Câncer de colo de útero mata 230 mil mulheres por ano no mundo
Doença é resultante do agravamento de outro quadro clínico, o HPV
Por Natalia do Vale
O câncer de colo de útero é uma das maiores ameaças à saúde feminina. No Brasil, é o segundo tipo de câncer mais comum entre as mulheres. De acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), o mal é responsável pela morte de 230 mil mulheres por ano no mundo. No Brasil, no ano de 2007, essa doença matou 4.691 mulheres.
Estima-se que, em 2010, sejam contabilizados mais de 18 mil casos da doença para cada 100 mil mulheres. "O sucesso no tratamento é de até 100% na maioria dos casos, porém, muitas mulheres, por não fazerem o exame de papanicolau e não usarem preservativo durante as relações sexuais, acabam se tornando portadoras de lesões cancerígenas graves, chegando a óbito em muitos casos ", alerta o ginecologista Wagner José Gonçalves, da Unifesp.
Sabe-se que a doença é resultante do agravamento de outro quadro clínico, o HPV (Papiloma Vírus Humano), que é tratado com uma Doença Sexualmente Transmissível (DST). "Por ser úmida e quente, a vagina torna-se um ambiente ideal para a proliferação do vírus do HPV. Existem mais de 100 variações do vírus, os considerados de alto risco (oncogênicos), provocam lesões que evoluem para o câncer", explica Wagner. Alguns cuidados são essenciais para prevenir o contágio do HPV. São esses:
Vida sexual ativa sem preservativo
Usar camisinha durante as relações sexuais é essencial para reduzir os riscos, mas não elimina a chance de contaminação. "Uma vez que o vírus pode ser transmitido através do atrito da pele com uma área infectada, o preservativo vai proteger apenas a região do pênis que é recoberta por ela.
Se há contato com outras áreas expostas contaminadas, como a região púbica e escrotal masculina ou com a vulva feminina, as chances de transmissão existem", explica o ginecologista José Maria Soares, um dos autores do livro "Ginecologia" (Editora Manole).
Para o ginecologista Wagner José Gonçalves, outro agravante é que as mulheres iniciam sua vida sexual cada vez mais cedo, porém, a falta de informação e a euforia, típicas da idade, fazem com que o preservativo seja deixado de lado, tornando-as grandes alvos do HPV.
O HPV é mais resistente do que o HIV, porque sobrevive por mais tempo no ambiente. "O risco de contágio através do contato com toalhas, roupas íntimas e até pelo vaso sanitário é menor, mas existe", diz José Maria. Logo, se há o atrito com uma peça infectada, a chance de contaminação não pode ser descartada.
Estima-se que de cada 1000 mulheres com HPV, cerca de 5 terão lesões cancerígenas. "Depende muito do sistema imunológico da mulher", explica Wagner. "Se tivessem atendimento médico adequado, campanhas mais efetivas de prevenção e de propagação da importância do exame ginecológico papanicolau, muitas vidas poderiam ser salvas", explica o ginecologista.
O ideal é não usar roupas apertadas. No calor, vestidos e saias são mais do que bem vindos como forma de prevenção do HPV. "É fundamental deixar as partes íntimas arejadas e confortáveis" , continua Wagner.
Prevenção
"O câncer de colo de útero é o único tipo de câncer que tem um começo, meio e fim delimitado. Ele demora em média de 5 a 10 anos para se desenvolver do primeiro estágio ao mais grave", explica Wagner José. Para o ginecologista, medidas simples poderiam evitar a doença:
-Fazer o exame de papanicolau. Apesar das falhas, o exame ainda é o mais eficiente método de detecção da doença. "Apenas 19% das brasileiras fazem o exame e boa parte da população desconhece sua importância", alerta o ginecologista da Unifesp.
"Por isso, ele deve ser feito regularmente.? De acordo com ele, não é necessário fazer o exame todos os anos, afinal, o tempo de manifestação da doença vai de 5 a 10 anos.? Para quem começou sua vida sexual agora, é recomendado fazer uma vez por ano, mas se você fez o exame por três anos consecutivos e não apresentou alterações, não precisa fazer anualmente. Basta fazê-lo uma vez a cada dois anos", continua.
Não há cura para o HPV. "É o sistema imunológico da mulher que se encarrega de expulsar o vírus", explica Wagner. Por isso Wagner recomenda:
- Tenha boas noites de sono. "O sono fortalece o sistema imunológico e faz com que tenhamos mais força para reagir a "agentes intrusos" como o vírus do HPV", explica o ginecologista.
-Evite o fumo. "O cigarro agrava e muito o problema por enfraquecer o sistema imunológico", diz o ginecologista.
-Dispensar a calcinha de vez em quando: para dormir, por exemplo. "Deixar as partes íntimas arejadas ajuda a evitar a propagação do HPV", explica Wagner.
De cada 1000 mulheres com HPV, cerca de 5 terão lesões cancerígenas
O ginecologista explica que os tratamentos mais eficazes contra o problema são:
Fase inicial da doença
Quando a paciente não desenvolveu lesões muito graves, uma cirurgia simples em que ocorre apenas a retirada do colo do útero é bastante eficiente. "Porém, se as lesões forem um pouco mais graves e atingirem as áreas ao redor do colo, é preciso retirar o útero inteiro, o que elimina as chances de uma gravidez", explica o ginecologista da Unifesp.
Fase avançada
"Quando chega no estágio que nós chamamos de lesões invasoras, apenas o tratamento com quimioterapia e radioterapia é eficiente", finaliza.
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