Assunto: : Antônio Pedro Índio da Costa
Antônio Pedro Índio da CostaEm menos de 24 horas de sua indicação o cara dá uma entrevista deste
polvorosa...
Imaginem um debate da Dilma ou do Temer com o "garotão"?
No youtube tem uma entrevista dele ao Jô que já está entre os vídeos
mais assistidos...
ENTREVISTA EXCLUSIVA - INDIO DA COSTA DIZ QUE VOLTA A PINTAR A CARA:
AGORA PARA ELEGER SERRA
"zona do conforto", como diz uma propaganda sobre os craques da
Seleção, e esperar a reeleição para a Câmara. Em política, quando se
tem 39 anos, tempo não é problema. Mas decidiu suar a camisa para
valer e aceitou o desafio de ser o vice na chapa encabeçada pelo
presidenciável tucano, José Serra. Surgiu como um nome de consenso de
tucanos e democratas depois da crise danada envolvendo os dois
partidos. Sem trocadilho, Indio afirma: "Volto a pintar a cara para
eleger José Serra presidente do Brasil".
Ele faz alusão ao movimento dos cara-pintadas, de 1992, que, se não
derrubou exatamente o então presidente Fernando Collor - hoje aliado
de Lula -, serviu para informar ao Congresso, à Justiça e ao próprio
chefe do Executivo qual era o sentimento da sociedade. Indio da Costa,
então com 22 anos, também foi às ruas. E acha que alguns daqueles
anseios acabaram se perdendo ou foram pervertidos. O que faz Indio
pintar a cara 18 anos depois? "O inchaço da máquina pública, o
apadrinhamento dos incompetentes, o aparelhamento do Estado, o uso
partidário da máquina pública, a baixa qualidade dos serviços do
Estado".
Advogado, membro de uma família tradicional do Rio, sem histórias
tristes para contar sobre a infância sofrida, com uma carreira na vida
privada, se quisesse, que poderia se dar sem sobressaltos. Por que
alguém com esse perfil vai para a política? Ele responde: "Paixão por
algumas causas e apreço pelas pessoas".
O candidato a vice de Serra conta que teve um aneurisma cerebral em
2003. Achou que fosse morrer. Sobreviveu. Se tirou lições
existenciais, não diz, mas ele tirou uma lição política: "Quando eu me
recuperei, tive renovada a certeza de que é preciso lutar para que
todas as pessoas tenham as condições de tratamento que eu tive." Diz
ainda: "Não é possível passar diante de um hospital público, ver
aquela fila imensa, saber que as pessoas estão sendo maltratadas e
achar que aquilo é normal."
Perguntei se juventude ajuda ou atrapalha. Sorrindo, ele afirma: "Se
for um defeito, tem cura!" Ô. Taí um mal que poderia ser incurável,
hehe. Seguem os principais trechos da entrevista, concedida ontem à
noite a este blog por telefone.
*
BLOG - Por que o senhor é um bom candidato a vice-presidente na chapa
encabeçada pelo tucano José Serra?
possam dizer melhor do que eu. Mas é certo que contou nessa escolha a
minha atuação no Projeto Ficha Limpa, do qual fui relator. É bom
lembrar, as reportagens estão por aí, que, inicialmente, os líderes do
governo, do PT, PMDB, PP e PR na Câmara se juntaram contra a proposta.
Foi preciso muita determinação nossa, do PSDB, do DEM e do PPS, para
levar adiante o que era um anseio muito justo da população.
Ela não tem como saber, sozinha, a situação criminal de muitos
candidatos. É preciso que o Estado crie barreiras e forneça os
instrumentos para impedir que a política seja contaminada por práticas
nefastas. Uma pessoa condenada não pode usar a imunidade oferecida
pelo mandato para se proteger. Essa sempre foi a minha crença, desde
que estou na política, e era e é esse o sentido primário do projeto
Ficha Limpa.
BLOG - O senhor tem 39 anos. Vai fazer 40 no mês da eleição (dia 20 de
outubro). Nesse caso, juventude ajuda ou atrapalha?
INDIO DA COSTA - Se a juventude é um defeito, é daqueles defeitos que
têm cura (risos). E também não sou tão jovem assim. Estou há 18 anos
na política. Mas reconheço que há uma marca de renovação. E me junto a
José Serra, que me parece o retrato da experiência, do conhecimento,
da competência. Não quero fazer disso que chamam juventude uma
vantagem absoluta, mas represento um modo de fazer política que está
bastante conectado com anseios coletivos, que nem sempre encontram
canais de expressão. Entre as assinaturas de Internet e de papel, o
Projeto Ficha Limpa teve a adesão de 4,2 milhões de pessoas. E elas
conseguiram se fazer ouvir, representando, certamente, muito mais
gente do que isso.
BLOG - Dezoito anos na política? Em 1992, houve o chamado movimento
dos cara-pintadas, que pediram a deposição do então presidente
Fernando Collor. O senhor foi à rua pedir o impeachment?
INDIO DA COSTA - Fui, sim. Eu fui um cara-pintada. Não era ligado a
nenhum movimento propriamente, mas fui às ruas como muita gente.
BLOG - Acredita que aqueles anseios foram satisfeitos?
exigindo ética na política. E hoje pinto a cara novamente, agora para
eleger José Serra presidente da República.
BLOG - Qual é a causa de agora? Continua a ser a questão ética?
INDIO DA COSTA - Também é, ou não precisaríamos de um projeto como o
Ficha Limpa. Mas a pauta é mais ampla.
É preciso pintar a cara contra o inchaço da máquina pública, contra o
apadrinhamento dos incompetentes, contra o aparelhamento do Estado,
contra o uso partidário da máquina pública, contra a baixa qualidade
dos serviços.
Mas é preciso pintar a cara também a favor: a favor de um modelo em
que o estado seja realmente indutor do desenvolvimento, não um patrão
da sociedade, que quer concorrer com ela. Há muita coisa a fazer no
Brasil.
BLOG - O sr. tem uma origem familiar que lhe permitira cuidar de sua
vida privada sem se meter no território às vezes hostil da política.
Por que essa escolha?
INDIO DA COSTA - Alguns dirão que é piegas, mas é verdade: é paixão
mesmo. Paixão por algumas causas e apreço pelas pessoas.
Não é possível passar diante de um hospital público, ver aquela fila
imensa, saber que as pessoas estão sendo maltratadas e achar que
aquilo é normal. Não é.
Não dá para constatar que a gente tem uma educação de baixa
performance, uma das piores do mundo, e considerar que as coisas são
assim mesmo, que a gente, como povo, é assim. É preciso melhorar essas
políticas públicas. Não é preciso ver a tragédia social decorrente de
catástrofes naturais e achar que nada pode ser feito. É a política que
tem de mudar essas realidades.
BLOG - O sr. fez uma cirurgia delicada em 2003 para extrair um
aneurisma do cérebro. Ficou com medo de morrer?
INDIO DA COSTA - Eu tinha 32 anos. Pensei na morte. Mas, felizmente,
tudo deu certo. Não quero falar de lições existenciais que aprendi,
porque isso é muito pessoal, mas não deixo de agradecer a Deus, à
minha família e aos doutores Paulo Niemeyer e Sérgio Novis, que
cuidaram de mim.
Quando eu me recuperei, tive renovada a certeza de que é preciso lutar
para que todas as pessoas tenham as condições de tratamento que eu
tive. E a questão não se limita à saúde. Já colocamos todas as
crianças na escola? Praticamente. Mas como anda a qualidade? É preciso
cuidar da capacitação técnica dos brasileiros, e desde a primeira
infância.
E as creches? Com apoio do Congresso, o atual governo transformou o
Fundef no Fundeb, mas faltam creches; os recursos não chegam, param na
burocracia.
Temos desafios imensos. E é, sim, a política que cuida dessas coisas.
É por isso que precisa ser exercida por pessoas de bem e com a
consciência limpa. A oportunidade de ser vice do Serra - acredito na
vitória - dá a chance de a gente acelerar as transformações, de fazer
mais.
Aprendi muito como vereador, como deputado federal, mas sabemos o peso
que o Executivo tem no Brasil e como ele pode ser efetivo para mudar a
realidade quando a proposta é boa. Lembro, na prática, quando fui
administrador de Copacabana, em 1995, e secretário de Administração da
Prefeitura do Rio, entre 2001 e 2006, da força que tem o Executivo
para transformar a vida das pessoas.
BLOG - O que há de melhor e o que há de pior no governo Lula?
da estabilidade econômica. E o pior está num processo de
mediocrização, de desprezo pelo mérito. O pior está em recorrer a
métodos detestáveis para manter o poder, de que o mensalão foi um
exemplo escandaloso. Não se distinguem as esferas do estado, do
governo propriamente, do aparato sindical e do partido. Isso não
constitui um atentado meramente conceitual à democracia; é uma
agressão ao padrão democrático que se dá na prática. Vimos o exemplo
do Programa Nacional de Direitos Humanos. Recorreu-se a uma boa causa
para tentar emplacar teses autoritárias, que, entre outras
barbaridades, atentam claramente contra a livre iniciativa e a
liberdade de imprensa.
BLOG - O senhor é conhecido por ser um deputado ligado à causa do meio
ambiente. Essa causa se choca, em algum momento, com a agricultura e a
pecuária?
INDIO DA COSTA - Defendo a vida.
Com a tecnologia existente, podemos produzir mais e melhor.
O setor rural brasileiro é fundamental para a vida das pessoas que
precisam se alimentar, ter emprego e renda. O produtor rural não é
inimigo; o desmatador sim. É perfeitamente possível chegar a um padrão
de racionalidade ambiental que proteja o meio ambiente e garanta o
vigor do Brasil na agricultura e na pecuária.
Defendo que as empresas verdes sejam incentivadas de todas as formas e
que se busquem novas formas de geração de energia limpa, o transporte
sobre trilhos e uma produção rural que alie a produtividade com o meio
ambiente. É possível.
BLOG - O sr. está animado? O Serra vai acordar o senhor de madrugada.
Perto de fazer 40 anos, trabalhar com uma das pessoas que mais
entendem de administração e políticas públicas no Brasil é um
privilégio pessoal, sem dúvida, me orgulha bastante. Mas me dá,
sobretudo, ânimo para realmente demonstrar que é possível fazer muito
mais em favor das pessoas, oferecendo instrumentos que as tirem da
miséria de forma efetiva, não demagógica. E vamos conseguir!
Acompanhe o Twitter
Por Reinaldo Azevedo
Armando
Nenhum comentário:
Postar um comentário