Saúde em tempos de crise no Rio de Janeiro
A questão da saúde no Rio de Janeiro
"A saúde é um direito de todos", como afirma a Constituição Federal. Naturalmente, que o Estado tem o dever de garantir a saúde através da formulação e execução de políticas econômicas e sociais que visem à redução de riscos de doenças e estabelecer condições que assegurem acesso universal e igualitário às ações e aos serviços para a sua promoção, proteção e recuperação. Mas, a lei não tem sido cumprida.
Todos devem ter igualdade de oportunidade em usar o sistema de saúde, mas como, no entanto, o Brasil contém disparidades sociais e regionais, as necessidades de saúde variam.
O Sistema Único de Saúde (SUS) foi criado pela Constituição Federal de 1988 para que toda a população brasileira tenha acesso ao atendimento público de saúde.
Um dos problemas mais sérios sofridos pelos cidadãos brasileiros que recorrem ao SUS é a falta de leitos nos hospitais públicos. É fato público e notório que, muito embora seja direito líquido e certo a internação em hospital para realização de tratamento médico, os hospitais públicos não têm dado conta de atender a todos que necessitam e, por essa razão, muitos acabam sendo obrigados a procurar atendimento em hospitais privados.
Não sou especialista em assuntos de saúde, mas tenho tratado de acompanhar e entender a crise da saúde no Rio.
A saúde no Rio de Janeiro encontra-se em estado caótico. Faltam equipamentos, leitos e médicos, o que parece caminhar na contramão das UPAs em termos de investimentos. O que pode ser feito para mudar esse quadro?
Existem problemas de fundo que ninguém está discutindo, a nível gerencial e a nível financeiro. Será que o modelo de organização da saúde pública brasileira, o Sistema Unificado de Saúde, o SUS, é realmente o mais adequado?
Em um artigo recente, Bresser Pereira (economista e político brasileiro ) diz que o problema é que os hospitais no Rio são repartições públicas, quando o melhor seria se eles estivessem estruturados como organizações sociais de direito privado, como ocorre em São Paulo, onde este tipo de problema não ocorre. No caso do Rio de Janeiro, seria interessante saber se com outro tipo de organização, outra gerência e diferentes tipos de financiamento da saúde pública da cidade, os resultados seriam muito diferentes. Digo não a privatização da saúde!
De fato, a crise na saúde não tem fronteiras, vai do Norte ao Sudeste. O quadro é tão grave que mesmo doentes que estão próximos a metrópoles como Rio de
Janeiro não têm garantia de sofrimento menor.
É difícil encontrar hospitais públicos ou conveniados ao SUS que façam valer o direito ao tratamento médico de qualidade. O sistema de saúde funciona precariamente. O mais trágico é o aprofundamento do caos. As causas são muitas e passam por todas as esferas de governo.
A situação do Rio parece ser a mais grave. Os hospitais da cidade têm deficiências de municípios mais pobres, com a diferença de atender uma população de milhões.
Como resolver a crise da Saúde no Rio de Janeiro?
A crise no atendimento médico da população do Rio de Janeiro tem várias causas. A mais óbvia delas é a carência de um planejamento da saúde pública.
A legislação brasileira, que o SUS deve implementar, parte do princípio de que todos têm direito ao atendimento médico gratuito, a ser pago com recursos públicos.
Enfim, há muitíssimo a fazer: mudar o sistema de gerenciamento dos hospitais e outros serviços de saúde, racionalizar o uso dos recursos, direcioná-los a quem mais os necessite, e avaliar o que de fato tem ocorrido com o modelo SUS, que parece que funciona bem em algumas partes, mas não em outras. Seria ótimo se, no lugar as trocas de acusações entre as autoridades, pudesse haver uma discussão mais aprofundada destas questões. Discutir, por exemplo:
Sobre o problema da falta de médicos. Sobre o aumento da pobreza e a favelização das cidades. Ou seja, o número de usuários aumentou muito enquanto os médicos diminuíram.
Sobre os recursos destinados aos postos de saúde que diminuem a cada ano.
Sobre a falta de profissionais nas grandes emergências que leva a que os pacientes, permaneçam nas filas pelos corredores com dores. A espera pode durar horas. Muitos doentes acabam voltando para casa sem ser nem examinado. Por outro lado, os pacientes esperam demasiado tempo para realizar seus exames, cirurgias ou tratamentos. Não é preciso nem dizer que muitos morrem nas filas de espera...
Esses e muitos assuntos esperam uma resolução que tarda em chegar. Enquanto isso, o brasileiro depende da saúde pública. Não adianta as autoridades imaginarem que no futuro todos terão planos de saúde. Isto não funciona em nenhum país do mundo.
Depoimentos verídicos:
Paciente com HIV enfrentam falta de remédios e médicos nos postos.
O PAM Treze de Maio tem só três infectologistas para atender mais de 1.500 pacientes: - Temos que optar entre o paciente que está mal e o que quer apenas fazer acompanhamento de rotina. Não podemos recusar novos doentes, mas como atender nessas condições?-indaga um médico, sem se identificar.
Segundo o presidente da Comissão de Saúde da Câmara dos Vereadores, Carlos Eduardo (PSB), faltam 27 remédios na rede, sendo sete deles usados por soropositivos.
Os antirretrovirais, que inibem a reprodução do vírus, estão sendo fornecidos. Outro entrave é a demora na realização de exames de CD4 (para verificar o sistema imunológico) e de carga viral. http://www.soropositivo.org Segundo os repórteres do RJTV, em reportagem realizada há algum tempo atrás, foram encontrados graves problemas nos hospitais da cidade:
No Hospital Rocha Maia, em Botafogo, na Zona Sul, pacientes aguardavam atendimento no chão. A fila começou de tarde e, segundo pacientes, muita gente desistiu e foi embora sem a consulta.
“Chegamos às 15h, aqui, até agora ninguém foi atendido. Entraram só três pessoas até agora, da hora que eu estou aqui. Só tem um médico. Já teve gente que já foi embora para outro lugar também e que não foi atendido. Por que está tudo ruim. Está tudo péssimo”, reclama a dona de casa Luciane Siqueira.
O autônomo Dalton Alves não aguentou a dor e decidiu se automedicar. “Ou eu me automedico ou eu morro de dor e de desidratação na fila, esperando por um atendimento há oito horas”, diz o rapaz.
O balconista Erinaldo Sampaio Ribeiro só conseguiu atendimento, porque desmaiou na fila. “Desmaiei por causa da dor, que era muito forte. Eu já estava na saída, indo embora procurar um outro hospital. Não tinha ninguém. Aí, um rapaz moço viu, trouxe uma maca e me levou lá para dentro. Só assim, eu fui atendido”, afirma.
Na segunda-feira à noite, a falta de médicos chegou a fechar a emergência do Hospital Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, por duas horas e meia. Hoje de madrugada, não havia filas no hospital.
A informação era de que o plantão estava completo, mas o segurança Nilton Correia da Silva voltou para casa sem os exames necessários, depois de quatro horas no hospital. “Eu tenho que fazer ultrassonagrafia. Mas hoje acho que não tem médico para isso. Agora, só amanhã de manhã”, lamenta.
No Hospital Salgado Filho, também não havia filas para o atendimento. Mas muita gente reclamava da demora. A dona de casa Josi de Souza estava, há cinco horas, aguardando um ortopedista. “Eles falam a mesma coisa: ‘o ortopedista está na cirurgia’. Aí, tem que ficar aguardando. Nem ficha eles fazem”, afirma.
“Meu filho está com muita dor de ouvido. Eu cheguei aqui às 7h e não tinha médico, e no PAM também não tem pediatra. O único hospital que tem próximo é esse aqui, o Hospital Salgado Filho. Chegamos aqui e não tem médico. Temos que esperar até 8h30”, conta a doméstica Cristina Maria.
“`Preciso urgente de um ortopedista. Estou aguardando. Até que horas, eu não sei”, afirma a dona de casa Sandra Moura.
A dona de casa Inácia Maria voltou para casa sem fazer o exame de raio-x, solicitado pelo médico do posto. Já é o segundo hospital que ela procura. ”O médico disse que tinha que vir até aqui, mas eles não aceitaram. Agora, vou para casa. Fazer o quê? Eu não posso pagar”, lamenta.
No Hospital Souza Aguiar, uma das maiores emergências do Rio, a fila começou a se formar de madrugada. A equipe do RJTV não pode entrar, mas a repórter Gabriela de Palhano esteve lá dentro. Há cerca de 50 pessoas na fila à espera de atendimento. Algumas, há mais de três horas.
“Eles falaram para mim que não tem médico nenhum aqui. Não tem ortopedista. Falei para alguém passar no clínico geral. Falaram que não tinha também. Eu estou aguardando aqui. eu quero minha solução para eu sair daqui melhor e sair bom daqui”, afirma o auxiliar de produção Jerônimo Campos Amorim.
Para diminuir a demora no atendimento nos hospitais, a Secretaria Municipal de Saúde anunciou a contratação imediata de 300 médicos. Mas, para o sindicato dos médicos, esta medida isolada não vai acabar com as filas.
Segundo o sindicato, os hospitais do Rio não atendem às recomendações do Ministério da Saúde para o número de profissionais em cada unidade.
A orientação do Conselho Regional de Medicina é de que as grandes emergências funcionem com, pelo menos, seis clínicos gerais, nove cirurgiões, quatro pediatras, quatro ortopedistas e mais 18 médicos especialistas em diferentes áreas, como cardiologia e anestesia.
A Secretaria Estadual de Saúde informou que se necessário a prefeitura pode chamar os profissionais excedentes, aprovados no último concurso estadual. A direção do sindicato no Rio tem outras sugestões para aumentar o número de médicos nos hospitais.
“Há 900 médicos do poder federal trabalhando nos hospitais municipais e que pediram extensão de 20 horas à sua carga horária. Então, se ele cumprisse esse acordo que foi feito já na época do ministro Saraiva Felipe, ele teria mais 900 médicos e não 300”, diz José Teixeira Alves Júnior, do sindicato dos médicos do Rio de Janeiro.
Repórteres do RJTV também encontram problemas no Hospital de Bonsucesso
Para o paciente que procura as grandes emergências, não importa se a unidade é municipal, estadual ou federal.
O Hospital Geral de Bonsucesso atende a quase 200 pessoas por dia só no setor de emergência. No local, uma das reclamações é a falta de médicos.
A dona de casa Vera Lúcia de Lima é moradora de Benfica e diz ter chegado ao hospital às 7h. Às 10h, ainda não tinha sido atendida, apesar de reclamar de fortes dores na região do abdômen. “Aqui fora tem muita gente, e lá dentro está cheio demais. Eles falaram que ontem oito médicos pediram demissão”, reclama.
(Fonte: http://rjtv.globo.com)
Outras notícias (Fonte: O Dia Online, 21/09/2010) nos alertam para um fato gravíssimo: O município do Rio já enfrenta uma epidemia de dengue.
Um documento interno da Secretaria Municipal de Saúde, ao qual O Dia teve acesso, revela que o número de casos registrados no período analisado – de 5 de agosto a 9 de setembro – já “tecnicamene significa epidemia”
E mais: o vírus 1 da doença – que não circulava desde o iníco da década de 90 - está em plena circulação no município. Esse tipo de dengue pode ser o principal responsável pelo aumento de 861,1% de doentes em agosto de 2010, em comparação com o mesmo mês do ano passado.
Porque essa informação não é tornada pública para que as pessoas possam se preparar?
O Globo, em 21/09/2010, também informou que a Zona Sul e parte da Zona Norte são as áreas da cidade mais vulneráveis a surtos de dengue, segundo levantamento da Secretaria municipal de Saúde, que mapeou os locais de risco com uma nova metodologia. Em vez de levar em consideração apenas o índice de infestação do mosquito Aedes aegypti de cada região, os técnicos analisaram também a quantidade de casos da doença e a densidade populacional para fazer o trabalho. O resultado não foi nada bom para quem mora em Lagoa, Leme, Gávea, São Conrado, Humaitá, Botafogo, Glória ou Catete: estes bairros ficaram com índice 4, o mais alto na escala de vulnerabilidade à dengue.Outros 29 bairros também ficaram no índice 4. Do 3, de risco médio, constam 39 bairros. Com baixo ou nenhum risco estão 83 bairros. Segundo Rossana Iozzi, superintendente de Vigilância em Saúde da secretaria, existe uma concentração de casos de dengue na Zona Sul. Foram 277 dos 1.798 casos registrados na cidade.
Técnicos ainda estão estudando quais áreas da cidade receberão o inseticida, que deverá começar a ser pulverizado até outubro.
Em minha opinião, o grande mal da saúde brasileira é a falta de transparência e de compromisso de parte dos gestores e autoridades. São necessárias atitudes concretas.
De forma geral, o setor não é visto nem tratado com a prioridade que merece, a não ser em intenções e propostas genéricas particularmente em períodos eleitorais, mas nem para isso estão servindo atualmente. Não aceito que maus empresários façam da saúde apenas fonte de lucro para si próprio. Não admito ainda o desrespeito aos cidadãos e a exploração do trabalho dos profissionais da medicina.
Muitas pessoas se acham impotentes para mudar alguma coisa neste país.
Eu, Solange Pacheco, acredito em um mundo melhor que dependerá de nosso esforço e comprometimento.
A máquina administrativa do nosso país tem o dever de lhe servir e se isso não acontecer todo o cidadão tem o direito de cobrar para que as melhorias sejam feitas. A maior lei do país nos dá esse direito e não pode ser contrariada por nenhuma outra.
Com o esforço de todos nós poderemos mudar o rumo do nosso país. Uma mudança que resultará de forma positiva para todos os brasileiros. Com um voto consciente poderemos concretizar essa mudança.
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"Cada dia a natureza produz o suficiente para nossa carência. Se cada um tomasse o que lhe fosse necesário, não havia pobreza no mundo e ninguém morreria de fome." (Mahatma Gandhi)
Nota pessoal: Vocês sabem que eu trabalhei como voluntário no Grupo Pela Vidda. Neste tempo conheci o Sol de Solange Pacheco que me mostrou a pessoa íntegra e solicita desde o primeiro dia, participamos ds comissão eleitoral do grupo, entre outros feitos, aos saber da candidatura dela, pedi uma colaboração para o blog, ela me enviou este texto, espero com ele partilhar a amizade que tenho com ela, nesses últimos dez anos de convivencia.
Solange Pacheco está concorrendo para Deputada Federal
pelo Psol n* 5077
Um comentário:
Inquestionáveis verdades foram publicados no texto de Solange Pacheco. É urgente e necessário que o estado da saúde melhore no Rio de Janeiro. Felicidades pra voc6e futura Deputada. Martins
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