Triagem precoce de câncer de mama aumenta risco de erro no diagnóstico
21/07/2010
The New York Times
Um erro de diagnóstico, não raro, mais uma vez levanta a polêmica sobre a necessidade de triagem precoce do câncer de mama. Com os avanços tecnológicos e exames cada vez mais sofisticados, patologistas precisam opinar sobre lesões cada vez menores, algumas do tamanho de um grão de sal, e que muitas vezes podem ser benignas ou tumores malignos em fase inicial. No ano passado, numa revisão de estudos, um grupo independente de especialistas dos Estados Unidos recomendou que as mulheres só façam mamografias a partir dos 50 anos e não a partir dos 40 anos. O Instituto Nacional de Câncer (INCa) segue a mesma regra, e o exame clínico e a mamografia para mulheres a partir dos 35 anos que apresentem risco alto de desenvolver a doença.
Nos Estados Unidos, chamou a atenção o caso da enfermeira Monica Long, como foi noticiado no jornal "The New York Times". Em 2007, ela recebeu de um patologista num pequeno hospital em Cheboygan, em Michigan, um diagnóstico de câncer em fase inicial a partir de uma biópsia. Então Monica passou por uma cirurgia extensa seguida, que tirou um pedaço de sua mama, quase do tamanho de uma bola de golfe. Agora, três anos depois, ela descobre que foi vítima de um erro médico.
O novo mastologista está certo de que Monica nunca teve a doença, chamada de carcinoma ductal in situ, que aparece em microcalcificações no exame de mamografia e tem indicação de biópsia. Mas esta alteração pode ser também um processo benigno. No caso da americana, ela pasou inutilmente por cirurgia, radiação, uso de medicamentos e, principalmente o medo de morrer.
- Psicologicamente, é horrível - disse. - Eu nunca deveria ter passado por isso.
Como na maioria das mulheres, os médicos na primeira avaliação tinham considerado a biópsia de mama como o exame padrão-ouro, uma técnica infalível para identificar o câncer. Porém entender a diferença entre algumas lesões benignas e câncer de mama em estágio inicial é uma área particularmente difícil da patologia, como mostram prontuários médicos e entrevistas com médicos e pacientes americanos. E o problema também acontece no Brasil.
- Diagnosticar carcinoma ductal in situ é uma história de 30 anos de confusão, com diferentes opiniões sobre o tratamento - disse Shahla Masood, chefe de patologia da Universidade da Florida.
O problema levou o governo federal americano a financiar um estudo nacional de variações de patologia mamária, com base em preocupações que 17% dos casos de cânceres ductal in situ identificados por uma agulha de biópsia podem ser confundidos. Apesar disso, não há normas de diagnóstico ou determinações dizendo que os patologistas que realizam este trabalho devem ter conhecimentos especializados. Então as chances de obter um diagnóstico exato varia de hospital para hospital.
Clipping Bem Fam(21/07/010)
Nenhum comentário:
Postar um comentário