Pesquisa revela: homens não procuram serviços de saúde
Levantamento feito com as sociedades médicas brasileiras, antropólogos, psicólogos, membros do Conass e do Conasems, quando foram ouvidos cerca de 250 especialistas, mostrou que os homens não costumam frequentar os consultórios por conta de três barreiras principais: cultural, institucionais e médicas. A pesquisa serviu como subsídio para a política nacional de atenção à saúde do homem, implementada no Sistema Único de Saúde, e vai ao encontro aos objetivos principais do Dia Internacional do Homem, que visa melhorar a saúde dessa população.
"Não adianta criarmos a política se o homem não for às unidades de saúde, isso acarretará em mais custos para o SUS. Hoje, do jeito que funciona, os homens buscam os serviços quando já têm de se internar; isso gera custos para o sistema, custos psicológicos para o homem e para a família, além da dor e sofrimento", alerta o coordenador da área técnica de saúde do homem do Ministério da Saúde, Baldur Schubert.
Dentre as barreiras culturais, Schubert cita o conceito de masculinidade vigente na sociedade, no qual o homem se julga imune às doenças, consideradas por ele sinais de fragilidade. O homem como provedor não pode deixar de trabalhar para ir a uma consulta. "Eles não reconhecem a doença como algo inerente à condição do homem, por isso acham que os serviços de saúde são destinados às mulheres, crianças e idosos", explica o médico. Além disso, outra dificuldade é que eles não acreditam em profilaxia, o que prejudica o trabalho em prevenção.
Em relação às barreiras institucionais, o levantamento mostrou que os homens não são ouvidos nas unidades adequadamente, por isso frequentam pouco esses locais. O fato de grande parte dos serviços serem formados por profissionais mulheres também impede que eles encontrem espaço adequado para falar sobre a vida sexual, como, por exemplo, relatar uma impotência. De maneira geral, faltam estratégias para sensibilizar e atrair os homens aos ambulatórios
Sobre as barreiras médicas, o especialista enumera a falta de postura adequada dos profissionais de saúde e as consultas com duração muito curta. "Os médicos precisam dar mais atenção nas consultas para estabelecer uma relação médico-paciente ótima", alerta.
Como enfrentar esses aspectos para provocar a mudança de comportamento é o grande desafio da política de saúde do homem. "Será preciso desaprender e reaprender o aspecto cultural. O homem deixou de ser o machão do passado, e a sociedade está reformulando o conceito de masculinidade, e para isso precisaremos da ajuda da mídia", afirma o coordenador.
Será preciso também contar com a ajuda das empresas para que elas criem programas que estimulem seus funcionários a visitarem profissionais de saúde. Em geral, eles não querem deixar o horário de expediente para ir ao consultório, pois acham perda de tempo. Uma saída seria a criação de espaços de atendimento em saúde na própria empresa. Outra solução seria a inserção do cuidado com o homem nas equipes de Saúde da Família, que já foi implementado.
Dentre as situações que mais matam o homem, até os 40 anos, estão as causas externas (violência, agressões e acidentes de trânsito/trabalho). Depois dos 40 anos, em primeiro lugar estão as doenças do coração, e em segundo os cânceres, principalmente do aparelho respiratório e da próstata.
A cada três pessoas que morrem no Brasil, duas são homens. A cada cinco pessoas que morrem, de 20 a 30 anos, quatro são homens. De acordo com a publicação Saúde Brasil 2007, os homens representam quase 60% das mortes no país. Das 1.003.350 mortes ocorridas em 2005, 582.311 foram de pessoas do sexo masculino - 57,8% do total. Assim, a cada três pessoas que morrem, duas são homens, aproximadamente.
Cortesia: Clipping Bem Fam(19/07/010)
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