Nova declaração da ONU abre caminho para erradicação da Aids
EFE
"Esta declaração nos abrirá caminho para o início do fim da Aids", garantiu nesta sexta-feira à imprensa o subdiretor do Unaids (Programa Conjunto das Nações Unidas contra a Aids), Paul de Lay, que aplaudiu o compromisso da comunidade internacional para acabar com a pandemia que já dura 30 anos.
No texto aprovado pelos Estados-membros, que reconhece que, "apesar dos avanços das últimas décadas, a pandemia segue representando uma catástrofe humanitária sem precedentes", os governos se comprometeram a redobrar seus esforços para conseguir tratamento universal nos próximos quatro anos.
A nova declaração evidencia o papel crucial do tratamento contra a doença como uma das medidas mais eficientes para fomentar a prevenção do contágio e "acabar com a pandemia mundial da Aids", acrescenta.
"O mundo reconheceu que a prevenção deve ser o pilar da luta contra a Aids, e a conclusão que tratamento é prevenção fará com que o mundo se beneficie enormemente", declarou De Lay, destacando que, graças ao tratamento, o número de novas infecções foi reduzido na última década.
A promessa de alcançar o acesso universal ao tratamento significa que a comunidade internacional se compromete a levar medicamentos a 15 milhões de pessoas, mais que o dobro das que agora têm acesso a eles nos países mais pobres do mundo.
A declaração demonstra a preocupação especial da comunidade internacional com o continente africano, "a região mais afetada pela Aids, e que requer uma ação urgente e sem precedentes em todos os níveis para reduzir os devastadores efeitos da doença", ressalta.
Nesse sentido, apesar do compromisso da comunidade internacional e dos países ricos, a declaração também pede aos governos africanos que aumentem "suas próprias respostas nacionais" contra a Aids.
Outro compromisso é a redução das transmissões sexuais e por drogas injetáveis do HIV pela metade até 2015, assim como a eliminação total do contágio de mãe para filho também daqui a quatro anos.
De acordo com os cálculos, nas três décadas transcorridas desde a descoberta da doença, mais de 60 milhões de pessoas foram infectadas, causando 30 milhões de mortes e deixando 16 milhões de crianças órfãs.
Apesar do peso dado ao tratamento da Aids, o texto adotado expõe também o compromisso dos governos em "acelerar a pesquisa e o desenvolvimento de uma vacina segura, acessível e efetiva". Também foi solicitada a colaboração das companhias farmacêuticas para reduzir os custos dos tratamentos e melhorar e baratear os sistemas de diagnóstico.
Numerosas organizações pediram uma menção especial à população feminina no texto, algo que conseguiram, uma vez que a declaração reconhece com "enorme preocupação" que "as mulheres e meninas são ainda as mais afetadas pela epidemia", e que "levam uma carga desproporcional" da doença.
Nesse sentido, o texto consegue o compromisso da comunidade internacional para "acabar com as desigualdades de gênero, os abusos e a violência machista" para que mulheres e meninas "possam se proteger melhor das infecções, mediante programas de saúde reprodutiva", entre outras iniciativas.
A declaração também apoia a "participação ativa e a liderança dos jovens" na luta contra a Aids, já que as pessoas entre 15 e 24 anos representam um terço de todas as novas infecções do vírus, "com mais de 3.000 jovens se infectando a cada dia", segundo o texto.
Os governos se comprometeram a fornecer os recursos necessários à luta contra a Aids nos países pobres --entre US$ 22 bilhões e US$ 24 bilhões ao ano, de acordo com dados da Unaids.
O encontro, que contou com vários painéis e conferências paralelos com rostos conhecidos como o ex-presidente americano Bill Clinton, a cantora Annie Lennox e a atriz Naomi Watts, foi concluído com a participação de vários países latino-americanos e da Espanha, entre outros.
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