Genebra, 8 dezembro de 2009 – O Conselho Executivo da Unitaid, agência internacional de financiamentos em saúde, vai se reunir nos dias 14 e 15 de dezembro para decidir o futuro e o rumo do Pool de Patentes para medicamentos de AIDS. A organização internacional médica-humanitária, Médicos Sem Fronteiras (MSF) está preocupada que algumas empresas farmacêuticas estão visando excluir países em desenvolvimento, categorizados como de “renda média”, de serem beneficiários para o acesso a medicamentos desenvolvidos mediante licenças obtidas pelo Pool. Se as empresas forem bem sucedidas, quem pagará o preço serão as pessoas que vivem com HIV/AIDS.
“Países como o África do Sul, Brasil, Peru, Tailândia, Índia ou China são considerados mercados emergentes lucrativos para as empresas farmacêuticas. Mas eles também são países com epidemia de AIDS e que sofrem com o aumento dos preços dos medicamentos. Se eles forem excluídos, isto terá drásticas conseqüências para o acesso dos pacientes,” disse Michelle Childs, diretora de Policy & Advocacy da Campanha de Acesso a Medicamentos Essenciais de MSF. “Nós estamos preocupados que a UNITAID possa ceder às demandas das empresas e se afastar de seu comprometimento em garantir o acesso a medicamentos para pessoas vivendo com HIV em todos os países em desenvolvimento.”
Na cidade de Khayelitsha, na África do Sul, MSF vem testemunhando a necessidade aguda de novos medicamentos para Aids e a preços acessíveis: 16 % dos pacientes do projeto de MSF já não respondem ao tratamento para HIV de primeira linha em cinco anos e precisam migrar para esquemas de segunda linha. No entanto, os preços desses medicamentos mais novos são extremamente altos: em alguns países, passar um paciente de um esquema de primeira linha para um de segunda linha representa um aumento do custo do tratamento em dezessete vezes. Se aqueles em tratamento de segunda linha migrar para um esquema de terceira linha, o custo estimado pode chegar a cerca de US$2,300.
De acordo com a UNAIDS, tirando a África, mais de oito milhões de pessoas estão atualmente vivendo com HIV/AIDS na Ásia, América Latina, no Caribe e na Europa Oriental - incluindo muitos dos países considerados de “renda média”. Se as empresas conseguirem o que querem e estes países forem excluídos do esquema, o Pool de Patentes não irá cumprir suas promessas.
É fundamental que o Conselho da Unitaid deixe claro seu compromisso inicial de que o Pool deverá ser para o benefício de todos os países em desenvolvimento e que durante o processo para acordar os termos e condições incluam as necessidades dos pacientes nos países de “renda média”.
“O que está em jogo é o potencial do Pool de Patentes deflagrar o que está sendo chamado de bomba-relógio do tratamento,” disse Michelle Childs. “Sendo um complemento às outras salvaguardas da saúde pública, como critérios estritos de patenteabilidade e licenças compulsórias, um Pool de Patentes oferece uma solução voluntária. Todos os pacientes, incluindo aquelas nos países de renda média, precisam se beneficiar.”
Para mais informações, favor entrar em contato:
Gabriela Chaves, representante da Campanha de Acesso a Medicamentos Essenciais de MSF no Brasil, 2223-3523/8879-5680, Gabriela.chaves@msf.org.br
Notas para o Editor:
Atualmente, mais de quarto milhões de pessoas que vivem com HIV/Aids nos países em desenvolvimento recebem terapia antiretroviral. Estima-se que seis milhões estejam precisando de tratamentos que salvam vidas e aguardam ter acesso aos mesmos.
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