistirem de ter filhos”, explicou Andrea.
Mesmo assim, todos usuários consultados relataram desejos de paternidade ou maternidade, mas tinham vergonha. “Mais da metade deles escondem por medo de preconceito da sociedade”, contou Andrea.
Outro fato lembrado pela psicóloga é que há poucos centros especializados em reprodução assistida que permitem a admissão de casais com HIV. “É uma barreira muito grande, não existem muitos apoios governamentais nessa área e há apenas um único serviço universitário.” A fala é sobre a Faculdade de Medicina do ABC que é referência nessa área no Brasil e América Latina.
Um laboratório de reprodução assistida que também foi parte da pesquisa chegou a dizer que não admitia pessoas com HIV porque “não gostaria de se tornar referência aos aidéticos”, ou seja, por causa de preconceito.
“O suplemento vai trabalhar com orientações sobre reprodução assistida, incluindo até mesmo casos em que não há possibilidade de usar um apoio especializado, com dicas de redução de risco de transmissão do HIV. Claro, sem deixar de salientar o uso da camisinha, não é liberar geral”, finalizou a psicóloga.
Casais soro discordantes
Outra palestra de destaque foi a da professora adjunta da Universidade Federal Fluminense Ivia Maksud. Ela comentou dados de sua pesquisa de doutorado de 2007 na Universidade Estadual do Rio de Janeiro.
Ivia entrevistou 13 casais heterossexuais soro discordantes (quando um deles é positivo para o HIV e o outro não). Uma das informações destacadas é que eles não usam preservativos em todas relações sexuais como preconizam os profissionais de saúde. “Os homens soronegativos têm a tendência de acreditar que mulheres não transmitem o HIV e não temem a infecção”, contou.
Já em casos que o homem é HIV+ e a mulher não, os casais usam um “método caseiro”. “Muitas vezes praticam o coito interrompido e um tempo menor de sexo, acreditando que assim diminuem os riscos de transmissão.”
Cortesia:Clipping Bem Fam(26/04/010)
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