SAIU NA IMPRENSA
24/JAN./2015
Dia Mundial de Combate e Prevenção de Hanseníase
Fator Brasil
O Dia Mundial de Combate e Prevenção à Hanseníase é comemorado em 24 de janeiro como um alerta para o diagnóstico precoce e divulgação do tratamento que é oferecido gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF/UFRJ) é um centro de referência em diagnóstico, tratamento e reabilitação de portadores de hanseníase e possui um programa multidisciplinar de reabilitação da doença que atende cerca de 100 pacientes por mês por meio de uma equipe qualificada de professores, técnicos e alunos dos serviços de Dermatologia, Fisioterapia, Terapia ocupacional, Ortopedia e Serviço Social.
De acordo com a dermatologista do hospital, dr. Maria Leide, a doença afeta predominantemente a pele e nervos periféricos, tendo como sintoma principal a dormência nas extremidades (pés e mãos) e ou em áreas da pele, com ou sem manchas esbranquiçadas ou avermelhadas. Além disso, é de extrema importância identificar precocemente a doença, pois quanto mais cedo for a descoberta e o tratamento mais fácil será a cura, além de evitar as sequelas físicas e sociais.
Sobre a doença -Causada por um bacilo denominado Mycobacterium leprae, a doença é infecciosa e contagiosa, não é hereditária e sua evolução depende de características do sistema imunológico da pessoa que foi infectada.
Prevenção- A prevenção pode ser realizada por meio do exame dermato-neurológico e aplicação da vacina BCG nas pessoas que moram com um portador da doença.
Sintomas - Os principais sintomas são: sensação de formigamento, manchas brancas ou avermelhadas, dormência ou fisgada nas extremidades, perda da sensibilidade ao calor, frio, dor e tato, redução da força muscular, entre outros.
Tratamento -A hanseníase tem cura e o tratamento é conhecido como a poliquimioterapia, realizado pela ingestão de dois ou três medicamentos via oral.
Prole, Proletário
Diário de Pernambuco
Na antiga Roma, proletários ("proletarii") eram aqueles cidadãos de baixa renda, os de classe social mais baixa, os privados de propriedades, que para o Estado tinham a única finalidade de gerar "proles" (filhos), como mão de obra para os serviços e para as fileiras de exército.
Este sentido do termo, adiante empregado no socialismo para identificar a classe desafortunada de melhores qualidades de vida, fora do consumo capitalista, também veio implicar, modernamente, que proletário será aquele que tem prole numerosa, como diziam os romanos. Coincidências etimológicas, no dizer atual que serão sempre as famílias de baixa renda as que terão mais filhos? Diferentemente das famílias aristocráticas do século XIX cujas riquezas permitiam maior número de filhos?
Quando o Papa Francisco declarou, em retorno de Manila para Roma, que toda a procriação deverá ser uma "procriação responsável", a sugerir em tema de planejamento familiar que as famílias ideais sejam as formadas de até três filhos ("não façam filhos como coelhos"), acentua-se, de forma subjacente, o controle da natalidade que ganha causalidade objetiva na denominada "paternidade responsável".
Mais precisamente: a discussão urgente centra-se no fato de que o maior número de filhos impõe dividir pobrezas e insuficiências, agudizando os problemas sociais, nada obstante, ao depois, o Papa tenha afirmado, para as referidas famílias numerosas, que "cada filho é uma benção".
A afirmação papal ganha maior relevo por significar, antes de mais, a aceitação tácita da Igreja pelo planejamento familiar que, sabido e consabido, somente tem seu efeito prático e eficiente pelos meios e métodos contraceptivos.
Em verdade, a taxa de fecundidade vem decrescendo ano a ano, designadamente nos países mais ricos, quando controle de natalidade, população e família, são temas correlatos de elevada significação social e econômica.
Em nosso país, as taxas de fecundidade total demonstram que em 1960 eram seis filhos (6,15) por cada mulher e, quarenta anos depois (Censo de 2000) a de 2,39; colocando-se, então, o Brasil na 75ª posição entre as mais baixas taxas observadas em 192 países ou áreas, quando a média mundial correspondia a 2,76 filhos por mulher.
Dez anos depois, o censo brasileiro já indicava a taxa de 1,86 filhos.
Lado outro, a Pesquisa "Saúde Brasil", do Ministério da Saúde, com conclusões divulgadas em 29.10.2014, ofereceram dados expressivos: (i) 30% das mulheres brasileiras atualmente tem seu primeiro filho depois dos trinta anos de idade, índice que mais se aperfeiçoa quanto maior o nível de escolaridade (enquanto 22,5%, em 2000); (ii) o índice de mulheres abaixo de 19 anos, com filhos, reduziu de 23,5% para 19,2%; (iii) na última década (período de 2000-2012) o número de nascimentos decresceu em 13,3%; (iv) desde 2005, ou seja, nos últimos dez anos, as taxas de fecundidade tem se mantido abaixo de 2,1 filhos por mulher. Essas taxas, segundo os estudos, são menores que a taxa de reposição (2,1) exigível ou necessária para a não redução populacional no futuro.
Colocada a população brasileira, por regiões geográficas, atualmente as taxas de fecundidade, por ordem decrescente, apresentam-se: (i) Região Norte, 2,51 filhos por mulher; (ii) Região Nordeste, 2,04; (iii) Região Centro-Oeste, 1,93; (iv) Região Sul, 1,92; (v) Região Sudeste,1,75. Nesse contexto, as mulheres dos centros urbanos, sobretudo as de classes sociais média e alta, são as que possuem menor prole.
Nada obstante, como acentuou o pontífice, seja a "injustiça econômica" e não as famílias numerosas, a verdadeira causa da pobreza, iniludível que as famílias pobres tendem a ter mais filhos, à falta de um planejamento familiar consciente e voluntário. Em idades regulares de procriação (15 a 49 anos), tem-se que a situação populacional no mundo, conforme Relatório de 2010, do Fundo de População das Nações Unidas (Fnuap), indicava a taxa de fecundidade de 2,52 filhos por mulher. Em ser assim, o Papa está certo.
Ao tempo que as quedas das taxas de fecundidade decorrem de fatores culturais e econômicos, a reposição populacional não deva ser inferior a 2,1 (crescimento zero) e as taxas se apresentam menores nos países mais desenvolvidos, inarredável conclusão indica que nos termos da Lei nº 9263/96, "o planejamento familiar é direito de todo cidadão" (artigo 1º); todavia, em sendo de livre decisão do casal (artigo 1.565, parágrafo 2º, Código Civil), haverá de ser esse planejamento, seguro, ético e responsável com os filhos a nascer.
JONES FIGUEIRÊDO ALVES -- O autor do artigo é desembargador decano do Tribunal de Justiça de Pernambuco. Diretor nacional do Instituto Brasileiro de Direito de Família (IBDFAM), onde coordena a Comissão de Magistratura de Família.
Penúria diplomática
Folha de SP
É estarrecedor que algumas representações brasileiras no exterior se achem sob risco de ter a eletricidade cortada por falta de pagamento
Não são só os paulistanos que vivem sob a ameaça de ver as torneiras secarem e as lâmpadas se apagarem. Representações brasileiras em Benin, Guiana, Japão e Portugal também correm tal risco.
As razões são prosaicas, ainda que igualmente produto da ação errática de governantes brasileiros: falta dinheiro para pagar as contas de embaixadas e consulados.
Em Cotonou (Benin), diplomatas se veem constrangidos a usar velas e lanternas. Em Tóquio, o cônsul-geral alertou superiores para a possibilidade de corte nos serviços de telefonia e eletricidade.
A tal ponto chegou a situação do Itamaraty. Antes mesmo dos cortes orçamentários determinados pela nova política econômica do Planalto, o Ministério das Relações Exteriores (MRE) já sofria com o desinteresse da presidente Dilma Rousseff (PT) pela diplomacia.
Em seu primeiro mandato, a atuação da presidente na seara foi marcada pela marcha a ré na busca ativa --por vezes extravagante-- por influência internacional do predecessor e padrinho, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Internamente, o Itamaraty vivenciou erosão acelerada de seu prestígio no conjunto da administração federal.
A manifestação mais concreta da perda relativa de importância se verificou na queda da participação do MRE no Orçamento. De 2003 a 2014, ela caiu quase à metade, de 0,5% para 0,27%.
No momento atual, marcado pela ajuste fiscal que Dilma execrou durante a campanha eleitoral, a penúria do Itamaraty se agrava.
Circular do MRE aos diplomatas obtida por esta Folha avisa que os recursos disponíveis neste mês de janeiro só cobrirão salários e obrigações trabalhistas de contratados locais nas embaixadas e apenas parte das contas pendentes. Os proventos dos diplomatas de carreira não serão afetados.
A escassez adicional de recursos incrementa a pressão sobre um corpo diplomático já agastado. A insatisfação é marcante no quadro de jovens diplomatas inchado durante o período Lula, fruto da abertura acelerada de representações em países menores, não acompanhada da criação de vagas em escalões superiores para permitir progressão na carreira.
A situação não poderia ser mais comprometedora para o Brasil. Se não tem meios de manter as representações no exterior, o governo tem de rever a política anterior, e não deixá-la à míngua.
A gestão austera das contas públicas se tornou um imperativo após as desastradas investidas do governo dilmista, mas não pode drenar todo o lastro de um órgão de Estado que já estava à deriva.
Cisternas no Sudeste? O Ceará entra no quarto ano de seca e, por lá, não se fala em falta d'água. Qual é a lição?
Leonardo Attuch – Isto é
Neste verão, a escassez de chuvas em Fortaleza já sinaliza que o Ceará viverá o quarto ano consecutivo de dura estiagem. No entanto, nem se discute na capital cearense a possibilidade de racionamento de água em 2015. Com um sistema dividido em 12 bacias hidrográficas, com rios, represas e açudes, o Estado tem conseguido atender à demanda de sua população. E mesmo no Polígono das Secas, uma das regiões mais áridas do País, um programa implantado desde o início do governo Lula, batizado como um milhão de cisternas, atingiu resultados importantes num Estado que já foi marcado por grandes êxodos populacionais, em períodos de grandes estiagens.
A colonização do Acre no ciclo da borracha, por exemplo, foi feita sobretudo por cearenses que fugiam de uma dessas secas históricas. No Sudeste, onde até anos recentes havia abundância e também desperdício de água, o quadro é completamente distinto. Em São Paulo, uma crise de proporções épicas bate às portas do Palácio dos Bandeirantes e o novo presidente da Sabesp, Jerson Kelman, já admite publicamente a possibilidade de racionamento. No Rio de Janeiro, um dos principais reservatórios, o Paraibuna, também opera no chamado "volume morto". Em Minas Gerais, a nova presidente da Copasa, Sinara Meirelles, fez, nesta semana, um apelo pela redução de 30% no consumo. Durante muito tempo, o Brasil descuidou de seus mananciais, negligenciou os custos ambientais do agronegócio e subestimou os efeitos das mudanças climáticas. Para quem ainda duvidava do aquecimento global, 2014 foi o ano mais quente desde 1880, quando começaram os registros históricos -- o que significa que foi o ano mais quente desde sempre.
Tudo isso sinaliza que o Brasil necessita de um plano de guerra, que una autoridades federais, estaduais e municipais, para enfrentar não a crise hídrica de agora, mas sim uma transformação que parece ser estrutural. Esse pacto pela água é ainda mais urgente num país onde cerca de 70% da energia vem de usinas hidrelétricas e que, em pastos ou plantações irrigadas, produz a maior riqueza do País, que é justamente o alimento. Neste momento de crise, os Estados que se fartavam de água, como São Paulo, Rio e Minas, precisam ter a humildade de buscar lições justamente naqueles onde a regra era a escassez. É hora de ouvir o que o Ceará tem a dizer ao País.
A impotência dos pais órfãos (Ruth de Aquino)
A violência urbana absurda no Brasil, sem paralelo no mundo, deixa órfãos milhares de pais e mães todos os anos. Crianças e jovens são mortos por balas perdidas, por balas de assaltantes, por balas de PMs. Em qualquer lugar. Escola, clube, restaurante, calçada, ponto de ônibus, praia e até dentro de casa. Pais e mães de todas as classes sociais perdem seus filhos para o descaso e o desleixo de um Estado que se omite ou contribui para a barbárie armada. O Estado brasileiro é criminoso, é cúmplice, é culpado por falhar em todas as suas atribuições.
Alex Schomaker Bastos tinha 24 anos. No dia 8 de janeiro, acordou às 7 horas, tomou café preto com iogurte e banana. Não usava relógio. Vestiu, como sempre, bermuda e camiseta. A mochila não era de grife. Só gastava dinheiro com computador. Seu celular era comum, não era iPhone, ele dizia que não precisava. Para estudar biologia na Universidade Federal do Rio de Janeiro, na Praia Vermelha, no bairro de Botafogo, pegava o ônibus 434, linha que passa na esquina de casa, no bairro do Flamengo.
Gostava de mitologia nórdica. Na perna, uma tatuagem do martelo de Thor, algumas runas. Na mão direita, outra tatuagem, com o símbolo dos deuses da força. Alex se decidiu cedo pelo estudo de biologia, com especialidade em genética.
Lia Darwin desde os 12 anos. Queria fazer doutorado na Finlândia. Sonhava em conhecer Galápagos. Um passatempo era o jogo eletrônico de cartas Magic. Outro era jogar futebol americano. Andava de bicicleta no Aterro. Na Praia Vermelha, na Urca, tomava água de coco.
Alex foi atingido por sete tiros, um deles no coração, no ponto de ônibus, às 21h30 do dia 8 de janeiro, depois de passar uma mensagem pelo celular para a mãe, às 2lh 16. Os dois assaltantes, em duas motos, se irritaram quando Alex segurou assustado a mochila, com documentos, R$ 12 e um cartão de transporte, RioCard. Mandaram bala e fugiram, só levaram o celular. No momento em que Alex caía ao chão, sua mãe, a professora Mausy Schomaker, tirava da geladeira seu jantar, no ato rotineiro de toda mãe. Alex não jantaria naquele dia e em nenhum outro mais, não iria a Galápagos, não daria aulas de biologia, não faria mestrado e doutorado, não casaria com a namorada, Bia, também bióloga, não teria filhos.
Antes de entrar em choque, Alex deu o endereço de sua casa a quem o socorreu. A mãe recebeu a PM pouco depois das 22 horas e soube que o filho estava baleado no Hospital Miguel Couto. Foi para lá, "desarvorada", e os outros filhos não a deixaram ver o corpo de Alex. Só viu o rosto depois, no caixão. Alex foi cremado, e os pais jogaram as cinzas na Enseada de Botafogo. As roupas, os objetos, os livros foram distribuídos entre amigos. Os pais dizem viver uma "irrealidade". Quando Mausy e Andrei se apaixonaram, cada um já tinha dois filhos do primeiro casamento. Alex era o caçula, o único que vivia ainda com os pais.
"Hoje tomei uma cerveja com os outros filhos, fizemos um almoço em casa e lembramos dele. Chorei muito. É como se traísse Alex ao sorrir, ao beber uma cerveja", disse Mausy. "Mas é o que ele quer de nós. Alex é nosso filho, nossa dor, nossa tristeza eterna, o buraco da alma. Nós somos Alex. Não perdoamos. Nem o assassino, nem o Estado, nem o país. Não tenho um pingo de perdão, um pingo de fé. Não sou Deus, Maomé ou Buda. Não quero ouvir consolo de pessoas religiosas. Sou de esquerda, sempre serei de esquerda. Mas tem algo muito errado neste país, que se esqueceu da educação. Eu tinha 19 anos na ditadura e me sentia mais livre para andar na rua do que qualquer garoto de 16 ou 17 anos hoje. Um dia aquele ponto de ônibus será iluminado, haverá ali uma cabine, com policial dentro. Não tenho sentimento de vingança, não quero matar ninguém. Mas espero que cada um no Estado cumpra seu papel. A gente precisa trocar as armas por livros. O Hino Nacional não pode ser cantado só no Maracanã." Repetindo: o Estado brasileiro é criminoso, é cúmplice, é culpado por falhar em todas as suas atribuições. A falta de instrução universal e de qualidade - o governo Dilma acaba de cortar R$ 7 bilhões na verba de Educação! A falta de uma política federal e integrada de segurança, que dê apoio logístico e estratégico aos governadores. A falta de prisões dignas e adequadas. A falta de investigação séria - só 8% dos homicídios são esclarecidos! A falta de punição - as leis beneficiam bandidos. A falta de rigor com os policiais assassinos. A falta de controle nas fronteiras, por onde entram fuzis e metralhadoras. Se o Brasil se indigna com o terrorismo ou a pena de morte no exterior, que se revolte com a execução de 56 mil brasileiros todo ano, a sangue-frio! Não há milhões de nós em protesto nas ruas. Somos carneirinhos a caminho do abate?
Ruth de Aqulno ó colunista de ÉPOCA
Direitos Humanos Ricardo Boechat)
Linha direta
Em boa hora crescerá o raio de ação da Central de Atendimento à Mulher -- Ligue 180 -- para brasileiras em situação de violência doméstica, de cárcere privado ou enganadas por organizações criminosas. O serviço que funciona 24 horas em Portugal, Espanha e Itália está sendo ampliado para alcançar uma dezena de países, como Argentina, Paraguai e México.
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