De acordo com o estudo, pesquisadores, centros de pesquisa e universidades são a principal fonte da imprensa na maioria das matérias. Em segundo lugar surgem os gestores, conforme mostra o gráfico.
Da amostra pesquisada, foram analisadas em maior detalhe as cem matérias consideradas mais relevantes, ou seja, aquelas em que o termo tuberculose não aparecia como mera citação (listagem de agravos, diagnóstico ou causa mortis de determinada personalidade, por exemplo), mas que tratavam do tema. Na média, pelo menos uma matéria por mês sobre o assunto foi publicada em um dos jornais pesquisados. O Dia Mundial de Luta contra a Tuberculose — 24 de março — foi o período de maior densidade de notícias em que se mencionava a palavra.
Além da avaliação quantitativa dos tipos de fontes preferidas pelos jornalistas, Liandro buscou compreender o sentido e as estratégias das mensagens veiculadas. Utilizando-se dos referenciais teóricos da Análise do Discurso, avaliou qualitativamente as diversas vozes, contexto e silenciamentos surgidos em 19 textos jornalísticos, selecionados por conter a palavra tuberculose no título ou como chamada de capa (o que ocorreu em apenas dois casos). Nesse material, verificou que a escassez de vozes de pacientes comprova ausência de polifonia, qualidade do bom jornalismo.
A pesquisa constatou, ainda, que a imagem da doença aparece nos meios de comunicação em associação à aids ou sob o estigma das más condições de vida e habitação. “Já tivemos a fase do romantismo, a fase do quase esquecimento e a fase da doença de pobre”, resume Liandro.
Populações suscetíveis
As populações mais suscetíveis a desenvolver a doença são a indígena (incidência quatro vezes maior do que a média nacional), pessoas com HIV (30 vezes maior), presidiários (40 vezes) e moradores de rua (60 vezes). No entanto, elas praticamente não estão retratadas nas matérias analisadas. Na visão do jornalista, essa ausência da “cara da tuberculose” na mídia contribui para a ignorância em relação a antibioticoterapia realizada hoje. “A doença muitas vezes ainda é associada à morte e não há um conhecimento generalizado de que o tratamento é altamente eficaz. Uma das questões que devem ser trabalhadas é a da cura”, observa.
No Brasil, a tuberculose é a terceira causa de morte por doença infecciosa, de acordo com o Sistema de Informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde. Transformar a abordagem do tema na mídia é uma medida importante nesse cenário. “Seria um objetivo não apenas ideal, mas plenamente factível”, afirma o pesquisador em seu texto.
• Acesse também: www.fundoglobaltb.org.br (Tuberculose > Depoimentos) e www.gaexpa-rj.webnode.com.br
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