Sem vincular o seu passado de
Big Brother à política, o jornalista e professor universitário Jean Wyllys elegeu-se deputado federal pelo Rio de Janeiro, apesar de ter obtido apenas 13.018 votos. Ele acabou alçado ao Congresso Nacional pela votação do deputado reeleito Chico Alencar, o escolhido de mais de 240.000 eleitores. Mesmo beneficiado pela carona do colega de partido, Wyllys, critica o critério de divisão de tempo no horário eleitoral gratuito. “Se o partido tivesse me dado algumas das inserções ou mesmo tivesse dividido ao meio o tempo de algumas delas entre o deputado Chico Alencar e eu, minha votação teria sido mais expressiva e, talvez, ajudasse a fazer um terceiro deputado pelo PSOL. Acontece que, para o partido, a reeleição do Chico Alencar era a prioridade”, pondera Wyllys, que ganhou o BBB-5 com 50 milhões de votos, e lamenta o fato de o programa despertar mais interesse que as eleições.
O novo deputado do PSOL reage com bom humor às comparações com o político americano Harvey Milk, primeiro gay assumido a se eleger nos EUA, cuja militância a favor dos homossexuais se notabilizou mundialmente a ponto de ganhar uma cinebiografia estrelada por Sean Penn. “Fico lisonjeado, sou um filho de Milk”, exalta Jean, afirmando que vai lutar pelo direito à adoção de crianças por casais gays e procurar seus pares na defesa dos direitos dos homossexuais, mas que estará no Congresso “para defender o povo brasileiro, independente da opção sexual”.
Você acredita nos políticos?
Em alguns, sim. É preciso parar de alimentar esse senso comum nefasto de que todo político não presta, é corrupto, quer enriquecer ilicitamente e legislar em causa própria. Isso não é verdade. Há políticos ruins, mas há muita gente boa, preparada e honesta.
Você recebeu 13.018 votos nesta eleição a deputado federal contra mais de 50 milhões de votos quando ganhou o BBB 5. Por que tamanha discrepância?
Eu evitei deliberadamente colar minha candidatura à participação no BBB, que foi em 2005. Não queria aparecer como celebridade, que não sou, então as pessoas que votaram em mim fizeram isso necessariamente me associar ao programa. Mas sem dúvida nesta sociedade capitalista e do consumo hedonista, o entretenimento é mais sedutor e prazeroso do que a política. No caso específico do BBB, o clima de melodrama que envolve os realities, seja por conta das histórias de vida em jogo, seja por conta dos conflitos priorizados pela edição, faz com que as pessoas se envolvam mais com eles do que processos eleitorais “sem graça”. Infelizmente, volto a dizer.
A maioria das pessoas que acompanhou sua trajetória na tevê não viu as suas aparições no horário eleitoral gratuito. Para que serve a propaganda eleitoral obrigatória na TV?
O problema não é a obrigatoriedade do programa, mas o tempo que é destinado a cada partido. Como o tempo é dividido de acordo com as bancadas das coligações no congresso nacional ou assembléias, partidos menores e sem coligações como o PSOL têm pouquíssimo tempo no programa eleitoral e nas chamadas inserções nos intervalos comerciais da tevê. No meu caso, como o Chico Alencar era o puxador de legenda do partido, todas as inserções ficaram pra ele, além de ele ter um tempo bem maior que o meu no programa eleitoral, sendo que a grande maioria desliga a tevê na hora deste programa. Se o partido tivesse me dado algumas das inserções ou mesmo tivesse dividido ao meio o tempo de algumas delas entre o deputado Chico Alencar e eu, eu teria uma votação mais expressiva mesmo tendo feito uma campanha ecologicamente correta e, talvez, ajudasse a fazer um terceiro deputado pelo PSOL. Sou a favor do financiamento público de campanha e de regras mais justas na divisão do tempo para contemplar os partidos menores.
Por que você não aceitou doações de pessoas jurídicas nem a ajuda de militantes de aluguel em sua campanha?
O PSOL não aceita doações de pessoas jurídicas por entender que esse tipo de doação pode ser o início da corrupção que vigora nos podres executivo e legislativo. Quem “doa “quer um retorno depois. Quanto a pagar militantes, além de eu ter feito uma campanha de pouquíssimos recursos (quase todos meus e de minha coordenadora), não faz qualquer sentido militante pago; militante milita por ideologia e não por dinheiro. Todos que se engajaram em minha campanha fizeram isso por acreditar em mim e minha causa.
Você também é um notório militante do movimento gay. Qual será a sua primeira medida em benefício aos gays, negros e às outras minorias que você defendeu em sua campanha?
Antes de ser um notório militante do movimento gay, eu sou um defensor dos Direitos Humanos. É como defensor dos Direitos Humanos e das liberdades constitucionais – e, claro, por ser gay assumido, logo, parte de um coletivo com cultura e demandas específicas – que eu abraço as bandeiras do movimento gay. Minha primeira medida será me integrar às comissões de Direitos Humanos e de Educação da Câmara dos Deputados, bem como ampliar a frente parlamentar pela livre expressão sexual, para, a partir daí, legislar em favor das minorias, entre as quais está também o chamado “povo de santo”, tão demonizado e perseguido por cristãos fundamentalistas.
Como você vê a comparação com Harvey Milk, primeiro político assumidamente gay a conquistar um cargo eletivo nos Estados Unidos?
Fico lisonjeado na medida em que sou “filho” de Milk, ou seja, do moderno movimento gay. Sem Milk e outros tantos que conquistaram, a duras penas, as liberdades que hoje gozamos, sem eles, Jean Wyllys não seria possível. Não sei de quem partiu a comparação. Considero-a um tanto exagerada, mas ela me deixa feliz porque admiro bastante a trajetória política de Harvey Milk.
Por que se candidatou pelo Rio de Janeiro ao invés da Bahia, o seu estado de origem?
Primeiro porque o Rio é meu estado de domicílio há quase seis anos. Há quase seis anos vivo e trabalho no Rio de Janeiro. Por isso, filiei-me ao PSOL do Rio. Não vejo problema em um migrante como eu se candidatar pelo Rio, pois o Rio de Janeiro é feito pelos fluminenses, mas também pela massa de migrantes nordestinos e nortistas que também contribui, com seu trabalho e impostos, para a construção do estado. Só para te dar alguns exemplos: a comunidade da Rocinha é quase toda composta por migrantes nordestinos e seus filhos, assim como o são também as comunidades do Complexo da Maré e as cidades da Baixada Fluminense; sem falar nas periferias das cidades de Macaé e Campos, onde há um predominância de migrantes nordestinos, principalmente baianos. Sendo assim, minha candidatura pelo Rio está mais que justificada. Além disso, o Rio sempre foi inclusivo, principalmente em se tratando de eleição e de personalidades da política. Por exemplo, o Rio elegeu Brizola, que era gaúcho de sotaque carregado; elegeu Gabeira, que é mineiro, e elegeu Lindberg Farias, que é paraibano; e, se não estou enganado, meu conterrâneo Jorge Amado se elegeu deputado federal também pelo Rio de Janeiro. Por fim, é preciso que fique claro que um deputado federal, embora represente seu estado de domicílio, deve legislar em nome de todos os brasileiros.
Como professor, uma de suas bandeiras é o progresso do sistema educacional. Como pretende melhorar o ensino no Estado do Rio, que teve o segundo pior Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), na avaliação do Ministério da Educação, em 2009, à frente apenas do Piauí e empatado com Alagoas, Amapá e Rio Grande do Norte?
Bom, levando-se em conta que o IDEB do Rio ficou, em 2009, com estes valores: 4,7 para o ensino até 4ª série, 3,8 para fundamental e 3,3 para ensino médio, é possível considerar então que o índice no Rio piora à medida que a vida escolar do estudante avança. Sendo assim, pretendo apoiar políticas de educação que ampliem o acesso de mais crianças e adolescentes à escola, mas que, ao mesmo tempo, assegurem que estes não desperdiçassem tempo com repetências, não abandonem a escola precocemente e, ao final de tudo, aprendam e se transformem em cidadãos críticos e conscientes de seus direitos e deveres. Pretendo apoiar políticas de educação que façam, da escola, um ambiente que gere criatividade, com tecnologia de ponta e alimentação saudável para atrair o estudante e mantê-lo ali, se possível em tempo integral. E de que maneira virá meu apoio? Através de emendas e principalmente através da pressão para que o governo federal aumente os recursos do PIB destinados à educação.
Você também é um notório militante do movimento gay. Qual será a sua primeira medida em benefício aos gays, negros e às outras minorias que você defendeu em sua campanha?
Antes de ser um “notório” militante do movimento gay, eu sou um defensor dos Direitos Humanos. É como defensor dos Direitos Humanos e das liberdades constitucionais – e, claro, por ser gay assumido, logo, parte de um coletivo com cultura e demandas específicas - que eu abraço as bandeiras do movimento gay. Minha primeira medida será me integrar às comissões de Direitos Humanos e de Educação da Câmara dos Deputados, bem como ampliar a frente parlamentar pela livre expressão sexual, para, a partir daí, legislar em favor das minorias, entre as quais está também o chamado “povo de santo”, tão demonizado e perseguido por cristãos fundamentalistas.
Como pretende garantir aos homossexuais o direito à adoção de crianças?
Há, no Congresso Nacional, um projeto que quer VEDAR a adoção por casais homossexuais. Vou me posicionar contra este projeto. Além disso, sempre que for possível e necessário, vou acompanhar, de perto, os casos julgados pelo judiciário, dando meu apoio e mobilizando a opinião pública.
Por que você acha importante que a legislação mude, permitindo a guarda compartilhada pelos casais gays, ao invés de a criança ser tutelada por apenas uma dos dois cônjuges como é praticado atualmente?
Porque, além de ter um impacto positivo na subjetividade da criança adotada ela se saber querida pelos dois pais ou pelas duas mães que a adotaram e não apenas por um deles, uma vez que ambos constam de seu registro, a permissão da guarda compartilhada inclui também o direito patrimonial (pensão, herança, benefícios, acesso) dos dois pais e não apenas do que adotou. É importantíssima essa mudança na legislação. Ela reconhecerá, no âmbito das leis, as diferentes famílias que já existem e constituem nossa sociedade.
Como você vê a comparação com Harvey Milk, primeiro político assumido gay a conquistar um cargo eletivo nos EUA?
Fico lisonjeado na medida em que sou “filho” de Milk, ou seja, do moderno movimento gay. Sem Milk e outros tantos que conquistaram, a duras penas, as liberdades que hoje gozamos, sem eles, Jean Wyllys não seria possível. Não sei de quem partiu a comparação. Considero-a um tanto exagerada, mas ela me deixa feliz porque admiro bastante a trajetória política de Harvey Milk.
Você acha que será preconceituado pelos seus colegas de bancada por ser ex-BBB ou homossexual assumido?
Não. E se por acaso eu for, saberei quebrar esses preconceitos como já quebrei outros tantos. E, como diz a canção, “pátria, família, religiões e preconceitos, quebrou não tem mais jeito”.
Você acredita nos políticos que ocupam os cargos públicos atualmente?
Em alguns sim. É preciso parar de alimentar esse senso comum nefasto de que todo político não presta; é corrupto, quer enriquecer ilicitamente e legislar em causa própria. Isso não é verdade. Há políticos ruins, mas há muita gente boa, preparada e honesta.
O que você fará se receber uma proposta e corrupção de um colega deputado?
Recusá-la, óbvio, e, se possível, denunciá-lo. Mas tenho certeza que não receberei esse tipo de proposta porque as pessoas sabem de minha retidão de caráter e honestidade. Como se diz lá em Alagoinhas, minha cidade natal, lagartixa sabe em que pau bate a cabeça.
O que você achou do adiamento para as próximas eleições da validação da lei da ficha limpa por parte do Supremo Tribunal Federal?
Lamentável. Se não fosse adiada, o Congresso Nacional talvez estivesse um pouco diferente pra melhor.
O que achou da votação do palhaço Tiririca a deputado federal por São Paulo?
Reflexo daquele senso comum de que falei agora a pouco: de que todo político não presta; é corrupto, quer enriquecer ilicitamente e legislar em causa própria; de que o Congresso Nacional virou uma palhaçada no pior sentido do termo e um coletivo de gente incompetente e despreparada – senso comum em parte alimentado pelo noticiário, que dá prioridade e ênfase apenas aos escândalos de corrupção, deixando de abordar da mesma forma as ações positivas dos políticos. Mais que expressão de um “cansaço” em relação aos políticos de sempre, a votação do Tiririca é expressão da despolitização ou da compreensão rasa do que é a política por parte das pessoas que votaram nele – pessoas que provavelmente só se envolvem com a política através do CQC. Não me espantaria se descobríssemos que a audiência do CQC em São Paulo votou no Tiririca, pois, para este programa, apesar de ele fazer uma ou outra denúncia relevante envolvendo governos, a política é apenas motivo de piadas infames.
Você acha que o voto protesto é válido? É um bom instrumento democrático?
Depende do que você entende por “voto de protesto”. Embora se afaste da política e sequer se lembre dos nomes dos candidatos em quem votou na última eleição, a maioria dos eleitores – principalmente a maioria dos eleitores com algum grau de instrução - é ingênua o suficiente para acreditar que, ao desperdiçar seu voto em um candidato bizarro ou votar em qualquer número que lhe vier à cabeça no dia das eleições, ao fazer isso, a maioria acredita que está “protestando contra o sistema” ou “dando uma resposta aos políticos corruptos”. Os jovens, então, são os que mais caem nessa armadilha que é um misto de ignorância, ingenuidade e arrogância, pois, afastados voluntariamente da política e do debate público sobre as questões socioeconômicas e culturais que nos dizem respeito e muito próximos do entretenimento rasteiro, eles acham que a política é apenas alvo de humor. Nada mais perigosos para a democracia do que esse comportamento. Nada mais perigoso para o nosso destino como povo do que banalizar ou desperdiçar o voto acreditando que está fazendo um “protesto”. O verdadeiro e mais eficaz protesto é escolher o candidato que melhor lhe represente por meio da busca por informação nos diferentes canais (por exemplo, por jornais e sites e não só pela tevê); é investigar a vida pública dos candidatos e identificar quais deles trabalhou ou trabalha em função de causas nobres que digam respeito ao bem-estar de todos. Isto, sim, é o grande protesto!
A maioria das pessoas que acompanhou a sua trajetória na tevê durante o BBB e depois quando você se tornou repórter do ‘Mais Você’ não viu as suas aparições no horário eleitoral gratuito. Você acha que está na hora do TSE rever a obrigatoriedade da propaganda eleitoral na tevê? Pretende fazer algo a respeito?
O problema não é a obrigatoriedade do programa, mas o tempo que é destinado para cada partido. Como o tempo é dividido de acordo com as bancadas das coligações no congresso nacional ou assembléias, partidos menores e sem coligações como o PSOL têm pouquíssimo tempo no programa eleitoral e nas chamadas inserções nos intervalos comerciais da tevê. No meu caso, como o Chico Alencar era o puxador de legenda do partido, todas as inserções ficaram pra ele, além de ele ter um tempo bem maior que o meu no programa eleitoral, sendo que a grande maioria desliga a tevê na hora deste programa. Sou a favor do financiamento público de campanha e de regras mais justas na divisão do tempo para contemplar os partidos menores.
O que acha da obrigatoriedade do brasileiro votar?
Ainda não tenho uma opinião formada sobre o assunto.
E do serviço militar obrigatório?
Também não tenho opinião formada a respeito deste assunto.
Você adotou uma campanha ecologicamente correta, sem uso de cartazes, adesivos ou placas nas ruas. Acha que teria uma votação mais expressiva se tivesse usado todo esse material publicitário?
Sim. Mas se o partido tivesse me dado algumas das inserções ou mesmo tivesse dividido ao meio o tempo de algumas delas entre o deputado Chico Alencar e eu, eu teria uma votação mais expressiva mesmo tendo feito uma campanha ecologicamente correta e, talvez, ajudasse a fazer um terceiro deputado pelo PSOL. Acontece que, para o partido, a reeleição do Chico Alencar era a prioridade.
Você tem alguma proposta que diga respeito à ecologia em sua plataforma política?
Sim. O meio ambiente também está entre as minhas preocupações, mas é preciso entendê-lo como uma teia de relações entre os seres humanos, os animais e os minerais (a água é um mineral, não nos esqueçamos) e entre os seres humanos entre si no tempo e no espaço, e não apenas como o que resta de nossas florestas e espécies em extinção.
Você foi eleito graças à votação de seu colega de partido no Rio, o deputado Chico Alencar, que se reelegeu com 240 mil votos. Acha justo o voto proporcional, que beneficia os candidatos com melhor quociente eleitoral ao invés dos mais votados?
É importante ressaltar que o mandato não é meu, mas do partido, algo já consolidado pela legislação eleitoral e STF. Dessa forma, a eleição não poderia se restringir a um único nome, mas à legenda, como é o caso. A eleição segue uma ordem de votação, por mais que um candidato tenha menos votos que o outro.
Você recebeu 13.018 votos nesta eleição a deputado federal contra mais de 50 milhões de votos quando ganhou o BBB 5. Acha que o brasileiro dá mais importância ao programa do que à política?
Nesta sociedade capitalista e do consumo hedonista, o entretenimento é mais sedutor e prazeroso do que a política, infelizmente. Além disso, o clima de melodrama que envolve os realities, seja por conta das histórias de vida em jogo, seja por conta dos conflitos priorizados pela edição, faz com que as pessoas se envolvam mais com eles do que processos eleitorais “sem graça”, infelizmente, volto a dizer. Porém, a gente não pode considerar essa atitude das pessoas um mero equívoco. É preciso ir buscar entender que transformação cultural e nas mentalidades está em curso, quais os impactos políticos dessa atitude. Foi o que eu fiz ao me inscrever no programa.
Passado o assédio inicial após ter vencido o BBB há cinco anos, você voltou à vida pública. Não sentiu receio de se expor de novo?
Eu nunca saí da vida pública. Posso ter me afastado deliberadamente dos programas de auditório e do noticiário das revistas de celebridade para retomar e preservar meu prestígio como professor universitário e jornalista, mas não da vida pública. Continuei escrevendo para jornais e para meu blog e participando de programas de tevê cujo conteúdo tivesse a ver comigo e com meu trabalho. Fiz programa para o Canal Brasil, participei de debates no Futura, no Multishow, no GNT, na Band e na MTV. Quando Veja publicou a entrevista com a psicóloga homofóbica Rozângela (o nome dela é com z memsmo) Justino, fui o primeiro intelectual a contestá-la publicamente e minha resposta circulou por milhares de listas na internet. O problema é que a grande maioria só está interessada em entretenimento da Globo, e, deste, eu me afastei deliberadamente.
O título de ex-BBB ajudou o atrapalhou a sua campanha?
Em minha campanha, não houve qualquer referência ao BBB. É possível que algum candidato a estadual do partido que fez dobrada comigo tenha feito referência ao programa no material em que aparece comigo. Não sei de nenhum, mas é possível. Porém, eu, em minha campanha e em meu material, não fiz qualquer referência e proibi minha coordenadora de fazê-la.
Por que você não aceitou doações de pessoas jurídicas nem a ajuda de militantes pagos em sua campanha?
O PSOL não aceita doações de pessoas jurídicas por entender que esse tipo de doação pode ser o início da corrupção que vigora nos podres executivo e legislativo. Quem “doa “quer um retorno depois. Quanto a pagar militantes, além de eu ter feito uma campanha de pouquíssimos recursos (quase todos meus e de minha coordenadora), não faz qualquer sentido militante pago; militante milita por ideologia e não por dinheiro. Todos que se engajaram em minha campanha fizeram isso por acreditar em mim e minha causa.
No segundo turno você apoiará Dilma ou Serra?
Vou acompanhar a decisão do partido já que o PSOL tinha candidato próprio no primeiro turno.
Em quem você votará para Presidente?
Vou acompanhar a decisão do partido.
Você entendeu como homofobia e/ou vai fazer algum ato de protesto ao pastor Silas Malafaia? O religioso espalhou 600 outdoors pelo Rio escritos: 'Em favor da família e da preservação da espécie humana. Deus fez macho e fêmea.'
Sim, entendi como homofobia. E já iniciei o protesto. No Twitter e no Facebook levantei um debate entre meus seguidores e os apresentei dois textos meus em que argumento contra o fundamentalismo cristão e sua homofobia. Vi os outdoors quando ainda estava em campanha. Fiquei indignado, mas, naquele momento, não fiz nada porque tinha de priorizar a campanha; alem disso, fiquei esperando que as ONGs LGBTs, OAB, ABI, os intelectuais que estudam gênero e sexualidade ou mesmo os biólogos darwinistas, os geneticistas e os especialistas em técnicas artificiais de reprodução humana e o Ministério Público se manifestassem. Não se manifestaram. Por que? Não querem comprar briga com os fundamentalistas? É melhor comprar agora do que esperar para brigar quando eles tiverem transformado o Brasil numa nação cujo estado age em nome de dogmas religiosos. Então, resolvi fazer o que posso no momento.
O que fará após o segundo turno das eleições. Entrará em férias, para descansar do corpo a corpo da campanha eleitoral?
Talvez sim.
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