SV Profissional de Saúde
A co-infecção HIV/HPV
Mulheres portadoras do HIV têm dez vezes mais chance de desenvolver câncer de colo de útero. Um estudo realizado pelo pesquisa dor Howard Strickler, do Albert Einstein College of Medicine, em Nova Iorque (EUA) foi apresentado durante o Simpósio Internacional de Pesquisa em HPV, realizado pela Fiocruz em abril. O resultado revela que há uma relação entre a imuno depressão e o desenvolvimento do HPV em mulheres.
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o HPV – Papilomavírus Humano – está presente em 90% dos casos de câncer de colo de útero e é uma das doenças sexualmente transmissíveis de maior incidência e prevalência no mundo: acredita-se que uma em cada cinco mulheres seja portadora do HPV.
Exames preventivos
A ginecologista Sonia Vidigal, do SAE Sagrada Família, em Belo Horizon te/MG, lembra que “o HPV encontrará um campo mais propício nestas pacien tes, principalmente quando a população de leucócitos está deficitária”.
Por ser um vírus que age de forma silenciosa, sem sintomas aparentes, é importante que o profissional de saúde in ten sifique seu sistema de cuidado para o diagnóstico do HPV. O papanicolau, exame que apresenta evidências da infecção, deve ser realizado de seis em seis meses. Se o segundo exame for negativo, passa a ser feito uma vez ao ano. “O ideal seria que as pacientes fossem sub metidas a um exame de Colposcopia, cujo aparelho evidencia com mais deta lhe toda a genitália. Na ausência deste, deve-se fazer o exame ginecológico habitual e encaminhar os casos que apresentem algum resultado alterado”, diz Sonia.
No caso de mulheres soropositivas, ações de prevenção e assistência dependem de uma maior integração entre infectologistas e ginecologistas. “O infectologista vai tentar manter a paciente em equilíbrio entre carga viral e CD4, tratar infecções oportunistas que podem surgir e encaminhar a paciente ao ginecologista para o seu exame preventivo”, afirma a ginecologista.
Vacinas preventivas
Como estratégia de prevenção, as vacinas atualmente disponíveis têm se mostrado efetivas. “Não para todos os tipos virais, mas para os mais prevalentes em nível mundial”, ressalta Sonia.
Existem no mercado dois tipos de vacinas, administradas em três doses. A primeira, a quadrivalente, visa imunizar os vírus denominados de 6 e 11, relacionados com os condilomas; e os vírus 16 e 18, que podem causar o câncer do colo uterino. Já a vacina bivalente protege contra os tipos 16 e o 18. “Esta vacina é preventiva e não curativa, portanto o ideal seria aplicá-la nas meninas entre 13 e 14 anos que ainda não iniciaram a sexualidade”, alerta.
O médico e professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), Mauro Romero, ressaltou, durante o II Simpósio Brasileiro de Papilomavirose Hu mana, rea lizado pelo setor de DST da UFF, em Niterói/RJ, que a as vacinas anti-HPV repre sentam uma grande conquista, mas que ainda precisamos avançar em outras temáticas relativas à infecção. “É preciso desmistificar a visão de promiscuidade relacionada ao vírus”, afirma. Por isso a importância de discutir formas de acesso da população às informações sobre o HPV.
HPV no homem
Os homens podem apresentar condilomas (verrugas) no pênis e/ou no ânus. No entanto, são mais visíveis e, portanto, mais fáceis de tratar. “O risco de câncer de pênis é muito pequeno. Mas as verrugas quando presentes e visíveis de vem ser tratadas uma vez que é uma DST”, alerta Sônia. Na região anal, no en tanto, as verrugas são menos aparentes e somente exames de rotina podem identificá-las.
Tratamento não erradica
Em ambos os casos, o tratamento se resume a retirar as verrugas por meio de crioterapia, eletrocoagulação, podofilina, ácido tricloroacético (ATA) ou até por cirurgia, quando necessário. “Nenhuma evidência indica que os tratamentos atualmente disponíveis erradicam ou afetam a história da infecção natural do HPV. O vírus poderá permanecer por muitos anos no estado latente e, após este período, originar novas lesões”, esclarece o manual de HPV do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde. Isto reforça a necessidade de exames fequentes para detectar a presença de condilomas em homens e mulheres, principalmente nas pessoas com baixa imunidade, como os portadores do HIV/aids.
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