Especialistas se dizem otimistas com gel vaginal anti-HIV durante a Conferência Internacional de Aids em Viena
20/07/2010
“Há quatro anos, quando minha esposa Belinda e eu falamos em Toronto sobre um possível microbicida capaz de prevenir a infecção do HIV entre as mulheres, os pessimistas disseram que isso nunca seria possível. Agora, já podemos ver através do estudo CAPRISA que não estamos assim tão longe”, disse nessa segunda-feira o criador da Microsoft, Bill Gates.
Publicada ontem pela revista científica Science, a pesquisa que mostrou eficácia de até 54% de um novo gel vaginal para a prevenção do HIV foi apresentada nesta terça-feira na XVIII Conferência Internacional de Aids.
A epidemiologista Quarraish Abdool Karim, coordenadora da pesquisa ao lado do seu marido, Salim Abadool Karim, disse que é o momento esperado por mais de duas décadas. “Nós agora temos um produto que pode se tornar à base de uma nova estratégia de prevenção capaz de mudar o curso da pandemia e salvar milhares de vidas”, comentou.
Para o pesquisador John Moore, que participa de um estudo na Faculdade da Cidade de Nova York também em busca de um gel vaginal preventivo, trata-se de um resultado obvio de sucesso. “Nunca antes um microbicida se mostrou tão eficaz”, disse.
O representante da organização Coalizão e Advocacia para uma Vacina contra a Aids, Mitchell Marren, acredita que o conceito de um gel vaginal contra o HIV foi provado. “Para mim, é um dia de celebração”, afirmou.
A aprovação do produto aumentaria o poder das mulheres na prevenção do HIV, já que elas muitas vezes não conseguem exigir dos seus parceiros o uso do preservativo, se tornando vulneráveis à infecção do HIV.
Mais sobre o estudo
A pesquisa CAPRISA 004, nome que faz referência ao material desenvolvido pelo Centre for the AIDS Programme of Research In South Africa (Centro para Programas de Pesquisa em Aids na África do Sul) começou em maio de 2007, envolvendo mulheres dos 18 aos 40 anos com grande risco de infecção do HIV na Província sul-africana de KwaZulu-Natal.
O produto usado continha na formulação 1% do antirretroviral tenofovir. No total, 889 mulheres participaram dos estudos como voluntárias e foram acompanhadas por 30 meses.
O gel mostrou uma eficácia média de 39% em todo o grupo estudado, chegando a 54% entre as mulheres que usaram o produto em mais de 80% das relações sexuais. Entre aquelas que usaram em menos de 50% das relações, a eficácia caiu para 28%. O risco de transmissão da herpes também caiu pela metade.
Elas foram indicadas a passarem o gel até 12 horas antes e 12 horas depois do ato sexual.
Participaram também da pesquisa o Programa de Desenvolvimento e Pesquisas em Contracepção (CONRAD, em inglês), a Escola de Medicina da Virginia nos Estados Unidos e a Agência Norte-Americana para o Desenvolvimento Internacional (USAID).
Próximos passos
A pesquisa terá sua efetividade avaliada por um outro estudo mais detalhado e para ser licenciada como um material preventivo de uso da população deve ter uma eficácia de no mínimo 80%.
Cortesia: Clipping Bem fam(20/07/010)
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