20/09/2011 21:23
Universalização do atendimento no SUS precisa de R$ 45 bilhões, diz ministro
Em debate na Câmara sobre a regulamentação da Emenda 29, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, listou uma série de medidas para combater o desperdício de recursos no setor, entre elas a criação de um portal da transparência.
J.Batista
Segundo o ministro Alexandre Padilha, regulamentação vai tirar R$ 6 bilhões dos investimentos dos estados.
Durante comissão geral para debater a regulamentação da Emenda Constitucional 29, que fixa os percentuais mínimos a serem gastos na Saúde por estados, municípios e União, realizada nesta terça-feira na Câmara, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, estimou em R$ 45 bilhões a necessidade de financiamento para que a União consiga universalizar, com qualidade, o atendimento na área. Segundo o ministro, os desafios atuais do setor são diferentes dos de quando foi criado o Sistema Único de Saúde (SUS), há 22 anos, e mais recursos serão necessários no futuro.
O texto em análise na Câmara sobre a regulamentação da emenda (PLP 306/08, do Senado) é o substitutivo do deputado Pepe Vargas (PT-RS), segundo o qual a União deve aplicar na saúde o mesmo valor empenhado no ano anterior, corrigido pela variação nominal do Produto Interno Bruto (PIB) entre os dois anos anteriores; os estados deverão aplicar 12% da arrecadação de seus impostos, e os municípios, 15%. Esses valores estão definidos provisoriamente na Constituição, mas não vêm sendo cumpridos integralmente pela falta de regulamentação. O substitutivo está na pauta do Plenário de amanhã.
Recursos do Fundeb
Para o ministro, no entanto, o texto que está sendo discutido na Câmara não é ideal, e deve retirar R$ 6 bilhões do investimento dos estados, porque desconsidera de sua parcela os recursos do Fundeb. “É um passo importante que está sendo dado, termos uma regra clara sobre o que é investimento em saúde, mas a caminhada ainda vai ser longa para reorganizar o SUS e dar conta das necessidades do povo brasileiro”, declarou.
Padilha disse que o Brasil é o país que mais envelhece no mundo, com aumento da expectativa de vida e redução da taxa de natalidade. A população acima de 60 anos deverá ultrapassar a dos menores de 15 anos, o que modifica as prioridades do SUS.
Combate ao desperdício
Durante seu discurso, o ministro listou uma série de medidas que, segundo ele, vêm sendo adotadas para combater o desperdício de verbas públicas no setor. Entre elas estão: publicação de decreto que regulamenta o repasse fundo a fundo, estabelecido na lei orgânica do SUS, que prevê contas específicas para a saúde nos estados e municípios; criação de cadastro nacional de serviços e profissionais de saúde, que impede os trabalhadores de cumprir, no papel, cargas horárias incompatíveis em estabelecimentos diferentes ao mesmo tempo; e criação do portal da transparência, que detalha os recursos gastos na área.
Padilha também citou entre os mecanismos adotados o estabelecimento de novas regras para a emissão dos certificados de filantropia; a centralização das compras de medicamentos no País e a utilização de metodologias de compra dos setores privados; a implantação do cartão nacional de saúde, com integração entre os sistemas informatizados do SUS; e o aprimoramento do sistema de informação para ressarcimento dos valores gastos pelo SUS por usuários dos planos de saúde.
“Sabemos que a saúde é o principal problema do País apontado pela nossa população. Contudo, sabemos também que nenhuma nação com mais de 100 milhões de habitantes, além do Brasil, se propôs a oferecer um serviço de saúde público, gratuito e de qualidade universal. O desafio é grande”, disse o ministro.
Reportagem – Carolina Pompeu e Marcello Larcher
Edição – Rosalva Nunes
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