Debate da CNBB evita confronto entre presidenciáveis
23 de setembro de 2010
Estadão
No debate entre presidenciáveis promovido pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e Universidade Católica de Brasília (UCB), que acontece (23) na capital federal, não haverá confronto direto entre os candidatos. Além disso, eles poderão se livrar de perguntas embaraçosas que envolvam temas sensíveis à Igreja Católica, como o aborto e a união civil de homossexuais.
Essas prerrogativas decorrem das regras estabelecidas pelos organizadores do evento, que preferem reservar o espaço "para a defesa das propostas dos candidatos" e não ao enfrentamento entre eles. Os quatro principais candidatos confirmaram presença: Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB), Marina Silva (PV) e Plínio de Arruda Sampaio (PSOL).
Pelas regras acordadas, a interação somente será possível quando um concorrente comentar a resposta do adversário. Mas nenhum candidato poderá fazer perguntas diretamente a outro. A regra é de que o primeiro candidato (conforme a ordem de sorteio) tenha três minutos para responder à pergunta. Em seguida, outro candidato (também definido por sorteio) terá um minuto e meio para comentar a resposta. Por fim, o autor da resposta dispõe de 30 segundos para a réplica.
Em defesa do formato do debate, o secretário-executivo da Comissão Brasileira de Justiça e Paz (CBJP), Daniel Seidel, afirma que o objetivo é evitar que os candidatos "caiam em pegadinhas". "Queremos que todos tenham o melhor desempenho possível e apresentem ideias para a construção de um país. Os eleitores estão cansados de ataques pessoais entre os candidatos".
O representante da CBJP ressalta, entretanto, que os temas conjunturais estarão presentes, como as recentes denúncias de corrupção no governo Lula, que envolvem a Casa Civil - da qual Dilma Rousseff era titular - e os Correios. "Um dos temas presentes é a ética na política e na gestão pública", conta. No entanto, ele critica a força do marketing político no processo eleitoral: "Ele empacota os candidatos como se fossem produtos, para que o eleitor compre com seu voto. Queremos confrontar os candidatos com as propostas de cada um para o País", disse Daniel Seidel.
As perguntas espinhosas relacionadas à corrupção, ética, e temas sensíveis à Igreja, como aborto e união civil entre homossexuais, ficam na maior parte reservadas ao terceiro bloco. Mas um ou outro tema poderá ficar de fora, porque o formato predefinido contempla 20 questões principais. Destas, apenas quatro serão transformadas em perguntas aos presidenciáveis, na forma de sorteio.
Quatro blocos
O debate, agendado para 21h30 de amanhã, será dividido em quatro blocos. No primeiro, os candidatos terão de responder à pergunta previamente encaminhada: indicar as três prioridades de seu governo caso seja eleito presidente da República. No bloco seguinte, os candidatos responderão às perguntas dos presidentes das entidades que patrocinam o debate: Universidade Católica, Associação Brasileira das Universidades Comunitárias (ABRUC), Associação Nacional de Educação Católica (ANEC) e Comissão Brasileira de Justiça e Paz, representando a CNBB.
No terceiro bloco, respondem a perguntas sorteadas entre os 20 temas pré-selecionados para o evento. Por último, os candidatos respondem a uma mesma pergunta formulada a todos. E dispõem de um minuto cada para as considerações finais. Entidades representativas da sociedade civil como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Movimento Nacional de Combate à Corrupção, Pastoral da Criança e Conselho Indigenista Missionário (Cimi), entre outros, colaboraram enviando perguntas aos candidatos.
Transmissão ao vivo
O debate promovido pela CNBB e Universidade Católica de Brasília terá o sinal retransmitido para todo o País pela Rede Vida (de emissoras católicas). Os canais de tevê das universidades comunitárias também transmitirão o evento ao vivo, bem como o portal da UCB na internet (www.ucb.br).
Será o quarto debate a contar com a presença dos quatro principais presidenciáveis, cujos partidos têm representação no Congresso. A candidata do PT, Dilma Rousseff, faltou ao último confronto, promovido pelo SBT e transmitido apenas para a Região Nordeste. Mais dois confrontos estão previstos até a eleição: na Rede Record no próximo domingo (26) e na Rede Globo no dia 30.
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