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FOLHA DE S.PAULO
20/DEZEMBRO/09
Corte de convênio com instituto dos EUA põe fim a projeto de US$ 22 mi, hoje com dez estudos em curso, 40 funcionários e 130 pacientes
Divergência dos responsáveis pelo programa e denúncias de irregularidades motivaram interrupção; ações contra HIV estavam previstas até 2020
RAPHAEL GOMIDE
UFRJ cancela projeto milionário contra Aids
FOLHA DE S.PAULO
20/DEZEMBRO/09
Corte de convênio com instituto dos EUA põe fim a projeto de US$ 22 mi, hoje com dez estudos em curso, 40 funcionários e 130 pacientes
Divergência dos responsáveis pelo programa e denúncias de irregularidades motivaram interrupção; ações contra HIV estavam previstas até 2020
RAPHAEL GOMIDE
ANTONIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
A UFRJ cancelou unilateralmente todos os convênios com o NIH (Instituto Nacional de Saúde, dos EUA), principal financiador do Praça Onze, um dos mais importantes projetos na área de HIV/AIDS no país. Com o corte do financiamento, a medida representa, na prática, o fim do projeto, hoje com dez estudos em curso, 40 funcionários e 130 pacientes.
Os acordos com o NIH totalizam US$ 22 milhões, em estudos de prevenção e tratamento para HIV/AIDS e tuberculose, previstos para até 2020.
Anteontem, a Fundação Universitária José Bonifácio (FUJB) encaminhou ofício ao fundador e coordenador do Praça Onze, Mauro Schechter, em que veta "qualquer despesa em nome dela ou em nome da Universidade". Em casos emergenciais, gastos devem ser aprovados pela FUJB. Ao menos sete funcionários também foram chamados à fundação para assinar sua demissão.
Possibilidades esgotadas
Em carta a Schechter, o reitor da UFRJ, Aloísio Teixeira, informa que encaminhou ao NIH carta "denunciando, de forma irretratável, os convênios com eles firmados pela UFRJ". Teixeira explica que a anulação se baseia "na constatação de que se esgotaram as possibilidades de encontrarmos um padrão de convivência entre o Projeto Praça 11, a FUJB e a UFRJ".
Desvios e sumiços de recursos de ao menos R$ 1,1 milhão, noticiados pela Folha em julho, ameaçavam paralisar o projeto. A Fundação José Bonifácio (FUJB) e Schechter se acusam pelo descontrole.
As suspeitas levaram o NIH a enviar representante ao Brasil, exigir auditoria e ameaçar suspender o repasse de verbas. A crise já resultou em atrasos de salários e na demissão de 30 funcionários do Praça Onze, desde o começo do ano.
Para Schechter, "o reitor encerra um projeto de 20 anos, dizendo que a UFRJ não quer receber milhões de dólares do governo porque não há boa convivência entre o pesquisador principal e a Fundação José Bonifácio, que não são partes do convênio."
Segundo o professor, a medida pode tornar a UFRJ inadimplente diante do governo norte-americano (são convênios entre os governos, por intermédio da universidade). De acordo com Schechter, quinta acabava o prazo de prestação de contas da UFRJ com o NIH, relativas a 2007.
Teixeira diz que, "reconhecendo a importância dos referidos projetos", dispõe-se a facilitar a transferência para outra instituição de pesquisa que queira abrigá-los.
"Jogado no esgoto"
O membro do Conselho de Curadores da UFRJ -que cuida da partes financeira e patrimonial- Sebastião Amoedo afirmou que é um "projeto caríssimo jogado no esgoto". "Meu quadro é de absoluta desesperança", afirmou.
Cláudio Brazil, responsável pelo contato com os pacientes com HIV, afirmou que existe uma relação de confiança, e muitos estão "bastante abalados" com o provável fim do projeto. "Muita gente já teria morrido não fosse o tratamento que aqui. Alguns, faltando até três anos de atendimento, terão de ser encaminhados para centros fora do Rio, porque no Estado não há outro lugar", disse ele, há seis anos na função e que foi convocado pela FUJB anteontem para assinar a demissão.
Procurada pela Folha, a UFRJ informou que o reitor Aloísio Teixeira não se pronunciaria sobre o caso.
Clipping 21/12/10 BenFam
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