Falta de infectologistas faz com que soropositivos fiquem sem atendimento
Conseguir consultas e remédios é tão difícil quanto enfrentar doença e preconceito
POR CLARISSA MELLO
Rio - Como se não bastasse a luta diária contra a doença e o preconceito, os soropositivos do Rio têm outro desafio a superar: a demora no atendimento médico. Atualmente, quem recebe diagnóstico positivo como portador de HIV é obrigado a esperar pelo menos 90 dias para ter a primeira consulta médica, denuncia o presidente do Fórum ONGs Aids do Estado, Willian Amaral.
Em 17 novembro, O DIA já havia noticiado a dificuldade em agendar consulta, e nenhum providência foi tomada pelo poder público. “São somente 26 infectologistas para todo o município e nem todos os postos atendem soropositivos. Agendar um exame pode demorar até um ano. É absurdo”, protesta Amaral.
O presidente da Comissão de Saúde da Câmara dos Vereadores, Carlos Eduardo de Mattos, ressalta que um dos maiores problemas é em Copacabana, no Centro Municipal de Saúde (CMS) João Barros Barreto. “São 4 mil pacientes cadastrados e só três infectologistas. Não dá. Imagina a sensação de descobrir que é portador de HIV e ainda ter que esperar semanas para se consultar? A pessoa pode ter a doença agravada, fica desestabilizada”, diz.
O problema também acontece na Policlínica Antonio Ribeiro Netto (PAM 13 de Maio), no Centro do Rio, que tem 1,5 mil pacientes cadastrados e somente dois infectologistas para atendê-los. “Estou preparando relatório para mandar para o prefeito, cobrando soluções. Se não houver resposta, entro na justiça. Os pacientes não podem ficar sem atendimento”, reiterou Carlos Eduardo.
Por nota, a Secretaria municipal de Saúde informou que pacientes que chegam nos postos são orientados numa pré-consulta e saem com a consulta agendada entre 20 e 30 dias. Para o órgão, o número de infectologistas é suficiente.
Como O DIA noticiou ontem, pacientes com HIV/Aids também denunciam a falta de fornecimento pela rede de saúde de três remédios que integram o coquetel contra a Aids.
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