Socializando as observações do Dr Romero.
Ana Bontempo
Há dias, assisti ao filme Heleno (grande jogador de futebol do Botafogo, 1920-1959).
Não sou critico de cinema, todavia me sinto no direito de fazer alguns comentários.
Os autores fizeram um filme primoroso. Embora retrate a vida de um jogador de futebol, o esporte não é o foco principal. A meu ver, o filme é sobre comportamento humano – a história de um homem que escolhe um estilo de vida que define seu trágico futuro. Rodrigo Santoro, no papel de Heleno, tem desempenho digno das maiores premiações nacionais e internacionais. Com certeza, muitos e merecidos prêmios virão para a obra.
Ainda não foi dessa vez que a sífilis e as DSTs conquistaram uma boa visibilidade, na tela maior. Não foi dessa vez que médicos apareceram com condutas proativas em relação às doenças sexualmente transmissíveis.
Aprendi que a arte não tem o compromisso de responder a questões, tampouco de trazer explicações. A arte deve, sim, inquietar, levar o espectador a refletir.
De algum modo, Heleno me inquietou. Não por ter alertado sobre a gravidade das questões ligadas às DSTs, mas por ter silenciado a esse respeito.
Precisamos atuar em todos os cenários, para que menos pessoas sofram de flagelos que há milênios afligem os seres humanos, a despeito de todos os conhecimentos científicos e de todos os recursos disponíveis para combatê-los.
Por fim, vale ressaltar que, independentemente do meu forte, e, muitas vezes, chato, viés de especialista em DST, recomendo o filme. É obra imperdível e traduz com perfeição a alta qualidade do cinema brasileiro da atualidade.
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