Governo distribui novo medicamento contra a aids para crianças
08/07/2010
Combinação de dois antirretrovirais em um comprimido facilita a adesão ao tratamento, afirma infectologista Marinella Della Negra
Para o HIV se tornar infeccioso dentro do corpo é essencial que as proteínas do vírus sejam cortadas e estruturadas corretamente. Os inibidores da protease bloqueiam o local onde o corte deve ocorrer, impedindo os novos vírus de amadurecer e de infectar outras células.
A infectologista Marinella Della Negra, do Hospital Emílio Ribas em São Paulo, defende há vários anos a criação de melhores soluções medicamentosas para o tratamento da aids em crianças. “Os antirretrovirais são lançados sempre primeiro para os adultos e levam alguns anos até serem adaptados à forma pediátrica. Aquelas que estão com falha terapêutica, por exemplo, muitas vezes ficam sem opção de tratamento”, comentou.
Segundo Marinella, o comprimido do Kaletra em menor tamanho se torna mais fácil para o tratamento pediátrico. Ela explica que a nova fórmula do medicamento, também chamada de baby dose, é composta por 100mg de lopinavir e 25mg de ritonavir, enquanto que a concentração do comprimido original, de uso adulto, é de 200mg de lopinavir e 50mg de ritonavir. “Damos o remédio conforme o metro corporal do paciente. Quando usamos o medicamento de adultos para crianças, temos que quebrar para chegar na dose certa”, comenta.
De 1996 a 2009, foram registrados cerca de 11 mil casos de aids em menores de cinco anos no Brasil, o que representa aproximadamente 2,0% do total de notificações da doença no país.
De acordo com o Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, 90 crianças estão usando a versão do Kaletra para crianças. Aqueles que se adaptam à formulação adulta desse remédio somam 1600.
O órgão informa que a tendência é mudar aos poucos o tratamento das crianças que usam remédios para adultos para a baby dose.
O valor pago pelo Governo brasileiro ao laboratório Abbott na primeira aquisição do Kaletra para crianças foi de aproximadamente 66 centavos de real por cada comprimido.
Kaletra e patentes
Em 2005, o ex-ministro da Saúde Humberto Costa fez um “quase-anúncio” de licença compulsória do Kaletra para adultos. O motivo foi a recusa da Abbott em negociar a patente do medicamento.
Quatro meses depois, quando Saraiva Felipe assumiu o Ministério, o governo federal conseguiu uma diminuição no preço do medicamento, mas desagradou a vontade de muitas das organizações não governamentais que pediam a licença compulsória do remédio.
Uma das principais críticas da sociedade civil organizada foi de que o acordo fixou o preço do remédio, com reduções graduais, por um período muito longo – até 2011 – e não previu a transferência de tecnologia. Os termos do acordo também foram considerados abusivos porque garantiram o monopólio da patente do Kaletra.
Desde então, o Ministério negocia sucessíveis quedas no preço do medicamento.
Hoje, cerca de 200 mil pessoas estão em tratamento antirretroviral no Brasil, sendo que 52 mil fazem uso da versão adulta do Kaletra.
Na última compra nacional desse medicamento, o governo gastou R$ 119,7 milhões, o que representa quase 15% do total investido para a compra de antirretrovirais no país.
Cortesia Clipping Bem Fam(08/07/010)
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