Enquanto pacientes reclamam da falta de médicos nosa hospitais, estudantes de medicina reclamam da falta de pacientes.
Alunos do curso de Medicina da UFRJ protestam contra a falta de pacientes do Hospital do Fundão
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RIO - Uma das medidas da UFRJ para reformular o curso de Medicina de Macaé, cujos alunos chegaram a fazer greve para reivindicar melhorias, virou alvo de protestos dos estudantes do Rio. No intuito de resolver o problema da fraca estrutura para aulas práticas no campus no Norte Fluminense, a direção da Federal decidiu que os alunos de Macaé devem utilizar o Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF-UFRJ), na Ilha do Fundão. Mas a ideia não agradou em nada os estudantes do Rio, que já vinham criticando a falta de pacientes na unidade. Eles criaram uma página no Facebook, "Medicina FUNDÃO em GREVE!!" , já foi retirada do ar, e estão organizando manifestações e um abaixo assinado contra a resolução.
- Não temos estrutura no hospital nem para os atuais estudantes que estão lá. Como são poucos pacientes para a quantidade de alunos, cada paciente é muito disputado durante as aulas práticas. Eles próprios acabam se estressando com isso. O ensino já está prejudicado - critica a estudante Diana Saddi, de 24 anos. - Não somos contra os alunos de Macaé, eles têm direito de lutar pelo ensino que lhes foi prometido. A questão é que o problema deles não pode ser resolvido criando um problema para o nosso ensino. Queremos lutar para que o problema de Macaé seja resolvido sem nos prejudicar e sem ampliar a superlotação que o hospítal vem enfrentando com ausência de leitos e recursos.
Em nota, a UFRJ anunciou que está tomando providências para aumentar o número de leitos no Hospital Universitário já no próximo mês. A universidade, entretanto, não informou quantos leitos serão abertos.
"A UFRJ informa que a vinda de estudantes de 5º e 6º períodos do curso de Medicina de Macaé para o Rio de Janeiro tem condição absolutamente provisória e, em curto prazo, estes estudantes voltarão a ter aulas naquele município".
A aluna Maria Eduarda, de 20 anos, esclarece que o aumento na quantidade de leitos é uma antiga revindicação dos estudantes.
- Era para isso já ter acontecido há muito tempo. É uma promessa antiga da direção do curso. Espaço tem de sobra para receber novos pacientes e médico também. Não sei porque ainda não colocaram - disse.
Para João Stern, de 21 anos, o momento é bom para cobrar da reitoria uma melhor qualidade de ensino na UFRJ.
- A nossa briga não é contra os estudantes de Macaé. Acho apropriado que nos aproveitemos dessa situação caótica para mostrar como o Reuni é falho, e como a reitoria e a direção da Faculdade de Medicina da UFRJ são negligentes com a nossa formação e batalhar por melhorias aqui. Não acho que a vinda dos estudantes vá piorar realmente alguma coisa. Também não acredito que o pessoal de Macaé esteja satisfeito. Eles vão ter que custear a vinda para cá do próprio bolso. Nós estamos do mesmo lado e devemos cobrar é da UFRJ - afirmou.
Retorno às aulas
De acordo com o professor Roberto Medronho, diretor da Faculdade de Medicina e novo gestor didático-pedagógico do curso, as aulas do 3º período serão retomadas no dia 14 de maio e as do 5º período, no dia 21. Os estudantes de Medicina de Macaé, a partir do 5º período, terão aulas de prática clínica no hospital do Rio. Esta determinação deverá ser observada até que as condições dos hospitais locais, em Macaé, estejam adaptadas às necessidades do curso.
Os problemas no curso de Medicina em Macaé não são novos. Em março de 2011, O GLOBO mostrou que os estudantes estavam recorrendo a ações judiciais para assistir às aulas no campus do Fundão, porque não havia cadáveres no laboratório de anatomia e faltavam professores médicos. Em junho, a UFRJ assinou com o Ministério Público Federal (MPF), em Macaé, um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) que previa a adoção de várias providências, como a contratação de 31 professores e aquisição de diversos equipamentos e materiais.
Criado em 2007 como parte do Programa de Reestruturação e Expansão da UFRJ, o curso começou há três anos e tem 159 alunos, mas não possui infraestrutura necessária para a integral realização das atividades inerentes ao curso, segundo carta dos alunos.
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