Oitavo disco do cantor tem leque variado e contemporâneo
O cantor paulistano Carlos Navas lança seu oitavo trabalho, o álbum Tecido. Depois de se dividir entre canções infantis de Chico Buarque e sambas de Mário Reis, Carlos volta a um trabalho de acento contemporâneo.
Em seu novo disco vai desde a vanguarda paulistana de Itamar Assumpção até o humor carioca de Sequestraram minha sogra, impagável hit de Bezerra da Silva em surpreendente presença no repertório. Outra releitura que chama atenção é o hit Vôo de coração, faixa que batizou o primeiro LP de Ritchie e aqui é revivido em clima intimista com o piano de Moisés Alves e desenhos do sax alto de Ubaldo Versolato.
Carlos Navas é criterioso na seleção do que canta. Em seu novo repertório passam composições de Fred Martins e Marcelo Diniz (Contramão), Paulo Padilha (Onde o vento se inventou) e Kleber Albuquerque (Hino dos palhaços de semáforo). Itamar Assumpção aparece pop em Isso não vai ficar assim, que Navas canta em dueto com Lady Zu. Compositor disputado, Edu Krieger está no disco com Deus conserve para sempre o meu bom senso temperado a pitadas de loucuras, título extenso para letra que também não economiza em versos. Da dupla Alzira E. e Arruda ganhou a bossa inédita Quem sabe, que coube bem na interpretação suave do cantor. Pesquisando na internet, Carlos Navas descobriu a faixa-título Tecido, composição da excelente cantora Clarisse Grova com Léo Saramago. Na hora de gravar, o cantor convidou a amiga Clarisse Abujamra, que lê trecho de seu texto Na artéria em boa intervenção literária. Parceria de Mário Gil com letra de Paulo César Pinheiro, Nove luas é dedicado a Dorival Caymmi.
A boa receita de Carlos Navas é variada sem perder a mão do tempero do cantor. Mais uma vez estabelecendo parceria com a direção musical de Ronaldo Rayol, Carlos Navas é desses artistas que insistem em apostar em qualidade e talento enquanto o mundo aponta para caminhos da mediocridade. Nessa contramão saudável e necessária, faz seu manifesto artístico com boa música.
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