Vagner Fernandes, Jornal do Brasil
RIO - O barebacking e o aumento gradativo do número de pessoas infectadas pelo vírus da Aids têm provocado discussões pelo país e levado centros de estudos a repensar o desenvolvimento de ações para o combate à doença.
O Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas (Ipec), da Fundação Oswaldo Cruz, participa de uma avaliação mundial que pode apontar resultados para uma nova maneira de prevenir a infecção pelo HIV: o iPrEX, Iniciativa Profilaxia Pré-Exposição.
iPrEx é um estudo clínico que tem como finalidade analisar se dois antiretrovirais (ARV), o Tenofovir (TDF) e o Emtricitabine (FTC), juntos em um comprimido chamado Truvada®, tomado uma vez ao dia, são seguros e eficazes na prevenção da infecção pelo HIV em homens que fazem sexo com homens (HSH), em alto risco. O TDF e FTC já são usados para tratar o HIV/Aids.
Outros estudos
Chamada também de Quimioprofilaxia para a Prevenção do HIV em Homens, a pesquisa não é uma idéia nova. Existem outros estudos de Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) que estão incluindo diferentes populações com alto risco de infecção nos Estados Unidos, Tailândia, Botsuana, Uganda, Malauí, África do Sul, Zâmbia, Zimbábue e Quênia.
A pesquisa depende de voluntários. O Brasil terá 600 dos três mil avaliados no mundo. Só a Fiocruz, em Manguinhos, contará com 200. Atualmente, 11 já participam do projeto.
– A principal intervenção até o momento para prevenir a transmissão do HIV tem sido o aconselhamento e o exame voluntário, nos Centros de Triagem Anônima (CTA), e a promoção do uso de preservativo – revela Jorge Eurico Ribeiro, coordenador de Estudos Clínicos da Fiocruz.
– A eficácia dessas intervenções para reduzir o comportamento de risco foi demonstrada em alguns lugares, mas não em outros.
O fato é que a incidência do HIV ainda é alta, mesmo em lugares onde existem políticas de promoção do uso de preservativos em 100% das relações sexuais. No Brasil, o número de casos acumulados de Aids entre 1980 e junho deste ano chegam a 506.499, 333.485 são do sexo masculino, ou 66% do total.
Desinformação
Ribeiro explica por que os homens que fazem sexo com homens (HSH) compõem um dos grupos mais afetados pela Aids.
– Em países onde se obtiveram informações concretas, constatou-se que prevalência do HIV em HSH é muito mais alta que na população em geral. E essa situação piora nas nações em que se nega a existência de HSH ou onde ela é causa de discriminação. O resultado é a falta de serviços de prevenção e de cuidados especialmente concebidos para HSH.
[18:00] - 03/01/2009 - RSS
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