03.02.2011
|12h27m
O tema está na pauta do país há mais de 30 anos, desde os governos militares. Sempre discutido com muita paixão, e até com certa violência. Na última semana, voltou às páginas por conta da decisão do governo de conceder uma licença parcial para que fosse instalado um canteiro de obras. Nesta coluna especial sobre Belo Monte, não vamos falar sobre licenças ou diretores demitidos. Vamos tratar do assunto do ponto de vista estratégico, discutir a floresta e não a árvore, abordar a segurança energética e a preservação do maior patrimônio ambiental do Brasil: a Amazônia.
Para isso, foram convidados 12 especialistas no assunto, entre cientistas, ambientalistas, economistas e empresários. Eles responderam a duas perguntas bem simples: Você é contra ou a favor de Belo Monte? Por quê? O grupo ficou dividido e ambos os lados apresentaram bons e sólidos argumentos. Mas algumas conclusões são óbvias. A primeira, é que a obra não é obviamente boa e nem obviamente ruim. Talvez não seja urgente como argumenta o governo, mas também não é o maior absurdo do planeta como tentam fazer crer alguns ambientalistas.
Outro ponto claro é a total falta de habilidade, dos diversos governos ao longo desses anos, em lidar com esse tema. Temos um problema de governança e de credibilidade. As audiências públicas não são públicas, os números não batem e não existe transparência. Boa parte das críticas vai nessa direção, e onde falta gestão, sobra desinformação e prospera o radicalismo. Um assunto estratégico e de Estado é tratado como se fosse um problema do IBAMA, que deveria ser um órgão técnico e cuidar de garantir que as condicionantes estabelecidas fossem cumpridas.
Mas as grandes divergências estão exatamente nas visões sobre os impactos ambientais e sociais e sobre a necessidade de energia que o país terá nos próximos 20 anos. Uns acham que os impactos são muito grandes, outros dizem que eles são mínimos e que há benefícios sociais. Para os defensores do projeto, o Brasil não poderá continuar crescendo sem a energia gerada na Amazônia. Para os críticos, temos que investir unicamente ou prioritariamente em eficiência energética, usinas eólicas e de biomassa. Um bom debate, que afeta a vida de todos os brasileiros e que deveria ser mais democrático e racional.
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