O trabalho, que levou aos pensamentos e conclusões mostradas neste livro, teve origem na Câmara de Química Fina da Universidade Federal do Rio de Janeiro, em parceria com a FINEP, que estabeleceram como preocupação primeira desenvolver a química fina para o combate a doenças tropicais.
Nesse contexto, a tuberculose foi a primeira doença-alvo escolhida pelo programa. Ao iniciar o trabalho de campo, na região de Vila Rosário (município de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro), uma das regiões de maior incidência da doença no País, a relevância das questões sociais impôs, de pronto, que o trabalho se voltasse para elas, o que logo levou a que fosse reconhecida uma Cadeia da Miséria como a causa maior da grande incidência da doença. A Cadeia da Miséria, assim chamada, é caracterizada por cinco elos: doença, fome, renda, educação e cultura: “(...) a doença existe (a alta incidência) porque há fome (ou desnutrição). Há fome porque não há o emprego que dê ao cidadão a renda necessária para comprar os alimentos nutritivos de que necessita para ter uma boa saúde. Não encontra emprego porque não tem a educação necessária para buscar em outros ambientes um que lhe propicie auferir a renda de que precisa. Não tem educação porque não tem a cultura da educação, da busca permanente do saber, nem a cultura é a do trabalho: mais está presente a do não trabalho.”
O livro discute ainda os conceitos de cura e eliminação das doenças, em geral, e mostra as ações desenvolvidas pelo programa QTROP-FAP com o objetivo de eliminar a tuberculose, que se vale de um trabalho holístico sobre os elos da Cadeia da Miséria. Entre suas várias teses, enfatiza a que diz que ogrande combate às doenças ditas tropicais deveria focalizar o combate à doença-miséria, a verdadeira doença-causa de todas as demais.
Um capítulo voltado para fármacos mostra aqueles em uso para o tratamento da tuberculose e uma plêiade de novas substâncias, ainda em fase de estudo, e discute a posição do Brasil, no presente com relação à produção de fármacos estratégicos e sobre a geração de novos medicamentos.
O livro é permeado por raciocínios que insistem na importância do uso das plantas como fulcro das ações a serem conduzidas nos vários elos da Cadeia da Miséria, que têm, como fim último, a eliminação da tuberculose.
O autor
Claudio Costa Neto, químico, nasceu e trabalhou toda sua vida no Rio de Janeiro. É professor emérito da Universidade Federal do Rio de Janeiro, pelo Instituto de Química; membro titular da Academia Brasileira de Ciências; e comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico.
É membro do Conselho Deliberativo do Instituto Vila Rosário (antiga Sociedade QTROP de Química Fina para o Combate a Doenças Tropicais), cuja saga está descrita no seu livro Vila Rosário
. É autor de Análise Orgânica, livro técnico de suas atividades como professor da disciplina de mesmo nome no Instituto de Química-UFRJ. Seu mais recente livro, A Filosofi a do Óbvio (Nova Razão Cultural), expõe ao leitor reflexões e questionamentos, em pensamentos variados, sobre a natureza humana e seu cotidiano.
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