Atendimento a presos é o grande desafio da atenção integral às pessoas com HIV
Agência Aids 1 de maio de 2011 às 13:40h
“Há quase uma década o movimento social tenta melhorar a relação com o sistema prisional para realizar prevenção e assistência. Mas as normas de segurança impedem o acesso das ONGs a esses locais”, relata José Marcos de Oliveira, representante das pessoas vivendo com HIV e aids no Conselho Nacional de Saúde. “Temos relatos de ex-presidiários com aids afirmando que a discriminação aos doentes no sistema carcerário é grande”, completa.
Enquanto a prevalência do vírus HIV na população brasileira é de 0,6%, essa taxa chega a ser 10 vezes maior entre os presos, segundo dados dos ministérios da Saúde e da Justiça.
Visibilidade das ações
Para Cristina Lattari, diretora de Ações de Saúde na SAP (Secretaria da Administração Penitenciária), falta visibilidade das ações que a entidade realiza. “Estamos desenvolvendo um projeto piloto para que presos se tornem agentes de saúde”, exemplifica.
De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, profissionais de saúde de 150 Centros de Detenção Provisória (CDP) e presídios estão sendo capacitados para realizarem o teste rápido de HIV no momento em que o preso der entrada nesses locais.
Em relação à dificuldade de acesso à população carcerária relatada por ativistas e coordenadores municipais de DST/Aids, Cristina diz que as normas de segurança existem para proteger todos os que estão nos presídios, inclusive os profissionais. Mas garantiu que existe entrega de camisinha e remédios aos detentos. “A saúde nas penitenciárias não é perfeita. Porém, a dificuldades que existem são as mesmas das pessoas que são atendidas pelo SUS em qualquer outro local.”
Segundo Tânia Regina de Souza, psicóloga do Programa Estadual de DST/Aids de São Paulo, é preciso fortalecer a atenção básica nos presídios e a articulação com os serviços especializados externos. “Por isso, em todas as nossas capacitações estamos abrindo vagas para funcionários do SAP”, conta.
Fórum sobre o sistema prisional
Devido à intensa discussão, participantes do Fórum Estadual de Dirigentes de DST/Aids do Estado de São Paulo sugeriram a realização de um evento especifico para debater o enfrentamento do HIV e da tuberculose no sistema prisional. A ideia foi bem recebida pelo coordenador-adjunto do Programa de DST/Aids do Estado, Artur Kalichman e pela gerente de Assistência Integral à Saúde do Programa, Rosa Alencar. “Atuar com a população carcerária é um dos nossos grandes desafios”, diz Rosa.
O Estado de São Paulo conta com 150 Centros de Detenção Provisória (CDP) e presídios, totalizando uma população de 150 mil pessoas privadas de liberdade.
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