Allan Ponts Via FB | 10 de agosto de 2011 09:48 |
Homossexualismo*: Onde Entra a Questão da Saúde
O homossexualismo vem sendo debatido por diversos ângulos. Do ponto de vista da saúde, ele é visto pelas muitas questões que o rodeiam e não pela sua condição em si, uma vez que deixou de ser considerado como doença. A saúde do homossexual está sendo discutida do ponto de vista do seu conforto psicológico, a partir da sua aceitação sócio-cultural
Por ser uma questão que envolve vários aspectos polêmicos, em especial os culturais, jurídicos e sociais, o homossexualismo costuma também ser um tema controverso para a saúde.
Centenas de pesquisas foram realizadas e outras centenas estão em curso para tentar definir a homossexualidade: trata-se de uma doença? Um distúrbio? Uma perversão? Uma opção? Seja como for, embora os números variem, aceita-se dizer que cerca de 10% da população é lésbica ou homossexual numa parte significativa das suas vidas, conforme explica o Grupo Gay da Bahia (GGB), atuante ONG (Organização Não-Governamental), em sua página na Internet sobre o assunto.
“É difícil determinar percentagens exatas devido ao fato de muitos daqueles que temem o preconceito esconderem a sua orientação sexual”, ponderam. Segundo o GGB, “os indivíduos homossexuais crescem em todo o tipo de lares, em todos os tipos de famílias. São criados nas áreas rurais, nas grandes cidades e em todos os locais deste mundo. Os homossexuais estão presentes em todos os grupos sócio-econômicos, étnicos e religiosos imagináveis”.
Assumindo-se estes dados como verdadeiros, estamos tratando aqui de uma parcela consideravelmente grande da população, realmente expressiva, impossível, portanto, de ser ignorada nas suas questões de saúde, assim como nas suas demandas sociais, culturais ou jurídicas.
Pequeno Histórico
No Brasil, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) em Minuta de Resolução do dia 03 de março de 1999, estabelece uma série de normas de atuação para os psicólogos em relação à questão da Orientação Sexual, em especial partindo do princípio que a homossexualidade “não constitui doença, nem distúrbio e nem perversão”.
De acordo com o que rege esta minuta do CFP, os psicólogos não colaborarão com eventos e serviços que proponham tratamento e cura das homossexualidades, devendo eles apenas “contribuir com seu conhecimento para uma reflexão sobre o preconceito e o desaparecimento de discriminações e estigmatizações contra aqueles que apresentam comportamentos e práticas homoeróticas”.
De acordo com a edição 27, ano XII, de agosto de 1993, do Boletim do Grupo Gay da Bahia (GGB), em 1985, anos antes, portanto, do CFP se pronunciar sobre o tema, o Conselho Federal de Medicina também passou a impedir a classificação da homossexualidade como desvio e transtorno sexual.
Em 1989 o Código de Ética dos Jornalistas passou a incluir a proibição de discriminação por orientação sexual. Em 1990, nas leis orgânicas de 73 municípios e nas constituições dos Estados de Sergipe, Mato Grosso e Distrito Federal, foi incluída a expressa proibição de discriminar por orientação sexual.
Em outros países o homossexualismo está em discussão há ainda mais tempo. Em 1973, o Conselho de Administração da Associação Psiquiátrica Americana aprovou uma resolução que define: “exortamos todos os profissionais em saúde mental a que tomem a iniciativa de remover o estigma da doença mental associada à orientação sexual”.
A difícil tarefa: definir o homossexualismo Como é possível observar, a preocupação em definir o homossexualismo atinge áreas muito amplas – e nosso objetivo aqui é abordar apenas o aspecto saúde. Para o Grupo Gay da Bahia, militante das causas homossexuais, as definições importam muito e significam um diferencial importante na hora de tratar desta minoria – pois as questões do preconceito e da exclusão sociais, estas sim, podem gerar problemas sérios de ordem psíquica e emocional.
Embora a American Psychological Association (Associação de Psicologia Americana) não considere a homossexualidade como um desvio emocional ou mental, o GGB leva em conta que o estigma social associado ao fato de ser homossexual pode ser “emocionalmente devastador”.
De acordo com o APA’s & AMA’s Positions on Homossexuality, citado como fonte na página do GGB na Internet, “aparentemente a educação dada pelos pais tem pouca, se alguma, influência na orientação sexual de uma criança. No entanto, a atitude dos pais pode influenciar o modo como a criança aceita a sua sexualidade, quer seja heterossexual quer homossexual”.
É provavelmente dentro deste dado que entra a questão da saúde para os homossexuais: muito mais ligada aos preconceitos que estes indivíduos precisam enfrentar ao longo da descoberta e afirmação de sua condição, do que na sua condição propriamente dita.
Homossexualidade, para o Grupo Gay da Bahia, “é a atração sexual dirigida fundamentalmente para indivíduos do mesmo sexo”. Segundo eles, uma mulher que é atraída principalmente por mulheres é chamada de "lésbica" e um homem que se sente sexualmente atraído por homens é chamado "homossexual" ou "gay", embora estas duas palavras também se apliquem às mulheres.
Conforme o GGB, ter sentimentos para com alguém do mesmo sexo não faz desta pessoa necessariamente um homossexual, tendo em vista que “muitos rapazes e moças, durante a primeira infância e mesmo adolescência, sentem atração sexual e chegam mesmo a ter experiências homossexuais, mas não são gays nem lésbicas.
Muitos adultos sentem atrações ou têm experiências do tipo homossexual sem que se considerem eles próprios gays ou lésbicas”. De acordo com o que entende o GGB, não é ainda conhecida uma causa para a homossexualidade ou para a heterossexualidade.
Orientação Sexual: escolha ou condição?
Para não nos confundirmos com o sentido das expressões, cabe partirmos para algumas definições. De acordo com extenso trabalho realizado pelo deputado do Partido dos Trabalhadores, do Rio Grande do Sul, Marcos Rolim, também presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa, orientação sexual “é compreendida como a afirmação de uma identidade pessoal cuja atração e/ou conduta sexual direcionam-se para alguém de mesmo sexo (homossexualismo), sexo oposto (heterossexualismo), ambos os sexos (bissexualismo) ou a ninguém (abstinência sexual).
Segundo o GGB, a orientação sexual de um indivíduo não pode ser alterada. Eles consideram que se a homossexualidade é apenas uma das variações do comportamento sexual, a pergunta mais correta a ser feita seria “Os homossexuais devem mudar? E se sim, por que?”.
De acordo com o GGB, “estudos sobre o assunto mostraram que as tentativas para mudar a orientação sexual de alguém são correntemente mal sucedidas e muitas vezes levam a uma depressão agravada, e ao suicídio”. Eles atestam ainda, apoiados em estatísticas, que a maioria dos homossexuais não vêem razão para mudar, e que muitos homossexuais consultados por eles referiram que aceitar a sua orientação sexual foi um processo difícil devido ao preconceito com que homossexuais e lésbicas precisam se confrontar.
Ainda conforme o GGB, a orientação sexual, quer para heterossexuais, quer para homossexuais, não parece ser algo que uma pessoa escolha. “Alguns estudos recentes indicam que a orientação sexual tem uma grande influência genética ou biológica sendo, provavelmente, determinada antes ou pouco depois do nascimento.
Se bem que estes estudos não sejam conclusivos, é irresponsável assumir que a homossexualidade é uma escolha”, afirmam, acrescentando: “Existem mais provas científicas que suportam a idéia que a orientação tem uma componente genética, do que provas que indiquem que é apenas uma questão de opção. Tal como os heterossexuais, os homossexuais descobrem a sua sexualidade como um processo de crescimento.
A única escolha que o homossexual pode tomar é a de viver a sua vida de acordo com a sua verdadeira natureza, ou de acordo com o que a sociedade espera dele”.
Os militantes do Grupo Gay da Bahia são ainda mais taxativos ao desenvolver o assunto da escolha da orientação sexual: “Descrever a homossexualidade como um simples caso de escolha é ignorar a dor e confusão por que passam tantos homens e mulheres homossexuais quando descobrem a sua orientação sexual.
É absurdo pensar que esses indivíduos escolheram deliberadamente algo que os deixa expostos à rejeição por parte da família, amigos e sociedade”, discursam. Eles vão mais longe: “A crença que a homossexualidade é uma escolha, esconde a elevada taxa de suicídios entre adolescentes atribuídos à orientação sexual.
Porque iria um adolescente acabar com a sua vida, se podia, pura e simplesmente, evitar a vergonha, o medo e o isolamento escolhendo ser heterossexual? Este preconceito também ignora todos os homossexuais que tentaram viver a sua vida como heterossexuais, escondidos atrás de uma fachada de casamento, sempre sentido um vazio e falta de realização pessoal”, argumentam, baseados no Summary of Studies on the Origin of Sexual Orientation, que citam como fonte na sua página na Internet.
Depoimento:
O Grupo Gay da Bahia publicou o seguinte depoimento que explica o sentimento da mãe de uma garota lésbica, além de ajudar, a partir de uma metáfora, a entender a definição mais aceita pelos militantes homossexuais para a sua condição: "A maioria de nós é como um trevo de três folhas - bastante comuns, ninguém presta muita atenção em nós - mas de vez em quando encontramos um trevo de quatro folhas - uma descoberta rara e maravilhosa. Eu lembro que, quando era criança, eu passava horas procurando por este trevo de quatro folhas. De vez em quando eu achava um e o guardava dentro de um livro ou entre folhas de papel encerado. Este trevo era como um tesouro para mim, algo que eu queria cuidar e proteger".
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