HOMENS MORREM SETE ANOS ANTES
13/07/2010
Na agenda do homem, parece nunca sobrar espaço para uma consulta. Médico, só quando a dor já se tornou insuportável. Não à toa, eles morrem, em média, sete anos antes das mulheres que, mais precavidas, costumam se submeter a avaliações periódicas de saúde . “É uma questão cultural. O homem ainda se sente superpoderoso”, resume o presidente da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), Modesto Jacobino.
Além das doenças comuns aos dois sexos, uma série de outras enfermidades podem aparecer ao longo da vida do homem: de fimose, na infância, ao câncer de próstata, na idade adulta. Sem contar os distúrbios sexuais e as doenças cardiovasculares, que ainda acometem mais o sexo masculino e são a principal causa de óbitos no Brasil.
Jacobino, porém, comemora o fato de o país já ter uma política nacional de saúde do homem, lançada em 2009, com objetivos ambiciosos, como aumentar em até 20% o número de ultrassonografias de próstata até o ano que vem, incrementar o repasse de procedimentos urológicos e familiares aos municípios e atender, pelo menos uma vez em cada 12 meses, 2,5 milhões de homens entre 20 e 59 anos na rede pública — um percentual de consultas 5% maior do que o atual.
“A resistência masculina à atenção primária aumenta não somente a sobrecarga financeira da sociedade, mas também, e, sobretudo, o sofrimento físico e emocional do paciente e de sua família, na luta pela conservação da saúde e da qualidade de vida dessa pessoa”, justifica o texto do Ministério da Saúde que institui a política de atenção integral à saúde do homem.
A SBU está empenhada em apoiar o ministério no desafio. No fim do mês passado, a entidade apresentou seis propostas ao ministro José Gomes Temporão, para serem incluídas na política de saúde do homem. O projeto prevê seis linhas prioritárias: oferecer 10 mil vasectomias voluntárias, qualificar 32 mil equipes do programa Saúde da Família nos temas doenças sexualmente transmissíveis, câncer de próstata, câncer de pênis e planejamento familiar; realizar 10 mil cirurgias de próstata em cidades das regiões Norte e Nordeste; treinar médicos para fazer biópsias de próstata; promover campanhas nacionais de conscientização e organizar um fórum nacional da saúde masculina.
Coração
Os homens de 25 a 59 anos correspondem a 41,3% da população masculina e são 20% do total de brasileiros. Nesse grupo, considerado estratégico pela política de atenção integral à saúde do homem, 75% das enfermidades se concentram em cinco áreas: urologia, cardiologia, saúde mental, gastroenterologia e pneumologia. Os indicadores de mortalidade mostram que, depois de causas externas (violência e acidentes), os óbitos do sexo masculino devem-se às doenças do aparelho circulatório, aos tumores, aos males do aparelho digestivo e, por último, às enfermidades do aparelho respiratório.
“As doenças coronarianas são responsáveis por dois terços dos casos de mortes entre os homens”, afirma o cardiologista José Roberto Melo Barreto Filho, do Instituto do Coração, em Taguatinga. Ele alerta que os principais fatores de risco são o histórico familiar, a elevação da pressão arterial, o diabetes e o tabagismo. “Mas o principal é se houve um caso de morte súbita na família”, diz. De acordo com o médico, está aumentando o número de pessoas com mais de 35 anos que morrem em consequência de ataques cardíacos. Barreto Filho explica que, por isso, é preciso fazer avaliações cardiológicas todos os anos a partir dessa idade.
Assim como as mulheres já fazem, durante todas as etapas da vida, o homem precisa fazer visitas regulares ao médico para evitar males como tumores e problemas cardiológicos. Veja quais as doenças mais comuns no sexo masculino:
– é a micção involuntária durante o sono, em crianças sem anomalias, que já possuem o controle urinário diurno. Há várias causas envolvidas, principalmente a hereditariedade. Os tratamentos medicamentosos são indicados após os 8 anos.
– são alterações miccionais na criança neurologicamente normal. Na maioria das vezes, ocorrem perdas urinárias diurnas e noturnas, podendo haver infecção urinária e constipação.
– anomalia do desenvolvimento fetal masculino, caracterizada pela abertura da uretra fora do local habitual (extremidade da glande). O tratamento é sempre a correção cirúrgica, que deve ser realizada dos 6 meses aos 2 anos. Anomalia freqüente, ela acomete um em cada 125 meninos.
– é a impossibilidade de retrair a pele do pênis (prepúcio) para expor a glande (cabeça). O tratamento é feito com cremes ou pomadas e, se não resolverem, a cirurgia é utilizada. Com 3 anos, 90% dos meninos conseguem retrair o prepúcio e expor a glande. Aos 17, cerca de 1% dos jovens permanecem com fimose. É uma das causas do câncer de pênis.
– é a ausência do testículo na bolsa escrotal. Pode ser uni ou bilateral. Na maioria das vezes, o testículo fica retido na região inguinal ou abdominal, mas pode ocorrer a agenesia (ter nascido sem). O tratamento pode ser realizado com medicamentos e, se não resolver, a cirurgia é necessária e deve ser realizada ao redor de 1 ano. Ocorre em 3 a 4% das crianças.
– presença de líquido no escroto. Na maioria das vezes, regride espontaneamente até o primeiro ano de vida. Quando não regredir ou for muito grande, a cirurgia é necessária. Ocorre em cerca de 6% dos meninos.
– causa dor e ardência ao urinar, aumento de freqüência e indisposição. Toda criança com febre inexplicável deve realizar um exame de urina. Acomete de 2 a 3% das crianças e é a segunda causa de infecção bacteriana da infância, só superada pelas vias aéreas superiores.
Tumores no testículo – o câncer de testículo é o tumor mais prevalente nos homens jovens na idade de 15 a 35 anos de idade, apresentando alta possibilidade de cura na fase inicial, com tratamento à base de quimioterapia e/ou radioterapia. O auto-exame do testículo é fundamental para o diagnostico precoce.
Torção de testículo – emergência cirúrgica com maior incidência entre 13 e 18 anos. A torção pode levar a uma deficiência na irrigação arterial do órgão, o que pode causar isquemia e necrose tecidual. O tempo é crucial para a recuperação do testículo, sendo que é possível recuperar o órgão em até seis horas.
Varicocele – É uma dilatação anômala do plexo venoso pampiniforme (veias do testículo), responsável pela drenagem venosa do testículo. Está presente em torno de 15% dos adolescentes, incidência semelhante aos indivíduos da fase adulta. Cerca de 40% dos homens com alterações da fertilidade são portadores dessa patologia. Sua ocorrência deve-se a uma insuficiência de válvulas venosas do plexo venoso (conjunto de veias) testicular.
Trauma urológico – no Brasil, morrem 75 mil pessoas decorrente de trauma a cada 18 meses. Cerca de até 90% desses indivíduos são jovens de até 29 anos. O trauma renal é o mais comum entre as afecções traumáticas urológicas, respondendo por cerca de 1 a 5% de todos os traumas, e acomete os homens três vezes mais que as mulheres.
Infertilidade – acomete cerca de 15% dos casais e em metade dos casos de casais inférteis existe um fator masculino que contribui para a dificuldade de concepção.
Disfunções sexuais – compreendem dificuldades de ereção e alterações da ejaculação, sendo a mais comum a ejaculação precoce. Problemas de ereção aumentam com a idade, especialmente pelo aparecimento de doenças sistêmicas como hipertensão, diabete e doenças cardiovasculares, além de hábitos nocivos como tabagismo e sedentarismo
Prostatite (inflamação ou infecção da próstata) – é uma doença que atinge de 2% a 10% dos homens . Fatores inflamatórios, imunológicos, neuropáticos e infecciosos são implicados como responsáveis pela constelação de sintomas que caracterizam o problema.
Litíase urinária (cálculos ou pedras) – afeta preponderantemente adultos jovens, e os homens são de duas a três vezes mais afetados que as mulheres. A cólica renal, causada por cálculos que obstruem a passagem da urina, é uma das causas mais frequentes de atendimento em emergências hospitalares.
Hiperplasia de próstata (HPB) – afeta praticamente todos os homens a partir da quarta década de vida. É causada pelo envelhecimento e pela presença do hormônio masculino, a testosterona. O aumento do volume prostático determina dificuldade à passagem de urina pela uretra, o que causa sintomas como dificuldade miccional, jato fraco, sensação de esvaziamento incompleto, aumento do número de micções e esforço para urinar.
Câncer de próstata – é a neoplasia mais frequente no sexo masculino, representando mais de 40% dos tumores que atingem os homens acima de 50 anos. No Brasil, são 50 mil casos/ano. É assintomática e o diagnóstico precoce é realizado por meio de exames de sangue periódicos de PSA (Antígeno Prostático Específico) e do toque retal da próstata.
Câncer de pênis – é um dos poucos cânceres evitáveis. A prevenção do tumor é realizada facilmente com a educação da população, com o cuidado de higiene, uso de preservativo nas relações sexuais para se evitar o HPV e a cirurgia de fimose ou exuberância de prepúcio na puberdade. Em casos graves, é preciso amputar o órgão e até mesmo os membros inferiores.
Câncer de bexiga – É o segundo tumor urológico maligno mais comum. Sua manifestação mais frequente é sangue na urina (visível a olho nu ou detectado em exame de urina). O principal fator de risco para o desenvolvimento deste tumor é o tabagismo.
Câncer de rim – É o terceiro tumor urológico mais frequente, e sua incidência vem aumentando nas últimas décadas. É mais comum em homens do que em mulheres, e é diagnosticado mais frequentemente após os 50 anos de idade.
Câncer de testículo – é uma doença rara, e os índices de cura com o tratamento cirúrgico e quimioterápico são extremamente altos, especialmente quando diagnosticados em estágios iniciais.
Doença de Peyronie – curvatura anômala do pênis. De causa desconhecida, a doença de Peyronie forma uma espécie de nódulo no pênis. Pequenos traumatismos durante o ato sexual são uma possível explicação para o problema. Este traumatismo seria seguido de uma cicatrização errônea. Atinge normalmente homens entre 40 a 65 anos.
Andropausa (DAEM – Deficiência Androgênica do Envelhecimento Masculino) – trata-se de uma diminuição gradual dos níveis sanguíneos da testosterona, que pode estar associada a uma significativa diminuição da qualidade de vida dos homens. A queda da testosterona começa em média a partir dos 40 anos. A prevalência deste distúrbio varia de 10% a 30% dos homens a partir dos 60 anos.
Doenças cardiovasculares — principal causa de mortes no Brasil, esses males afetam mais os homens que as mulheres. Além do estilo de vida (estresse, sedentarismo, obesidade, abuso de álcool e cigarro), pesquisas ainda não conclusivas sugerem que baixos níveis de testosterona podem estar associados aos fatores de risco.
Síndrome metabólica — é caracterizada pela associação de fatores de risco de doenças cardiovasculares (ataques cardíacos e derrames cerebrais), de doenças vasculares periféricas e da diabete. Também está associada à obesidade e ao sedentarismo. Para evitá-la, é preciso passar por avaliação médica regularmente, fazer exercícios e evitar álcool e cigarro.
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(neste Blog)
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