| |
| 07 de maio de 2011 #179 |
|
Está bem, que a morte do pentelho do Osama Bin Laden foi um fato importante e acho graça quando esperneiam e dizem que não houve julgamento. O que se pensou? Que ele ia ser levado, algemado para um corte marcial? “Ora direis, ouvir estrelas...”
Agora, dizerem que o corpanzil do homem caiu no mar “por acaso”, vamos devagar. Até os manés merecem respeito.
Não vou ficar aqui falando disso, não, por que , para o Brasil, o fato mais importante foi o reconhecimento, por unanimidade, pelos terceira idade do STF, reconhecerem, definitivamente, a união civil entre homoafetivos.
Ou, como devem ter dito os Boçalnaros: “agora viado pode casar”. Lésbica, também.
Volto, sempre, à minha tese tributarista; se na hora de pagar imposto, todo mundo é apenas uma alíquota, ninguém pergunta se você é hetero, homo,trans, pessoa com deficiência, negro e o escambau, é inconstitucional querer saber sobre isso DEPOIS, na hora de devolver o que foi pago em direitos e benesses.
Viva, sempre a para sempre, a isonomia!
Falta pressionar , ir para as ruas, deitar no meio na Esplanada dos Ministérios, etc, para o Congresso aprovar, depois de 5 anos, a lei que criminaliza a homofobia. Espero que, com a decisão histórica do STF, valha a lei e, não, a pressão religiosa que não deixa a PL 122/06, que, justamente, criminaliza a homofobia.
E, como eu abordei aqui, semana passada, esse censo do IBGE sobre casais homoafetivos é uma falácia. Primeiro, por só perguntar sobre o assunto se houver na casa um casal homo; depois, a pergunta só vinha no formulário completo, que era um para cada 20 rapidinhos. NÃO HOUVE a pergunta simples e definitiva: orientação sexual em TODOS os formulários.
Apenas 60 mil casais homoafetivos no país todo, que tem cerca de 19 milhões de LGBTs? Aqui, ó!
Daqui a 10 anos, no próximo censo, quando criminalizar homofobia for crime e depois do reconhecimento definitivo das uniões homoafetivas, talvez o IBGE inclua em TODOS os seus questionários o quesito orientação sexual, além de perguntar em TODOS os formulários, se a união é homoafetiva.
Quem viver, verá. Eu não posso garantir que estarei entre os que verão, mas ficarei feliz com que estiver aqui para ver e viver este momento.
Dilma vai se curando da gripe chinesa. E a inflação foi a mais alta, desde 2005.
Hoje O Globo dá uma página sobre minha querida e amiga Ines Etienne Romeu, única sobrevivente da casa da Morte, em Petrópolis, de onde saiu para ser morta, com 32 quilos, depois de ser cobaia de torturas inimagináveis. Anos atrás, sofreu um estranho acidente neurológico e ficou3 dias sozinha e sem socorro, em casa.
Esqueceu a memória que a perseguia. Vem recuperando a fala. Saiu da prisão citando Adélia Prado: “estou com o coração disparado”. Eu estava lá, junto com Lilian Newlands.
Coordenei, no fim dos anos 70, 2 entrevistas com ela, condenada inicialmente à prisão perpétua, presa em Bangu, para O Pasquim, acompanhada de sua irmã caçula, a jornalista Lucia Romeu; e dos também jornalistas Lilian Newlands, Elias Fajardo e Ciano Norões. Denunciou a Casa da Morte e confirmou que o Cabo Anselmo era informante.
As entrevistas chamaram atenção para ela e para a denúncia, em primeira mão, na imprensa, da existência da Casa da Morte, que ela fez questão de localizar, depois de solta. Sabem como?
Como iria morrer mesmo, um dia, um dos torturadores deixou escapar o número do telefone. Inês decorou e pediu que um companheiro, jornalista, achasse e guardasse catálogo de telefones de Petrópolis do ano de 71. Não dou o nome dele, porque não pedi autorização. Mas, ele dando, semana que vem digo quem foi.
Depois de solta, leu o catálogo todo até localizar o número decorado que, claro, tinha mudado. E, assim, se chegou ao laboratório dos horrores, casa pertencente ao alemão Mario Lodder, com quem nada aconteceu depois.
Eu havia me perdido dela, depois do seu acidente, quando foi morar com a irmã mais velha, em Belo Horizonte, porque minha agenda eletrônica se afogou.
Está recuperando a fala , pode ser que recupere ao menos parte da memória esvaída e muito doída, persecutória, onde está parte da nossa História recente.
E estou emocionadamente doida para atravessar nas barcas e ir abraçá-la apertado, em Niterói, onde vive e faz tratamento.
Conhecendo sua força e persistência, ainda vou vê-la conversando numa roda.
É a ela que eu dedico o CURTIR TAMBÉM É CIDADANIA de hoje. Não sei o que vai ser, mas algo com violão, que ela adorava. Presa, mandamos o nosso lá de casa para o Talavera Bruce.
Bom fim-de-semana!
PS: O link pra minha coluna, Razão & Cidadania, n’O Globo, caderno Razão Social, que saiu dia 3 agora é o http://oglobo.globo.com/blogs/razaosocial/posts/2011/05/03/coluna-razao-cidadania-378158.asp
Marcia de Almeida
Editora
www.emdiacomacidadania.com.br |
|
|
Em Dia Com A Cidadania - 2008 - Todos os direitos reservados |
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário