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01/06/2010
Programa de AIDS não atende a homossexuais são-joanenses
O Programa Municipal de Ações e Metas (PAM), que elenca o calendário e as ações de prevenção às Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTS), AIDS e hepatites virais não foi aprovado, no dia 3 deste mês, pelo Conselho Municipal de Saúde de São João del-Rei. Três falhas foram apontadas. A Coordenadoria do Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) se desculpa pelos erros, atribuídos à falta de tempo e comunica que está refazendo o Programa em parceria com o Conselho de Saúde, com o Movimento Gay da Região das Vertentes (MGRV) e o HI-VITA.
As três falhas do documento foram: a CTA apresentou o PAM após o prazo limite; não ouviu as Organizações Não Governamentais (ONGs) e não estabeleceu metas para os homossexuais. "Foi feito um primeiro programa bom para a população heterossexual. Mas ele não contemplou o HOMOSSEXUAL, porque o MGRV foi cerceado em seu direito de participar da elaboração do documento. A coordenação se recusou a aceitar nossas propostas. Um heterossexual não vai saber da nossa realidade de vida nem propor ações de enfrentamento à epidemia no município. Simplesmente não existe nenhuma ação de prevenção destinada aos homossexuais", afirmou o coordenador do MGRV, Carlos Bem.
Indignação
A coordenadora da CTA, Leonila Policário, se desculpou pela falha cometida, mas ressaltou que, em nenhum momento, quis excluir os homossexuais. "Foi com tamanha indignação que recebemos essa acusação, porque o MGRV é nosso parceiro. Cometi falhas na elaboração do documento e peço desculpas à população. Nós temos uma equipe mínima na CTA e desenvolvemos inúmeras atividades, que foram intensificadas no carnaval. Então, o que faltou foi tempo para nos reunirmos com o Conselho e as ONGs locais. Espero não voltar a cometer o mesmo erro", se defendeu Leonila Policário.
Procurou ou não?
Segundo Leonila, as portas da CTA estão sempre abertas. Contudo, ela diz que o MGRV não enviou nenhum documento contendo as propostas e demandas dos homossexuais. A coordenadora afirmou que tentará, na medida do possível, refazer o PAM. "Vamos tentar negociar isso, porque temos prazo para entrega e não podemos deixar os pacientes da CTA sem tratamento. Temos pouco tempo, mas vamos trabalhar em parceria com o MGRV e o HI-VITA", afirmou Leonila.
De acordo com o MGRV, todos os anos, sugestões e demandas dos homossexuais são encaminhadas à CTA, mas, até 2009, nada havia sido feito. "Desde 2007, procuramos a coordenação do Programa e tentamos nos reunir. Mesmo assim, nossas propostas não foram incluídas no documento. Tentamos dialogar com eles e sempre recebemos um não como resposta. Ano passado, conseguimos incluir algumas ações, como o apoio à Semana da Diversidade HOMOSSEXUAL, mas precisou ter intervenção do Ministério da Saúde para que o recurso fosse liberado e não sobrasse tudo na conta", contou Carlos Bem.
Conselho de Saúde
Quem não havia sido procurado foi o Conselho de Saúde. O Ministério da Saúde estabelece que o PAM deve ser elaborado em parceria com a sociedade civil e ser apresentado ao Conselho,
Mesmo com os erros, o PAM não perdeu validade junto ao Ministério da Saúde. Isso porque é um programa de urgência que, devido à importância, o Ministério não pode esperar a aprovação municipal para repassar as verbas. "O repasse só seria cancelado se o Conselho reprovasse o documento, o que não aconteceu", explicou Borges.
Não à homofobia
Carlos Bem destaca que as ações realizadas no Carnaval e na Semana da Diversidade são insuficientes. Carlos disse, ainda, que a postura do CTA legitima a homofobia. "A partir do momento em que se recusa a aceitar as propostas do Movimento e a cumprir as determinações técnicas do Ministério da Saúde em relação aos homossexuais, é um discurso que vai legitimar a homofobia. Isso vai empurrar o HOMOSSEXUAL a ser infectado pelo HIV, vírus da AIDS", argumentou o coordenador do MGRV.
Leonila Policário disse que a CTA pretende continuar fazendo os repasses às ONGs. Ela ratificou que não houve nenhuma intenção de fazer um documento homofóbico. "Não entendemos a insatisfação do MGRV, nosso parceiro. Os erros aconteceram porque não temos material humano e tempo suficientes para trabalhar. Em 2009, repassamos ao Movimento R$ 500 por mês e R$ 7 mil só para a Semana da Diversidade. A ideia é manter os repasses", afirmou.
Aprovação
O novo documento do Programa de Ação e Metas deverá ser apresentado nesta sexta-feira, 21, aos conselheiros de Saúde. A tendência é que, após as mudanças realizadas, o documento seja aprovado.
Ministério da Saúde aprova projeto do MGRV
Pela primeira vez na história desta região, o Campo das Vertentes foi contemplado com aprovação de projeto, junto ao Ministério da Saúde, direcionado aos homossexuais. O Edital, publicado no dia 8 de maio, contempla as ações de Prevenção das DST/HIV/AIDS e Hepatites Virais e de Promoção da Saúde durante as comemorações do Orgulho LGBT/2010, apresentado pelo Movimento Gay da Região das Vertentes (MGRV).
O projeto tem o objetivo de promover a saúde da população de homossexuais, incentivar o diagnóstico precoce do HIV através da divulgação do Programa "Fique Sabendo", desburocratizar o acesso ao PRESERVATIVO e gel lubrificante e levar informações sérias e verdadeiras com linguagem didática à população alvo e promover a luta contra a homofobia, reconhecida pelo Ministério da Saúde como fator de vulnerabilidade para infecção pelo HIV e, portanto, fenômeno que deve ser combatido.
Para o coordenador geral e técnico do MGRV, Carlos Bem, a aprovação desse projeto legitima a luta dos homossexuais pelo acesso à saúde e inclusão dos mesmos nas ações de prevenção do Programa Municipal de AIDS de São João del-Rei.
Semana da Diversidade
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