Por Micaela Cyrino As meninas adolescentes foram novamente escolhidas pelo Ministério da Saúde como público-alvo de uma campanha nacional contra o HIV e aids. Desta vez, nós meninas adolescentes, receberemos destaque na campanha de Carnaval (ao lado dos jovens gays).
Para quem não me conhece, sou Micaela Cyrino, tenho 21 anos, sou estudante de artes plásticas e coordenadora da Rede Nacional de Adolescentes e Jovens Vivendo com HIV e aids.
Antes de começar a escrever este artigo pensei na seguinte pergunta: Por que nós meninas adolescentes e jovens somos vulneráveis ao HIV?
Em primeiro lugar, percebo que ainda há uma questão cultural muito forte de que a mulher é sempre inferior ao homem nas decisões em geral.
Em segundo, tem a ver com a fácil confiança que as mulheres têm pelos homens quando começam um relacionamento.
Num sexo mais casual, o preservativo é quase sempre usado, mas quando começa um relacionamento sério, um namoro, tanto a mulher quanto o homem deixam de exigir o preservativo para provar confiança pelo outro. Deixar de usar preservativo é visto como uma prova de amor.
Muitas vezes percebo que a fase de apenas ficar com um menino para passar para uma coisa mais séria, como um namoro, é a mudança de usar para deixar de usar a camisinha.
É claro que mudar comportamento não é fácil, ainda mais numa situação em que o que está em jogo é a paixão. As pessoas apaixonadas são capazes de tudo.
Mas acho que as campanhas de prevenção à aids já não têm mais o mesmo impacto como no começo da epidemia.
Talvez porque a aids já não mata mais artistas e famosos como no começo da epidemia, os adolescentes de hoje acham que é tudo bem ter aids.
Sou a favor de retomar toda a atenção e o cuidado com a transmissão do HIV, como no começo da epidemia no Brasil, mas claro que fazendo uso de todo o conhecimento que temos para evitar novos preconceitos.
Se recentemente o país e o mundo se viraram para a prevenção da Gripe A, porque não podemos resgatar essa força para a prevenção do HIV?
Contra a Gripe A, a maioria das pessoas mudou de comportamento e passou a lavar as mãos com álcool e gel sempre. Essa doença foi esclarecida para sociedade.
Será que contra o HIV, isso não poderia acontecer também? Uma campanha de comunicação em massa com linguagens bem acessíveis, explicando como se transmite o vírus, como não se transmite e que há tratamento contra a aids seria muito bem vinda.
Isso contribuiria para que mais pessoas usassem o preservativo, e mudaria o pensamento delas para além da prevenção, para uma relação melhor e sem preconceito para com as pessoas vivendo com HIV.
Torcemos e trabalharemos para que isso seja possível, e que o uso do preservativo se torne um companheiro inseparável dos adolescentes já, a partir deste Carnaval.
Micaela Cyrino é estudante de artes plásticas, coordenadora da Rede Nacional de Adolescentes e Jovens Vivendo com HIV e aids, e participou do grupo de trabalho de comunicação da campanha do Ministério da Saúde para a prevenção do HIV no Carnaval. |
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