O Globo
Abrir menuAbrir busca
COLUNISTAS
ELIO GASPARI
O colunista escreve as quartas-feiras e aos domingos
O governo da gerentona está tonto
O COLUNISTA ESCREVE AS QUARTAS-FEIRAS E AOS DOMINGOS
18/05/14 - 10h54 | Atualizado: 18/05/14 - 10h54
RIO - A doutora Dilma deveria chamar os ministros Aloizio Mercadante e Guido Mantega para saber se é verdade que seu governo está represando tarifas e preços de combustíveis. Um diz que está, para o “bem da sociedade”. O outro diz que não. Essa pode ser uma discussão interminável, sobretudo se depender da retórica de sábios como Mercadante e Mantega. Ambos patrocinam mais uma versão do Refis (pode me chamar de Bolsa Sonegador). Na sua oitava temporada, ele ressurgiu no entulho da Medida Provisória 627. Trata-se de um mecanismo pelo qual quem deve à Receita Federal inscreve-se no programa, livra-se de multas e parcela o débito a perder de vista. O Congresso aprovou um absurdo, esquecendo-se até mesmo de estabelecer um prazo para a quitação. A doutora Dilma vetou a maracutaia, mas sua essência tramita numa nova MP, a 638. Os beneficiários desse mimo serão sobretudo grandes empresas. Nas versões anteriores, bancos e multinacionais safaram-se de autuações que iam a R$ 680 bilhões. A Vale ganhou um desconto de R$ 45 bilhões. A Companhia Siderúrgica Nacional livrou-se de um espeto de R$ 5 bilhões e a petroquímica Braskem limpou uma conta de R$ 1,9 bilhão.
Em 12 anos de governo, com sucessivas versões do Refis, o comissariado criou uma segunda porta nas relações com o Fisco. Numa, quem deve paga. Nessa modalidade estão pequenos empresários apanhados num pulo de gato ou num erro. Grandes empresas, com serviços financeiros (e advogados) de primeira, aprenderam que o governo se assusta quando fica sem caixa e, para raspar o tacho, reduz suas cobranças a preços camaradas. Assim, o melhor negócio é não pagar o que a Receita cobra, à espera do próximo Refis.
Bola na rede
A doutora Dilma cobrou e marcou. Vetou o contrabando incluído na Medida Provisória 627 que aliviava as operadoras de planos da saúde do pagamento das multas por negativa de serviços contratados pelos quais recebem.
Era uma verdadeira gracinha. Quanto mais procedimentos a operadora negasse, menor seria o custo unitário da multa. Um claro estímulo à delinquência.
Fica um mistério: quem pôs o gato na tuba e conseguiu aprovar a medida na Câmara e no Senado.
O deputado Eduardo Cunha, relator da MP, diz que não foi ele. Quem foi, não diz. Informa apenas que discutiu o assunto com comissários da Casa Civil e do Ministério da Saúde.
Sabe-se que pelo menos uma grande operadora achou que aquilo era uma maluquice. Sabe-se também que o próprio Cunha teria advertido os interessados que o truque ia dar bolo.
O lobo de Trilussa
Vendo-se a fala de Lula propondo que o PT recupere “o orgulho” no combate à corrupção, sai da tumba do poeta italiano Trilussa (1871-1950) uma de sua fábulas:
“Um lobo disse a Deus: —Algumas ovelhas dizem que eu roubo muito. Precisamos acabar com essa maledicência. E Deus respondeu: — Roube menos.”
(A fábula vale para qualquer cacique que venha com o mesmo discurso.)
A grande refinaria
De um sábio:
“Pela tradição, as CPIs em torno da Petrobras dão em nada ou em denúncias envolvendo quinquilharias. Se essa nova comissão trabalhar a sério, vai-se perceber que a refinaria de Pasadena é mixaria, se comparada com o que aconteceu na Abreu e Lima, de Pernambuco.”
Eremildo, o idiota
Eremildo é um idiota e há anos insiste em proclamar que se faz uma injustiça quando se diz que Paulo Maluf tinha milhões de dólares no exterior. O deputado nega que esse dinheiro fosse dele e tem razão. O ervanário é do idiota, que está pronto para assumir a paternidade das contas.
Agora, um tribunal suíço revelou que a Alstom depositou US$ 2,7 milhões numa conta controlada por Robson Marinho e sua mulher. Ele foi chefe da Casa Civil no governo tucano de Mário Covas e hoje é conselheiro do Tribunal de Contas de São Paulo. O doutor diz que nunca recebeu dinheiro da Alstom. É verdade, de novo. O ervanário era do cretino.
Se a Justiça aceitar o pleito de Eremildo, resolve-se uma parte do problema, pois ninguém precisará perguntar para onde ia o dinheiro depois que a Alstom pingava os capilés.
Pedra cantada
O senador Aécio Neves sabia perfeitamente em que água navegava quando orgulhou-se de ter no Solidariedade o primeiro partido a apoiar sua candidatura.
Se não lhe bastasse a sombra do mensalão mineiro, aproximou-se da rede de influência do doleiro Alberto Youssef, que estava restrita ao PT e ao PP. O deputado Luiz Argolo, do Solidariedade, trocou 1.411 telefonemas com o doleiro.
Refis-Piloto
Nos próximos quatro domingos o signatário estará ausente deste espaço, integralmente dedicado ao projeto-piloto de um novo tipo de Refis. Em vez de trabalhar e pagar impostos, continuará pagando o que lhe cobram, mas ficará sem trabalhar. Se der certo, muda a História do mundo.
Celso Daniel volta a assombrar o PT
O sequestro e o assassinato de Celso Daniel pareciam esquecidos. O prefeito de Santo André era o coordenador da campanha de Lula em 2002, foi capturado na saída de um restaurante e dois dias depois seu corpo apareceu numa estrada deserta, com 11 tiros. Segundo a polícia paulista, o sequestro foi coisa de uma quadrilha que o confundiu com outra pessoa. A execução teria sido praticada por um menor de idade. Parte da família de Celso Daniel não acredita nessa conclusão. Passados 12 anos, coisas esquisitas aconteceram: seis pessoas envolvidas no caso foram assassinadas a tiros e uma promotora que investigava o fato sofreu um acidente automobilístico, mas sobreviveu.
Os inquéritos da polícia foram contestados pelo Ministério Público, mas a iniciativa foi travada na Justiça, iniciando-se um litígio que está no Supremo Tribunal Federal. Os promotores acusam de envolvimento no crime o empresario Sérgio Gomes da Silva, o “Sombra”, que dirigia o carro do prefeito quando ele foi sequestrado. Se essa tese prevalecer, não houve delito comum, mas outra coisa, mais grave.
A deputada Mara Gabrilli, filha de um empresário de transportes de Santo André, diz a quem quiser ouvir que seu pai era extorquido por uma quadrilha anexa à prefeitura que levava o dinheiro ao comissário José Dirceu. Segundo ela, Celso Daniel queria desmontar o bando.
Assim como o tucanato desafiou a sorte mantendo o caso do cartel da Alstom em banho-maria, o comissariado poderá perceber que a procrastinação do julgamento do empresário foi manobra temerária.
Gabrilli pergunta: “Por que ‘Sérgio Sombra’ não foi julgado?”
Se o Supremo destravar o processo, é difícil, mas pode até acontecer de “Sombra” ir a juri antes da eleição.
Facebook
Twitter
Plus
RIO28ºC16ºCLOGIN
CAPA
PAÍS
Rádio do Moreno
Blog do Merval
Blog do Noblat
Ilimar Franco
RIO
Trânsito
Ancelmo.com
Gente Boa
Bairros
Eu-repórter
Rio 450
Rio Show
Repinique
Chope do Aydano
Blog de Bamba
Design Rio
Rio 2016
ECONOMIA
Defesa do Consumidor
Miriam Leitão
Boa Chance
Empreendedorismo
Morar Bem
SOCIEDADE
Ciência
Saúde
Educação
História
Conte algo que não sei
MUNDO
Lá fora
TECNOLOGIA
Teste da semana
Start-ups
Cora Rónai
Pedro Doria
CULTURA
Rio Show
Patrícia Kogut
Revista da TV
Gente Boa
Prosa
Blog do Xexéo
Logo +
ESPORTES
Copa 2014
Renato M. Prado
Botafogo
Flamengo
Fluminense
Vasco
Pulso
MMA
Rio 2016
Radar Olímpico
Radicais
MAIS +
Blogs
Opinião
Vídeos
Boa Chance
Boa Viagem
Ciência
Educação
História
Morar Bem
Revista Amanhã
Saúde
VOLTAR AO TOPO
VERSÃO CLÁSSICAO GLOBO ©2014
Nenhum comentário:
Postar um comentário