Pesadelo a partir dos 40 anos
O Dia
11/06/2019
No estado do Rio, 50% dos homens de meia-idade e idosos têm disfunção erétil. Automedicação aumenta risco
POR PÂMELA OLIVEIRA
Rio - A queda do preço dos medicamentos contra disfunção erétil, provocada pela quebra da patente do Viagra, preocupa especialistas. Só no estado do Rio, 1,4 milhão de homens com mais de 40 anos têm algum grau de disfunção erétil, o que equivale a 50% da população nesta faixa etária, segundo a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU).
O temor é que a redução do valor — que poderá ser de até 75% — facilite a automedicação e prejudique o diagnóstico de problemas graves associados à disfunção. “A disfunção erétil é um aviso de que aquele paciente tem algum grau de comprometimento vascular. Os homens que têm o problema devem buscar um médico para uma avaliação, porque têm um risco importante de ter um enfarte entre 2 e 3 anos após o início da disfunção”, afirma Otto Henrique Torres Chaves, chefe do departamento de Andrologia da SBU.
A dificuldade pode ainda estar relacionada a hipertensão, diabete e depressão. Segundo especialistas, 50% dos diabéticos e 38% dos pacientes hipertensos apresentam o problema em algum grau.
E apesar de a doença afetar em algum grau 50% dos homens com mais de 40 anos, apenas 10% deles buscam tratamento, de acordo com levantamento da SBU. “Muitos ainda têm preconceito, têm vergonha e acham mais fácil comprar um remédio na farmácia do que procurar um médico”, explica Oswaldo Berg, responsável pela Clínica de Medicina Sexual do Hospital da Lagoa.
Em média, o homem com disfunção erétil leva entre dois e três anos para procurar o médico. “Ele ignora os riscos e evita o quanto pode. Ele espera a mulher reclamar e quando a situação está insustentável, resolve buscar ajuda”, diz Otto, acrescentando que o tempo entre o início do sintoma e a busca por tratamento já foi maior.
Os homens, no entanto, devem ficar atentos. Falhar é normal. O problema é quando isso torna-se um problema persistente. “Não ter ereção uma vez ou outra é normal para qualquer homem que não mente”, tranquiliza Berg.
Problema afeta todos os setores
As frustrações nos relacionamentos, geradas pela disfunção erétil, prejudicam a autoestima e podem desencadear um processo depressivo que acaba tendo consequências não só para o casal, mas no trabalho e em todos os outros aspectos da vida do homem. E o uso de medicamentos contra a disfunção sem a consulta médica pode não ter o efeito desejado.
“Há casos em que a dificuldade de ter ereção é causada por problemas na circulação peniana ou decorrente de cirurgias contra câncer de próstata. Assim, o uso desse tipo de medicamento não faz efeito. Além disso, o homem pode usar o remédio de forma equivocada e não conseguir o efeito desejado”, alerta Oswaldo Berg.
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