Esse tal vez tenha sido o maior erro estratégico em relação às informações sobre as hepatites, resultando em que os infectados com as hepatites B e C estejam abandonados a sua própria sorte pelos governos. Ao final, se em nada afetam o ser humano não existe motivo de preocupação, não sendo necessário realizar campanhas de alerta, nem é necessário os diagnosticar e nem sequer os tratar.
A realidade já cansou de mostrar que a situação e muito mais preocupante que o velho e errado conceito original. Hoje sabemos que as hepatites B e C levam a cirrose ou ao câncer de fígado 1 de cada 4 infectados e que existem dezenas de complicações provocadas pelos dois vírus, sejam condições físicas, psíquicas ou doenças diretamente relacionadas.
Esse conhecimento das hepatites deve levar a necessidade de uma nova visão por parte da saúde pública e das políticas governamentais, não sendo mais possível continuar aceitando a passividade que esta sendo dada a maior epidemia da humanidade.
Acaba de ser publicado no Hepatology um interessante trabalho pelo qual se pesquisou nos indivíduos com hepatite C a produtividade no trabalho. O estudo foi desenhado para comparar os dias de trabalho perdidos, produtividade e custos com saúde entre empregados com hepatite C e empregados sem hepatite C nos Estados Unidos.
Foram utilizados os registros do banco de dados "Human Capital Management Services Research Reference Database" e avaliados pela demografia, salário, gastos com saúde e perda de dias trabalhados, entre outros parâmetros estudados. Em um total de 339.456 prontuários incluídos no estudo foram encontrados 1.664 empregados com hepatite C diagnosticada.
O resultado mostra que os empregados infectados com hepatite C apresentam um índice 4,15 vezes maior de dias não trabalhados que os empregados sem hepatite C. Por exemplo, se um empregado sem hepatite C falta 2 dias ao ano, um empregado infectado com hepatite C falta mais de 8 dias por ano, seja por motivo das consultas médicas ou por conseqüências da doença.
A produtividade de um empregado infectado com hepatite C foi estimada em 7,5% menos que a dos empregados sem hepatite C.
Os gastos com saúde (nos Estados Unidos são de responsabilidade da empresa) com os empregados infectados com hepatite C foram significativamente mais elevados que com os empregados sem hepatite C.
A conclusão a que podemos chegar ao analisar os dados do estudo e que um infectado com hepatite C sofrerá maiores restrições, seja para conseguir emprego, para ser promovido na empresa ou até corre o risco de ser demitido pelas faltas ou pela menor produtividade. São dados perigosos para divulgar, pois podem criar maior discriminação, mas são dados que não podem ser ignorados pelos responsáveis pela saúde pública e pelos representantes do povo que possuem a obrigação de elaborar leis que protejam os cidadãos. O Grupo Otimismo, em defesa dos infectados, se preocupa com tal problema.
E Eu como cidada e portadora de dessa doença estou nesta luta !!!
Os dados citados foram retirados do estudo "The impact of hepatitis C virus infection on work absence, productivity, and healthcare benefit cost" de autoria de Jun Su, Richard A. Brook, Nathan L. Kleinman, Patricia Corey-Lisle, publicado Online na revista Hepatology em 19 de abril de 2010 - DOI: 10.1002/hep.23726
Carlos Varaldo
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