Ativistas apoiam entrada de Dirceu Greco no Departamento de DST/Aids e Hepatites Virais
22/07/2010
O Departamento de DST/Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde deve ter na próxima semana um novo diretor: Dirceu Bartolomeu Greco, doutor em medicina tropical e professor titular de clínica médica da Universidade Federal de Minas Gerais. A informação foi confirmada hoje pela assessoria de imprensa do órgão e a posse deve ocorrer na próxima semana. Ativistas apontaram que a gestão da atual diretora Mariângela Simão foi boa e fizeram elogios, mas criticaram também a distribuição de medicamentos no País.
Elogios como competência, seriedade e abertura para diálogos com a sociedade civil foram as expressões mais usadas por todos os militantes ouvidos pela reportagem ao falarem sobre a diretora Mariângela Simão. Mas, segundo o ativista José Araújo Lima, da ONG Espaço de Prevenção e Assistência Humanizada, o Departamento de DST/Aids deixou a desejar na questão de distribuição de antirretrovirais no País. “Há falta de planejamento, sempre acontecem problemas envolvendo remédios”, afirmou. Mas, Araújo ressalta que Mariângela foi “perfeita” em questões internacionais, representando o Brasil na área de aids.
A ativista das Cidadãs Posithivas Nair Brito seguiu a mesma linha de Araújo. Para ela, falta melhorar a logística de medicamentos. “Faltou ‘mão de ferro’, ou seja, as negociações com laboratórios foram mal conduzidas”, disse. Mesmo assim, ela acredita que a gestora fez o que pôde dentro do Departamento de DST/Aids. No entanto, ressaltou que o País não pode ser “refém” da indústria internacional de medicamentos. “O governo deve realizar a licença compulsória de remédios e fortalecer o mercado nacional”, acrescentou.
As críticas são em referência principalmente ao desabastecimento do remédio abacavir neste ano, o que fez com que os pacientes fossem obrigados a trocar o fármaco por outro de mesma classe. O Departamento de DST alegou na época que teve problemas de contrato e falta de documentação de um fornecedor indiano.
O presidente do Fórum de ONG/Aids do Rio de Janeiro, William Amaral, que está na XVIII Conferência Internacional de Aids em Viena, Áustria, discordou que a questão de logística de medicamentos seja exclusivamente culpa do Departamento de DST/Aids. “Quando faltou remédio, a Mariângela fez tudo o que estava ao alcance dela para resolver o problema. Mas esse é um assunto que envolve várias instâncias e setores de governo”, defendeu. O ativista afirmou também que a gestora deve entrar para a história do programa brasileiro de aids.
Mariângela deve deixar o Departamento e ir para o Programa Conjunto das Nações Unidas para o HIV/Aids (Unaids) em Genebra, Suíça.
Renovação
Os ativistas ouvidos pela Agência de Notícias da Aids apoiam a entrada de Dirceu Greco no Departamento de DST/Aids, mas esperam que ele continue com os projetos que já estão em andamento. “Qualquer mudança nos traz um pouco de temeridade, independente de quem seja”, afirmou Roberto Pereira, militante carioca da ONG Cedus - Centro de Educação Sexual.
“Dr. Dirceu Greco é ousado, é capaz e comprometido com a construção coletiva que resultou na resposta brasileira à aids. Tem tudo para fazer uma excelente gestão”, afirmou o presidente do Grupo Pela Vidda/SP, Mário Scheffer. Para ele, o Departamento de DST/Aids não pode ter mudanças bruscas por causa de políticos do governo, mas em certos momentos podem ser bem vindas. “A luta contra a aids no Brasil, por viver certa paralisia em diversas instâncias, pede renovação, novas idéias, novos rumos. A Dra. Mariângela deixou um legado de seriedade, competência e respeito à sociedade civil, marcas que com certeza levará ao Unaids”, acrescentou.
Cortesia: Clipping bem Fam(22/07/010)
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