Obama mantém as mesmas políticas conservadoras que Bush na luta contra a aids, criticam ativistas em Viena
21/07/2010
A eleição do Presidente dos Estados Unidos Barack Obama provocou uma expectativa geral sobre uma melhor influência do país em questões sociais ao redor do mundo. Para ativistas que lutam internacionalmente contra o HIV e aids, entretanto, a esperança e o sentimento de “Yes, we can”, ou seja, “Sim, nos podemos” (slogan de Obama nas eleições), está indo por água abaixo.
Em manifestação nesta terça-feira, na XVIII Conferência Internacional de Aids em Viena, representantes de diversos movimentos sociais criticaram o fato do governo norte-americano continuar trabalhando como “parceiro e amigo” da indústria farmacêutica.
Em documento divulgado no evento, eles afirmam que os Estados Unidos criaram uma lista de “Atenção Especial” para alguns países, como o Brasil, a Índia e a Tailândia, depois que essas nações se recusaram a pagar pelos altos preços das patentes dos medicamentos antiaids fabricados por laboratórios norte-americanos.
Em 2007, o Brasil decretou licenciamento compulsório do antirretroviral efavirenz, criado pelo laboratório Merck Sharp & Dohme. O governo anunciou na época que não conseguiu chegar ao preço que achava justo para a compra do medicamento.
“O Presidente Obama prometeu dar suporte aos direitos dos países em terem medicamentos contra a aids por um preço baixo, mas isso não está acontecendo”, disse Matthew Kavanagh, Diretor de Advocacia em Saúde do Projeto para Acesso Global (GAP, em inglês) nos Estados Unidos.
Thomas Lee, da organização Act Up-Nova York, disse que a ideia de que “nós podemos vencer o conservadorismo e o egoísmo econômico ainda está na promessa de Obama.”
Durante sua campanha para presidente, Obama usou como tema a frase “Yes, we can", que tinha, entre outros significados, a ideia de que é possível imaginar um mundo sem preconceito, sem ódio e sem guerra.
Supatra Nakapew, da Fundação para os Direitos na área de Aids da Tailândia, disse que aumentou muito a quantidade de pessoas em tratamento no país depois do governo também decretar a licença compulsória de alguns antirretrovirais. “As pessoas com aids vivem melhor hoje na Tailândia que antes das patentes. É urgente que o governo dos Estados Unidos deixe de pressionar os países para pagarem pelos altos royalties dos medicamentos e os ajudem a exercer o acordo TRIPS de acesso aos medicamentos essenciais”, comentou.
A TRIPs é um tratado internacional relativo à propriedade intelectual que possibilita aos países membros da Organização Mundial do Comércio incorporarem em suas legislações flexibilidades para que possam se proteger em casos de ameaça à saúde pública.
O Plano de Emergência do Presidente dos Estados Unidos para Alívio da Aids, o PEPFAR, criado por George W. Bush e seguido por Obama, também está sendo muito criticado nas manifestações em Viena. Os ativistas dizem que o plano, um dos principais financiadores da resposta mundial à epidemia, exclui os profissionais do sexo.
Clipping Bem Fam(21/07/010)
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