Anvisa suspende comércio e uso de remédio para verrugas
Folha Online
25/03/2010
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) suspendeu a importação, fabricação, distribuição, comércio e uso do produto Pointts, utilizado no tratamento para verrugas. A resolução foi publicada no site da agência na tarde de terça-feira (23).
O remédio era anunciado em horário nobre da TV como um produto importado "seguro e eficaz".
Segundo o órgão, o produto não tem registro e seu fabricante é desconhecido. A Anvisa informou, por meio de assessoria, que o Pointts é vendido de maneira ilegal no Brasil e pode chegar contrabandeado ao país, pois o remédio não foi aprovado para ser comercializado.
Ainda de acordo com a assessoria, sem a aprovação não é possível saber qual é a fórmula do medicamento. Ou seja, dentro da embalagem pode ter apenas água ou alguma substância que causa alergia ou ainda que pode desencadear algum sintoma mais grave.
A regional de São Paulo da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia) já havia emitido, na semana passada, um alerta sobre os perigos da automedicação no tratamento de verrugas. A entidade afirmou, por meio de nota, que existe publicidade de produtos que estimula o autodiagnóstico e a manipulação inadequada de lesões da pele. Estas lesões, segundo a sociedade, podem resultar em complicações no tratamento de doenças como infecções virais e até câncer (leia mais abaixo).
O produto
O diretor do laboratório Genomma no Brasil, José Roberto Corrales, procurou a reportagem e informou que houve um equívoco. "A Anvisa publicou a suspensão do produto por engano", explicou.
Corrales foi a Brasília e conversou com os responsáveis pela área técnica da agência para esclarecer o engano. De acordo com o diretor, nesta quinta-feira (25) será publicado no "Diário Oficial da União" o cancelamento da publicação.
Ele ainda informou que o medicamento é aprovado pela Anvisa desde junho de 2009 e que o número de registro está em nome do laboratório. Corrales não soube informar o que causou o erro da agência.
A reportagem apurou que o laboratório Genomma, responsável pelo produto, tem sede no México e distribui o Pointts e outros medicamentos para toda a América Latina.
No site, o laboratório informa que o Pointts --vendido por cerca de R$ 75 nas farmácias-- remove a verruga depois de congelamento por meio de nitrogênio líquido a 65ºC negativos "usado em clínicas e hospitais". O desaparecimento da verruga pode acontecer de 10 a 14 dias depois da aplicação e "geralmente uma única aplicação é suficiente podendo ser necessário de duas a três aplicações adicionais".
Entre as recomendações do laboratório no site estão a não utilização produto em verrugas genitais, em manchas de nascimento, crianças e em pacientes com diabetes e doenças vasculares.
Alerta e cuidados
O diretor de comunicação da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia), o médico Francisco Paschoal, explica que essas lesões de pele, conhecidas popularmente como verruga, podem ser cancerosas, pré-cancerosas ou virais. A automedicação pode prejudicar o tratamento correto e interferir no prognóstico. "Não cabe ao paciente a responsabilidade de se auto-diagnosticar e saber se está tratando a doença certa", informou o dermatologista por meio de nota.
O professor de dermatologia da Faculdade de Medicina do ABC, Luiz Henrique Paschoal, relatou recentemente à entidade um caso de automedicação incorreta."Atendi um paciente que se automedicou com um produto que prometia tratar verrugas, mas, na realidade, ele apresentava uma queratose actínica, uma lesão pré-cancerosa que acabou até infeccionando, uma complicação a mais devido ao tratamento inadequado", disse o médico, por meio de assessoria.
O diretor da sociedade explica que as verrugas virais são lesões causadas pelo papilomavírus humano (HPV). "Elas podem se disseminar pela pele através do contato das lesões com áreas não atingidas e são transmitidas pelo contato direto com pessoas contaminadas. Podem se manifestar de várias formas, de acordo com a sua localização", diz Paschoal.
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