Ambulatório garante cidadania e direitos humanos |
Por Ricardo Barbosa Martins |
Ambulatório garante cidadania e direitos humanos
Por Ricardo Barbosa Martins
O primeiro ambulatório dedicado exclusivamente a travestis e transexuais do país, inaugurado em junho do ano passado, no Centro de Referência e Treinamento de DST/AIDS da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, já contabiliza mais de 4 mil atendimentos.Esta iniciativa foi, sem dúvida, um passo fundamental para a promoção da equidade para a população LGBT (Lésbica, Gay, Bissexual, Travesti e Transgênero). Sabe-se que a orientação sexual e a identidade de gênero são fatores reconhecidos pelo Ministério da Saúde como determinantes e condicionantes da situação de saúde, não apenas por implicarem práticas sexuais e sociais específicas, mas também por expor essa população a agravos decorrentes do estigma, dos processos discriminatórios e de exclusão que violam seus direitos humanos, dentre os quais os direitos à saúde, à dignidade, à não discriminação, à autonomia e ao livre desenvolvimento da personalidade.
Há um ano, oferecemos os seguintes serviços: acolhimento, aconselhamento sobre adoção de medidas de auto-cuidado, redução de danos em relação à hormonioterapia, avaliação do uso de silicone, avaliação proctológica, urológica, ginecológica, em endocrinologia , de clínica geral, avaliação em saúde mental, psicoterapia individual e em grupo, atendimento em serviço social, sempre que necessário, além de realizar os contatos e encaminhamentos externos (redesignação sexual).
Até o momento, entre as demandas que motivaram a procura pelo serviço, certamente o acesso à cirurgia de redesignação sexual (cirúrgia pelos quais a aparência física de uma pessoa e a função de suas características sexuais são mudadas para aquelas do sexo oposto) se mostrou a mais prevalente, seguidas por indicação de hormonioterapia e a retirada de silicone industrial.
Já demos alguns passos importantes, como a elaboração e publicação de um protocolo clínico para travestis e transexuais, em parceria com o Conselho Regional de Medicina de São Paulo, cuja finalidade é a prescrição de hormonioterapia para adequação de caracteres físicos.
Temos ainda grandes desafios, entre eles contribuir nas reflexões sobre a questão da despatologização da Travestilidade e Transexualidade trazidas pelos profissionais acadêmicos e movimento social.
Essa iniciativa objetiva adequar as ações de promoção de saúde, colaborar na criação de uma rede de atenção à saúde integral deste segmento da população, com o objetivo de descentralizar e facilitar o acesso aos serviços de saúde.
Além disso, é necessário integrar e capacitar profissionais da saúde em abordagem multidisciplinar, desenvolver pesquisas na área da sexualidade com objetivo de criar e multiplicar novas tecnologias de saúde, desenvolver e apoiar projetos no âmbito da intersetorialidade, contribuindo para o estabelecimento de políticas públicas que ampliem o acesso à educação, saúde, justiça e cidadania.
Localização: Núcleo de DST do CRT/AIDS-SP (R Santa Cruz, 81, Vila Mariana, São Paulo)
Horário de funcionamento:
Segunda a sexta, das 14h às 20h.
Ricardo Barbosa Martins é psicólogo e Coordenador de saúde mental do CRT DST/Aids-SP
O ambulatório ganhou na última sexta-feira, 04 de junho, em São Paulo, a 10ª edição do “Prêmio Cidadania em Respeito à Diversidade” na categoria “Saúde”. A premiação é realizada pela Associação da Parada do Orgulho GLBT de São Paulo (APOGLBT) anualmente como forma de homenagear instituições, ações culturais e protagonistas de propostas e fatos significativos para a população LGBT, reconhecendo a atuação dos escolhidos na promoção dos Direitos Humanos.
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