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São Paulo cria meta para eliminar infecção de mãe para filho por HIV até 2012
Estado vai incentivar testes de HIV em grávidas e dispor de medicamentos
O Estado de São Paulo quer eliminar a transmissão vertical (de mãe para filho) do vírus da aids até 2012, reforçando estratégias de prevenção entre as gestantes. Nos últimos oito anos, a incidência deste tipo de transmissão caiu 90% no Estado entre crianças menores de cinco anos, segundo a Secretaria Estadual de Saúde.
Para se chegar a isso, o governo estadual vai reforçar o pedido de teste de HIV entre as gestantes e criar mecanismos que garantam que elas tomem os medicamentos antirretrovirais de forma correta, procedimento necessário para não transmitir a doença ao feto.
Pré-natal cuidadoso
O objetivo do programa, segundo a coordenadora do Programa Estadual de DST-Aids, Maria Clara Gianna, é chegar ao máximo de duas crianças soropositivas a cada cem gestantes infectadas pelo HIV nos próximos dois anos - número considerado como a eliminação do problema.
- Tem como reduzir a menos de dois casos. Hoje estamos por volta de três a cada cem gestantes, mas já houve uma queda. Em 2000 nos tivemos 287 casos em todo o Estado em crianças menores de cinco anos. Em 2008, a gente teve uma redução para 34 e isso se deu a implantação deste protocolo com as gestantes soropositivas. Mas temos ainda que aprimorar esse sistema.
Segundo Maria Clara, fazer o teste de HIV no pré-natal é fundamental e um direito adquirido por todas as gestantes brasileiras. Ela pode fazer o teste em unidades de saúde. Se for confirmado que é soropositiva, deve tomar antirretrovirais durante toda a gestação e receber AZT injetável durante o parto para prevenir a infecção do bebê.
Outra forma de prevenir a transmissão vertical é oferecer ao recém-nascido um xarope de AZT nas primeiras quatro semanas de vida e não amamentá-la, orienta a coordenadora. Todos estes medicamentos, segundo Maria Clara, são fornecidos na unidade de saúde que deve acompanhar a gestante a partir do momento que lhe foi dado o diagnóstico de HIV.
É possível chegar a este número?
Segundo o infectologista Adauto Castelo Filho, chefe do Núcleo de Patologias Infecciosas na Gravidez da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), a melhor maneira de se chegar a essa meta é criar centros de referência de atendimento às gestantes soropositivas. Ele dá exemplo do núcleo da universidade, que possui um ambulatório somente para gestantes soropositivas. Das 850 gestantes apenas duas transmitiram o vírus para seus filhos, número equivalente a 0,3% de transmissões verticais. Bem menor do que a média nacional de 2%, conta.
O médico critica a estratégia criada pelo Ministério da Saúde e reproduzida pelo país. Para ele, o ministério tem como estratégia forçar locais que tem um atendimento bom de HIV, mas que não têm um bom trânsito com a obstetrícia para este tipo de paciente.
- Eu sugeriria que o Ministério da Saúde usasse a estratégia que deu muito certo com a tuberculose que é especializar centros de referência, alguns para atender somente grávidas soropositivas, onde tem equipes multidisciplinares. Se forçar todos os centros a atender a grávida, acho difícil que tenha total êxito.
Como ocorre a transmissão?
A forma mais comum de transmissão é quando ocorre problemas como perfuração da placenta, aumentando as chances de contato do sangue da mãe com o sangue do bebê e durante as contrações, explica o infectologista da Unifesp. Há vários fatores de risco, em especial, não tomar os medicamentos, tomá-los de forma errada, tornando o organismo resistente e se estiver com a carga viral muito alta no sangue, explica.
- Se ela não tomar os medicamentos, ela tem 25% de chance de transmitir o HIV, ou seja, uma em cada quatro soropositivas. Se ela tiver um parto normal e não tiver tomado os remédios durante a gestação, a chance de transmissão é ainda maior, superior a 80%.
Se tomar errado, num primeiro momento tem efeito, mas depois fica resistente e chega ao final da gestação com a carga viral alta de novo. Nestes casos, uma das maneiras de evitar o contágio é optar pela cesariana antes do começo do trabalho de parto.
Deixar de tomar o antirretroviral ou tomá-lo de forma errada, aumentam as chances de transmissão do vírus HIV da gestante para o bebê.
Tags: aids, filho, HIV, mãe, Saiu na Imprensa, transmissão vertical
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