Mundo atrasa mais as metas para mulheres
09/03/2010
Chefe mundial do PNUD aponta progresso lento na redução de mortes maternas e no aumento de deputadas e senadoras nos parlamentos
Apesar de o mundo ter registrado importantes avanços nos oito ODM (Objetivos de Desenvolvimento do Milênio), algumas metas ligadas a melhoria das vidas das mulheres estão mais longe de serem cumpridas, declarou a administradora internacional do PNUD, Helen Clark, em discurso na Conferência Internacional para Liderança das Mulheres, em Londres. Isso prejudica a própria evolução nos ODM, pois a evolução das condições femininas é fundamental para que os indicadores socioeconômicos continuem a progredir, indicou ela.
“Em nível mundial, houve um progresso significativo na direção do cumprimento dos ODM”, observou, para logo em seguir destacar que restam vários desafios. “O ODM 5, que busca melhorar a saúde materna, é o objetivo em que houve menos progresso. Isso por si mesmo fala demais sobre a baixa prioridade dada às mulheres em muitas sociedades”, disse Helen Clark na conferência, em 4 de março.
Os números citados pela administradora do PNUD são alarmantes: todo ano, mais de meio milhão de mulheres morrem de complicações ligadas a gestação ou parto — ou seja, uma por minuto. A grande maioria (99%) desses óbitos ocorrem nos países em desenvolvimento, e metade da África Subsaariana.
Outra das metas que estão especialmente atrasadas diz respeito ao número de mulheres em vagas nos parlamentos. Embora a Quarta Conferência Mundial sobre as Mulheres (de 1995, conhecida como Conferência de Pequim) tenha estipulado uma meta de 30% de cadeiras preenchidas por deputadas ou senadoras, atualmente apenas 18% das legisladoras são do sexo feminino, segundo dados apresentados pela executiva do PNUD. “No ritmo de progresso atual, levaria mais 40 anos para atingir a paridade de gênero nos parlamentos nacionais”, sublinhou.
“É um direito humano básico das mulheres desfrutar completa igualdade jurídica e igualdade de oportunidade. Além disso, toda sociedade será mais pobre se falharmos em garantir todo o potencial de metade de nossa população”, afirmou.
Cumprir as metas ligadas a equidade de gênero é importante para que haja melhoria também nos outros Objetivos do Milênio, frisou Helen Clark, batendo numa tecla que tem sido destacada com frequência pela ONU. A administradora do PNUD tomou como exemplo o terceiro ODM (Estabelecer a igualdade entre os sextos e a autonomia das mulheres. Melhorar a escolaridade das meninas, por exemplo, trará benefícios importantes no futuro, “já que a educação da mãe é uma variável importante para a educação e as oportunidades das crianças”. Além disso, há impacto positivo também na mortalidade infantil e materna, na nutrição das crianças, na economia, na proteção contra Aids, abusos e explorações.
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